O que foi isso
Ao me acomodar no abraço reconfortante da noite, envolta em silêncio, um som estranho cortou a calma—um uivo assustador ou um rosnado baixo e inquietante. A incerteza me dominou. A curiosidade puxou minha mente, mas eu sabia que não deveria sair; só de pensar nisso, um arrepio percorreu minha espinha. Eu era uma mulher branca, mas não do tipo que joga a cautela ao vento. Não, meu marido e filhos estavam dormindo profundamente, me deixando sozinha na luz tênue da sala, tomando café e imersa na escuridão de um programa de mistério de assassinato.
Havia algo tanto perturbador quanto viciante nesses mistérios de assassinato, uma calma em meio ao caos que ofereciam. Eu dizia a mim mesma que era um momento só meu, uma rara oportunidade de escapar para a emocionante morte de outra pessoa. No entanto, uma força insistente mexia dentro de mim, me incitando a levantar, a olhar lá fora. Isso não era uma ideia passageira; era uma compulsão que eu não conseguia afastar. Logicamente, eu não deveria ceder a ela, mas uma força inexplicável me atraía em direção à porta.
Com passos hesitantes, cruzei o cômodo e me aproximei da janela. Ao abrir a cortina, um par de enormes olhos vermelhos brilhantes capturou meu olhar. Em vez de medo, uma calma estranha tomou conta de mim. Seria algum instinto primal em ação, ou eu estava simplesmente fascinada? Meu coração acelerou, mas não de terror; senti uma estranha necessidade de desvendar o mistério por trás daqueles olhos.
Reunindo coragem, abri a porta da frente. O ar noturno me cumprimentou—fresco e revigorante. Ao pisar na varanda, a criatura da minha janela se revelou: um lobo negro como a noite, tão alto quanto meu Chevy Tahoe, sua forma majestosa exalando uma aura de poder e serenidade. A floresta sombreava sua silhueta maciça, exceto por aqueles olhos cativantes, que pareciam brilhar com inteligência.
Senti uma onda de riso sufocar a tensão dentro de mim; havia algo absurdamente encantador no animal inclinando a cabeça em curiosidade, um enorme filhote me observando. Meus instintos mudaram de medo para fascinação, e ao cruzar o limiar do meu quintal, senti uma faísca de conexão—um magnetismo me atraindo para mais perto.
O lobo se aproximou da linha das árvores onde as sombras dançavam, como se me convidasse para seu mundo. Posso mesmo tocá-lo? Desafiando toda lógica, estendi a mão, deixando meus dedos deslizar por sua pelagem. Um calor emanava dele, se infiltrando nos meus ossos e se espalhando pelo ar fresco da noite. Senti uma calma inexplicável me envolver, um refúgio seguro em um mundo que muitas vezes parecia caótico.
Então, sem pensar ou hesitar, envolvi meus braços ao redor dele em um abraço suave. No momento em que fiz isso, um arrepio percorreu sua poderosa estrutura, e ele soltou um rosnado baixo—uma mistura de surpresa e incerteza—antes de recuar alguns passos e prender seu olhar carmesim no meu. Naquele instante, senti uma conexão esmagadora, uma energia potente crepitando entre nós, e tão abruptamente quanto começou, ele correu para a floresta, desaparecendo nas sombras.
Voltei para dentro, coração acelerado e sem fôlego, mergulhada em uma mistura de descrença e saudade. Isso foi realidade ou um sonho conjurado pela mente adormecida? O encontro ecoava em meus pensamentos, me deixando desejando mais um vislumbre daquela magnífica criatura—uma que parecia tanto alienígena quanto dolorosamente familiar.
"Será que realmente foi?" pensei ao acordar na manhã seguinte, uma sensação ardente e inquietante se acendendo dentro de mim.
"Hoje à noite," sussurrei para mim mesma, determinação correndo pelas minhas veias. "Hoje à noite, eu preciso descobrir." Minha família logo se perderia em sonhos, e eu abraçaria a noite, cheia da promessa do desconhecido. O que aguardava nas sombras? Havia apenas uma maneira de descobrir, e meu coração acelerava ao pensar nisso.
