CAPÍTULO 4 — DETERMINADA A TER O QUE É DELA

Celeste patinou ofegante até o quintal da frente de Zillon, ainda vestindo a pele de seu lobo. A noite havia escurecido, o sol já tinha se posto, e embora ela tivesse corrido até seu coração estar cheio de desprezo, ainda sentia que não tinha feito o suficiente.

As palavras de Zillon ainda estavam gravadas em sua mente. Elas, por si só, dificultavam que ela interrompesse sua corrida, mas, infelizmente, ela teve que parar, não por causa do vínculo de companheiro, mas por causa do que os anciãos uma vez ensinaram a ela e às outras jovens lobas do bando.

Não importa o que aconteça, uma fêmea recém-acasalada deve retornar ao seu companheiro antes das 19:00. Dizem que os lobisomens são muito possessivos com seus companheiros, especialmente os de alta patente. Os anciãos não entraram em detalhes sobre o 'porquê' e o 'o que' aconteceria, mas ela realmente não queria saber, porque nada aconteceria, especialmente se envolvesse seu companheiro.

Ele já havia dito antes, ele não queria nada com ela, então por que ele agiria ou se tornaria possessivo quando ela negligenciasse voltar a tempo?

Certo, ele não agiria.

Respirando fundo, Celeste se agachou em frente à varanda, começando a transição de lobo para humano.

Suas orelhas foram a primeira coisa a diminuir, e depois o pelo que cobria sua pele. Logo, ela estava nua na escuridão que a cercava.

O vento que ela havia apreciado anteriormente em forma de lobo agora lambia sua pele com uma nova potência, cruelmente instigando-a a entrar. A lua acima brilhava intensamente, iluminando seu caminho enquanto ela subia os degraus que levavam à porta.

Ela só conseguiu subir o primeiro degrau antes que a porta à sua frente se abrisse, revelando Zillon. Assim como na noite em que ele a marcou, seus olhos estavam de um laranja brilhante, olhando diretamente para sua alma. Ele exalou, o vapor formado tornando sua respiração quase visível. "Onde você estava?"

Sua voz era profunda... extremamente rouca, tornando o pensamento de que seu lobo estava no controle um fato e não apenas uma suposição. "Eu... eu saí para correr," ela respondeu.

"Venha aqui." Suas palavras foram arrastadas em um comando, deixando Celeste sem opção a não ser obedecer.

Seus movimentos eram lentos e relutantes, mas ela não parou até estar na frente dele. Estar nua era algo comum para lobisomens, então, apesar de estar nervosa, apesar de estar autoconsciente, ela manteve sua posição e timidamente olhou para a besta com quem estava acasalada. "Eu... o que você—?"

"Shhh..."

Os lábios de Celeste se fecharam imediatamente, observando silenciosamente enquanto ele se inclinava, descansando a cabeça contra seu pescoço. Ele inalou, absorvendo seu cheiro. "Lavanda e folhas de hortelã recém-colhidas, apenas manchadas pelo cheiro da floresta... nada mais ou melhor, ninguém mais."

Seus braços envolveram seu corpo nu, puxando-a contra seu peito. "Minha..." Sua voz profunda cantava. "Não posso esperar até você entrar no cio. Vou te reivindicar completamente, te tomar, te marcar, te amar..."

Um fogo que Celeste não invocou subiu entre suas pernas enquanto ela ouvia suas palavras. Ouvir ele dizer que ela era dele, sentir seu toque contra sua pele... ela sentia como se estivesse vivendo em um êxtase.

As mãos dele estavam frias e, ainda assim, traziam-lhe calor, tão suaves, tão gentis, tornando o vínculo de companheiro, antes distinto, agora mais forte.

Era magnético entre eles, a conexão era tão intensa que as pernas de Celeste tremiam quando as mãos dele acariciavam a base de suas costas, depois deslizavam lentamente para agarrar as nádegas nuas.

Ela gemeu quase sem fôlego contra ele, enterrando a cabeça contra seu peito enquanto o prazer a consumia. "Eu... por favor..."

Ela nem sabia pelo que estava implorando, mas queria algo. Talvez ele, apenas ele...

Zillon, ou melhor, seu lobo, sorriu, cruelmente deixando-a solta. "Ainda não é hora, meu amor, no dia do seu cio, que não está longe, eu te tomarei, te darei o que você quer."

Ele deu um passo para trás, roubando-lhe a segurança que ela sentia em seus braços. "Seu cheiro me acalma, sua presença também, por favor, não saia sem minha permissão."

"Mas eu—"

A cor laranja em seus olhos lentamente se apagou para obsidiana, e a calma que estava em seu rosto se transformou em raiva. "Oh, Deus, não..."

Celeste se abraçou, agora sentindo a necessidade de esconder o pouco que podia dele. Esse não era o lobo que a marcou e prometeu reivindicá-la, esse era o Zillon que a odiava completamente. "Eu... sinto muito..."

"E deixe-me adivinhar, desta vez você está arrependida por agir como uma vadia?"

"Eu..." Celeste balançou a cabeça. "Eu só..."

"Vá para dentro e vista algumas roupas. Pare de me enojar com sua presença, sua nudez." Ele se afastou, deixando a porta aberta. "Meu lobo estava no controle agora há pouco, tenho certeza de que você sabia. Isso foi mais uma vez um erro, um que eu me arrependo de ter cometido."

Celeste passou por ele com mais um buraco no coração. Seu peito estava pesado novamente, seus olhos se encheram de lágrimas, ela se sentia patética.

Será que ela também era um erro, um que até seus pais se arrependiam? Celia nasceu beta e, mesmo sendo sua gêmea, Celeste nasceu ômega. Não era justo, a deusa da lua continuava trapaceando com ela, continuava dando a Celia tudo o que ela queria.

O sangue de um beta...

O amor de seus pais...

A popularidade...

E até mesmo seu próprio companheiro...

O que mais Celia roubaria?

Sua vida?

Lágrimas escorriam por suas bochechas enquanto ela subia as escadas sentindo-se tão desanimada quanto se sentia quando saiu.

Se ao menos ela fosse mais bonita, mais sexy, de uma classificação mais alta... talvez então, Zillon a visse como sua companheira. Mas havia alguma maneira de alcançar a beleza e o poder?

Havia alguma maneira de alcançar o amor dele?

Talvez não, mas como ela saberia sem tentar?

Foi apenas um dia, certamente ela não poderia alcançar isso em tão pouco tempo. Amanhã ela tentaria mais, e no dia seguinte, ela daria o seu melhor também.

Ela não deixaria Celia roubar mais nada dela, Zillon era dela.

A/N// Determinada, gosto do espírito dela, mesmo em tempos ruins ela se esforça para pensar positivo. Como autora, me elogiem! Eu a criei.

E, a propósito, o que você acha que vai acontecer a seguir?

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