Capítulo 5
Alexander
Estacionei meu carro na entrada circular da propriedade dos meus pais, tomando um momento para me preparar para as inevitáveis dinâmicas da família Carter.
O jantar de domingo na mansão dos Carter, uma tradição tão antiga quanto os carvalhos que ladeiam a propriedade, era algo que eu tanto temia quanto aguardava.
A mansão se erguia como um monumento à velha riqueza, com fachadas de pedra e jardins bem cuidados que gritavam: "Somos ricos há gerações."
Meu telefone vibrou com um e-mail do trabalho, mas eu o ignorei. O trabalho podia esperar, mas as obrigações familiares não, especialmente quando o avô Harold estava envolvido.
Endireitei minha gravata e entrei, onde Martha, nossa governanta de longa data, me cumprimentou com um sorriso caloroso.
"Sr. Alexander, todos estão esperando na sala de estar. Seu avô chegou cedo."
Isso nunca era um bom sinal. Avô chegar cedo significava que ele tinha uma agenda.
"Victoria está aqui?" Perguntei, entregando meu casaco a Martha.
"Sim, senhor. Com o marido. Eles chegaram há cerca de uma hora."
Perfeito. Minha prima Victoria e seu marido banqueiro de investimentos Thomas, o casal poderoso que nunca deixava ninguém esquecer como a vida deles era perfeita.
A sala de estar estava cheia de conversas que pararam quando eu entrei. Mamãe se levantou de seu assento, elegante como sempre em seu colar de pérolas e vestido sob medida.
"Alexander, querido. Estávamos começando a nos preocupar."
Beijei sua bochecha. "O trânsito estava terrível. Desculpe pelo atraso."
Papai acenou com a cabeça de sua poltrona, uísque na mão. "Filho."
Esse era meu pai, um homem de poucas palavras, a menos que estivesse discutindo negócios ou golfe.
Victoria estava sentada no sofá antigo, com o braço do marido drapeado sobre seu ombro de uma forma possessiva que eu achava irritante. Minha irmã Valentina também estava lá, rolando o celular.
Mas era o avô Harold quem comandava a sala de sua cadeira de rodas. Aos setenta e oito anos, ele poderia ter perdido alguma mobilidade, mas não sua acuidade mental ou perspicácia nos negócios.
"Alexander," ele rosnou. "Sente-se. Precisamos conversar."
Sentei-me em frente a ele. "Bom te ver também, avô."
"Não seja esperto comigo, garoto. Estou esperando."
Victoria sorriu com superioridade. "Alguns de nós conseguem chegar na hora, querido primo."
Eu a ignorei. "Sobre o que é isso? Achei que fosse apenas um jantar."
Avô Harold acenou com a mão, desdenhoso. "O jantar pode esperar. Isso é sobre o futuro da Carter Enterprises."
A sala ficou em silêncio. Quando o avô falava sobre o futuro da empresa, todos prestavam atenção. Ele havia transformado a Carter Enterprises de um pequeno negócio familiar em um império corporativo e, aos setenta e oito anos, ainda detinha a participação controladora.
"Estou atualizando meu testamento," ele anunciou.
Mamãe suspirou suavemente. Papai colocou seu uísque de lado.
"Ah, relaxem; ainda não estou morrendo," avô resmungou. "Só estou colocando meus assuntos em ordem. E tomei algumas decisões sobre as ações da empresa."
Inclinei-me para frente. Como CEO, eu tinha uma participação significativa na empresa, mas as ações controladoras do avô eventualmente determinariam quem realmente comandaria a Carter Enterprises.
"Alexander," ele fixou seu olhar penetrante em mim. "Você tem feito um bom trabalho como CEO. Os lucros estão altos. O conselho está feliz. Mas falta algo."
"Falta?" Franzi a testa. "Nosso último trimestre foi o melhor em cinco anos."
"Não estou falando de negócios." Ele bateu sua bengala no chão. "Estou falando de família. Estabilidade. Um legado."
O marido de Victoria tossiu discretamente. O sorriso de Victoria se alargou.
"O que exatamente você está dizendo, avô?"
Harold Carter inclinou-se para frente em sua cadeira de rodas. "Estou dizendo que, para herdar minhas ações controladoras na Carter Enterprises, você precisa estar casado dentro de seis meses."
A sala explodiu em reações. Mamãe suspirou novamente. Papai realmente colocou sua bebida de lado. Valentina olhou para cima do celular. Victoria explodiu em risadas de alegria.
"Casado?" Eu o encarei. "Você não pode estar falando sério."
"Seríssimo." A expressão do avô não mudou. "A Carter Enterprises sempre foi administrada pela família. Família significa estabilidade. Compromisso."
"Eu estou comprometido com a empresa!"
"Mas não para qualquer outra coisa ou pessoa." Vovô balançou a cabeça. "Você tem trinta e três anos, Alexander. Seus relacionamentos duram menos que alguns de nossos relatórios trimestrais."
Victoria não se conteve. "Ah, isso é impagável. Alexander vai se casar? Ele não consegue manter uma namorada por mais de três meses."
"Obrigado por essa observação perspicaz, Victoria," eu disse, forçando um sorriso. "Sempre um prazer ter seu apoio."
Tio Richard, pai de Victoria, riu do canto da sala. "O garoto tem um histórico."
"Um histórico?" Meu pai colocou seu copo na mesa com mais força do que o necessário. "No ano passado, escolhemos uma mulher perfeitamente adequada para ele. O noivado foi anunciado no Times, pelo amor de Deus. E então, o que aconteceu, Alexander?"
Afrouxei um pouco a gravata. "Pai—"
"Ele cancelou duas semanas antes do casamento," Pai continuou, se dirigindo à sala como se eu não estivesse lá. "A fusão quase desmoronou por causa disso."
Tia Patricia ofegou dramaticamente. "Penelope Langford? Uma garota tão adorável e de uma boa família. Que pena."
"Ela não era certa para mim," eu disse firmemente.
Valentina finalmente olhou para cima do celular. "Ele não gostava dela. Disse que ela lembrava uma planilha corporativa – tecnicamente perfeita, mas totalmente entediante."
"Obrigado por compartilhar isso, Val," murmurei.
Minha irmã deu de ombros e voltou ao celular. "Só estou dizendo como é."
Vovô Harold bateu com sua bengala novamente. "Chega! Os termos são simples. Alexander se casa dentro de seis meses, ou Victoria recebe minha participação controladora na empresa."
Victoria quase derramou seu champanhe de excitação. "Sério, Vovô? Você me daria o controle?"
Seu marido Thomas endireitou a postura, sinais de dólar praticamente visíveis em seus olhos.
"Eu não construí esta empresa por quarenta anos para vê-la ser desmontada pela firma de investimentos do seu marido," Vovô retrucou para Victoria. "Mas pelo menos você entende compromisso."
Levantei-me, andando pelo tapete persa. "Isso é absurdo. Você está reduzindo o futuro do nosso negócio de família a se eu me casar ou não? Em que século estamos?"
"No século onde ações têm consequências," Vovô respondeu. "Victoria pode ser insuportável—"
"Ei!" Victoria protestou.
"—mas ela é estável. Casada. Comprometida."
O sorriso de Victoria voltou. "Aceite, Alexander. Você não conseguiria se comprometer com uma mulher nem se sua vida dependesse disso. Agora sua carreira depende, e todos sabemos como isso vai acabar."
Algo dentro de mim quebrou. Eu havia tolerado as provocações de Victoria por anos, mas isso era diferente. Era o trabalho da minha vida em jogo.
"Sabe de uma coisa, Victoria? Você está errada."
"Estou?" Ela girou seu champanhe. "Nomeie um relacionamento seu que durou mais do que um relatório trimestral corporativo."
Meu primo Matthew, que estava silenciosamente assistindo ao drama, assobiou baixo. "Ela te pegou, Alex."
Endireitei os ombros. "Eu vou fazer isso. Vou me casar dentro de seis meses."
A sala ficou em silêncio novamente.
"Com quem?" Meu pai perguntou cético.
"Eu vou descobrir isso."
Victoria explodiu em risadas. "Ah, isso é bom demais! Alexander Carter, CEO e solteiro cobiçado, desesperadamente procurando uma esposa. Devemos colocar um anúncio nos classificados?"
Seu marido entrou na brincadeira. "Talvez devêssemos começar a entrevistar candidatas. Criar uma lista curta."
"Eu não preciso de ajuda para encontrar alguém," eu disse entre dentes cerrados.
Tia Elizabeth, que estava quietamente tricotando no canto, olhou para cima. "E aquela diretora de PR da sua empresa? Jennifer, alguma coisa?"
"Ela é casada, Mãe," Victoria disse.
"Ah. Bem, e sua assistente?"
"Eu não vou me casar com minha assistente, Tia Elizabeth."
Vovô Harold levantou a mão pedindo silêncio. "Os termos estão estabelecidos. Seis meses a partir de hoje."
Tio Richard levantou seu copo. "Às iminentes núpcias de Alexander! Que ele encontre uma noiva antes que Victoria pegue seu escritório."
Victoria brindou com seu pai. "Já estou planejando onde colocar minha nova mesa."
Cerrei o maxilar. "Aproveite a fantasia enquanto dura, prima. Eu não vou perder a empresa."
"Seis meses, Alexander," Vovô me lembrou. "O relógio começa agora."


















































































































































