Capítulo 5 Sem intimidade
A balconista da farmácia não perdeu tempo. Ela entregou a Naomi uma pílula que custava vários dólares—dinheiro que Naomi mal podia pagar.
Uma dor surda se espalhou pelo peito dela, como se alguém tivesse cravado um prego direto em seu coração.
Ela estava administrando a carreira de dois novatos com pouco mais do que as migalhas que a empresa lhe dava, então cada dólar tinha que ser esticado até gritar.
E o que ela havia ganhado antes já tinha ido para James—deixando sua conta bancária ofegante nos últimos três dígitos.
'Mais um mês pulando refeições,' ela pensou sombriamente.
Olhando para a pílula enorme, Naomi a engoliu de um gole decidido.
Dinheiro podia ser recuperado, mas ser controlada por um homem rico arruinaria sua vida para sempre.
"O que você está tomando?"
A voz de Jonathan veio de trás enquanto ele arrancava a pílula restante da mão dela. Naomi quase engasgou de surpresa, batendo no peito freneticamente. Felizmente, a balconista rapidamente lhe ofereceu um copo d'água.
Ela não conseguiu encarar Jonathan.
E se ele realmente pretendesse usá-la como barriga de aluguel? Ela não estaria sabotando seus planos? A lembrança do encontro deles fez seu couro cabeludo formigar de medo.
Agora que estavam legalmente casados, se ele a forçasse, isso contaria como estupro? Ela poderia denunciar estupro marital?
Enquanto sua mente corria, Jonathan jogou o contraceptivo no lixo casualmente. "Você não vai mais precisar disso."
Ele não tinha intenção de tocá-la novamente. Pelo menos ela teve o bom senso de se proteger. Se ela realmente tentasse prendê-lo com uma gravidez, ele não hesitaria em controlar cada movimento dela.
Os olhos de Naomi se arregalaram, sua respiração falhou.
O que ele queria dizer? Ele estava determinado a engravidá-la para que seu avô pudesse ver seu neto antes de falecer?
Jonathan não se importava com o que ela estava pensando. Ele saiu da farmácia.
"Sr. Cavendish, espere!" Naomi mordeu o lábio e correu atrás dele. "Eu preciso falar com você!"
O ar da noite estava frio, mas o olhar gelado de Jonathan a fez tremer ainda mais.
Pensando no seu futuro, ela se forçou a falar, "Sr. Cavendish, já que vamos manter este casamento em segredo, eu preciso estabelecer algumas regras."
"Continue," ele respondeu secamente, claramente não querendo perder palavras com ela.
Naomi respirou fundo. "Primeiro, você não pode me forçar a ter qualquer relação sexual. Este casamento existe apenas no papel."
Vendo sua expressão solene, Jonathan soltou uma risada sarcástica. "Forçá-la? Sra. Kennedy, você parece ter uma memória seletiva."
Lembrando da primeira noite deles—quando ela tinha sido a agressora—o rosto de Naomi queimou.
James tinha escolhido se casar com outra pessoa por dinheiro e status, e ela não podia aceitar isso. Naquela noite, ela só queria entorpecer sua dor.
Se James podia encontrar outra pessoa, por que ela não podia? Como ela poderia saber que acabaria com alguém tão perigoso quanto Jonathan?
Ela pigarreou de forma constrangedora. "Eu estava bêbada naquela noite. Isso não vai acontecer de novo."
"Eu aceito sua primeira condição," Jonathan a interrompeu. "Eu também não tenho desejo pelos seus avanços, Sra. Kennedy. Espero que você mantenha sua palavra."
Naomi o encarou. Ele era realmente tão arrogante? Só porque ela tinha iniciado as coisas uma vez enquanto estava embriagada, ele achava que ela se jogaria nele regularmente? Ele acreditava que sua boa aparência e riqueza faziam todas as mulheres desesperadas por ele?
"Qual é a sua segunda condição?" Jonathan olhou para o relógio, claramente impaciente.
Naomi congelou. Ela não tinha pensado além da primeira regra.
Vendo seu silêncio, Jonathan se virou para sair. "Estarei livre amanhã à noite para visitar seu lugar. Faça os arranjos."
O tom autoritário dele não deixou espaço para discussões. Naomi assentiu resignada. "Entendido."
Afinal, Jonathan havia adquirido a Starlight Media. Ele era seu chefe. Organizar a agenda dele fazia parte de suas obrigações tanto como funcionária quanto como esposa secreta.
Quando estava prestes a notificar sua família, sua mãe, Luna Bailey, ligou. "Sua ingrata! Se não estivesse chovendo hoje, eu mesma iria te encontrar! Amanhã você vem para aquele encontro às cegas, ou eu faço um escândalo no seu trabalho."
Ela acrescentou: "Estou te avisando para não brincar comigo. Não me importa se você concorda ou não—já peguei o depósito do casamento!"
"Mãe, eu sou casada," suspirou Naomi. "Devolva o dinheiro. Bigamia é crime, e se eu for presa, isso vai afetar a carreira do seu precioso filho. Pense nisso. Vou te mandar minha certidão de casamento agora. Meu marido e eu vamos te visitar amanhã à noite."
Depois de desligar, Naomi tirou uma foto rápida da certidão de casamento—borrada o suficiente para que os nomes não fossem legíveis—e enviou para o grupo da família no WhatsApp. Mesmo que fosse compartilhada, a identidade de Jonathan permaneceria em segredo.
Eles haviam concordado em manter o casamento em segredo, mas como Jonathan surpreendentemente concordou em conhecer seus pais, não havia necessidade de esconder isso da família.
Ela se preparou para a inevitável explosão—os áudios de um minuto da sua mãe, cada um cheio de perguntas. Mas dessa vez, o silêncio foi ensurdecedor.
Naomi olhou para a tela. Nada. Nem mesmo um emoji sarcástico do seu irmão Zack, que geralmente adorava provocar.
Com um leve dar de ombros, ela colocou o telefone no bolso e começou a ir para casa.
O Maybach permaneceu estacionado na calçada até que Naomi desaparecesse pela entrada do seu condomínio. Só então Jonathan levantou a mão. "Vamos."
"Sim, Sr. Cavendish," respondeu Terry, olhando para o prédio de Naomi.
Talvez Jonathan tivesse sentimentos por Naomi—por que mais ele esperaria para garantir que ela chegasse em casa em segurança?
Enquanto isso, a família Kennedy se reunia em volta do computador, estudando intensamente o perfil de Jonathan.
"Herdeiro da Corporação Cavendish. Único CEO. Mais jovem do país aos vinte anos. Triplicou os lucros anuais da empresa..." A voz de Zack foi desacelerando, cada palavra mais pesada que a anterior, enquanto a descrença surgia em seu rosto.
Isso parecia bom demais para ser verdade.
No final, Zack não conseguiu continuar. "Mãe, pai, tem algo errado. Como a Naomi poderia se casar com alguém assim?"
Parecia menos provável do que ganhar na loteria.
Luna estreitou os olhos para a tela. "Desça a página. Tem alguma foto? Saberemos pelas fotos."
Zack lambeu os lábios e procurou cuidadosamente, mas não encontrou fotos de Jonathan. Mesmo online, havia apenas silhuetas borradas—nada que mostrasse seu rosto claramente.
Jonathan detestava ter sua privacidade invadida. Sempre que alguém o fotografava e postava online, ele apagava todas as evidências, incluindo as contas de quem compartilhava as imagens.
Com o tempo, as pessoas que tinham visto Jonathan o descreviam como deslumbrante, mas ninguém ousava tirar sua foto, muito menos compartilhá-la com os outros.
Zack franziu a testa. "Deve ser alguém com o mesmo nome. Todo mundo sabe sobre Naomi e James. Que homem rico iria querer ela?"
"E se for verdade?" Luna olhou para a foto no telefone, seus lábios se curvando em um sorriso. "Naomi puxou a mim—ela é linda. Talvez um homem rico tenha se apaixonado por ela à primeira vista."
"Amanhã, todos se comportem bem," ela avisou. "Zack, seu fundo de casamento e a casa estão nas mãos do seu cunhado agora!"
