O casamento

CAPÍTULO 1 – O CASAMENTO

– Senhor Emiliano, senhor por favor, já é hora de se arrumar para ir à cerimônia.

– Estou ocupado, Max – respondeu agitado, pois estava alternando suas investidas entre uma morena voluptuosa e uma loira platinada que gritava de prazer, tinha as duas mulheres nuas à sua frente com os quadris levantados no ar.

– Mas o senhor me disse para avisá-lo.

– Droga, Max, no meu quarto está o traje, vista-o e vá por mim.

Do outro lado da porta, seu fiel servo conteve a respiração, ele não podia fazer isso, já era casado.

– Eu sou casado, senhor.

– Você não vai se casar, só vai me representar, invente qualquer coisa para desculpar minha ausência.

– Isso não vai sair bem...

– Vai continuar me interrompendo? Faça o que estou te dizendo!

O homem chamado Max foi ao quarto do chefe e pegou o traje de três peças; o colete faria jogo perfeitamente com o traje que havia sido enviado para Elizabeth, já que fora confeccionado com o mesmo tecido bordado.

Emiliano havia concordado em se casar porque seu pai continuava obstinado a cumprir a estúpida tradição do avô de que, para assumir o comando do consórcio, ele tinha que estar unido em matrimônio a uma mulher de uma boa família, bem-educada e de excelente reputação.

Nenhuma das mulheres que ele frequentava cumpriam essas três condições, então permitiu que seu pai lhe encontrasse uma esposa.


Um mês atrás...

– Filho, já marquei uma reunião com os pais de Elizabeth, faremos o pedido formal de casamento e celebraremos o matrimônio o mais breve possível, uma vez que você se case e eu lhe transfira tudo, poderei fazer minha tão sonhada viagem à África.

– Não poderei acompanhá-lo, pai, tenho um jantar com a representante da firma italiana que tanto deseja se associar a nós. Não posso perder essa oportunidade.

– Pretende que eu vá sozinho pedir a mão da moça?

– Pelas condições deste casamento, não acho que isso seja relevante; essa menina que aceita se casar assim deve ser uma menina mimada e sem personalidade, te asseguro que não chamará em nada a minha atenção, então não tenho nenhum interesse em conhecê-la. Cuide de tudo e me avise a data que combinarem, para que eu possa encaixar na minha agenda.

– Vou propor que cuidaremos de todo o evento, o traje, a festa...

– Festa? – perguntou interrompendo seu progenitor –, eu não vou a uma festa por um casamento que não me satisfaz, pai.

– Você vai se apresentar na frente do juiz, vai sorrir o tempo todo como o mais feliz dos esposos e vai dançar com sua mulher, porque não quero ser alvo de críticas nem fofocas.

– Pai, eu vou cumprir com sua condição, mas você não pode me obrigar a me comportar como um esposo feliz com essa moça.

– Você precisa conhecê-la antes.

– Não quero.

– Aviso que ela vai trabalhar na sede principal, em algum momento você terá que falar com ela.

– Se for sobre trabalho, falarei com ela, fora isso não quero ter nenhum contato com uma mulher que aceita se casar com alguém sem conhecê-lo, e só para obter vantagem monetária.

– Você tem uma má impressão dela, conheço os pais e são pessoas muito amáveis.

– Com certeza estão fazendo isso para se livrar da filha solteirona e amarga.

Emiliano terminou essa frase e saiu apressado da casa onde morava eventualmente com seu pai, pois tinha um apartamento que usava frequentemente para seus encontros sexuais; isso era o que significava para ele, já que não estabelecia uma relação séria com nenhuma mulher.


Ele nunca tinha sofrido uma decepção amorosa, não conhecia mulher que tivesse ousado enganá-lo, simplesmente a que gostava ele possuía e adeus. Seus amigos o admiravam, invejavam e criticavam ao mesmo tempo, no entanto, ele apenas ria, zombando deles porque não faziam o mesmo.

Às vezes sua mente vagava até uns doze anos atrás, quando, na casa de campo do seu avô, conheceu uma vizinha. Ela tinha os olhos violeta, um tom raro que a fazia parecer ainda mais bonita junto ao cabelo tão claro que parecia branco. Foram as férias mais extraordinárias da sua vida.

Na tarde em que Liza disse que partiria em poucas horas para continuar os estudos, ele sentiu o estômago se apertar. Eles se beijaram desajeitadamente e juraram que um dia voltariam a ficar juntos.

Ele voltou durante mais três anos para aquela casa, mas não a encontrou mais. Quando perguntava, diziam que tinham sido apenas arrendatários ocasionais. Perdeu as esperanças de vê-la e se dedicou a esquecê-la.

Com o passar dos anos, tornou-se o CEO de uma corporação internacional fundada por seu avô, cujo sucesso era constantemente destacado nas revistas empresariais. Era frio e impiedoso nos negócios.

Também se transformava em um vulcão de lava ardente para as mulheres que cruzavam seu caminho. Espontaneamente, jamais pensaria em casar, mas se asseguraria de que o casamento durasse o suficiente para receber a transferência por parte de seu pai e depois alegaria qualquer desculpa para solicitar a separação.


Atualmente...

Terminou com as mulheres e se arrumou para ir ao brinde por seu casamento. Saiu para o pátio traseiro da mansão familiar onde o espaço tinha sido preparado para a celebração. Procurou seu pai e este, indignado, lhe disse:

— Como você teve a coragem de mandar seu assistente substituí-lo no casamento?

— Estava ocupado, pai.

— Você estava transando com as duas mulheres que vi saindo pela porta de serviço. Não tem vergonha, não respeita a casa da família, você tem o seu maldito apartamento onde pode meter quem quer que você pegue na rua, mas nesta casa não, você é impossível.

— Era minha despedida de solteiro, papai.

— Minutos antes de se casar? Eu não sabia o que dizer aos pais da Elizabeth e ela não é boba. Disfarçou muito bem e a cerimônia foi realizada; agora você está casado, Emiliano, e deve se comportar.

— Onde está minha esposa?

— Ela me perguntou pelo quarto e se retirou, dizendo que estava se sentindo mal.

— Não quer celebrar o casamento? Pois eu também não. Até mais, pai.

— Emiliano, por favor, venha aqui, eu vou chamar a Elizabeth.

— Não se incomode, volto mais tarde ou amanhã. Vou encontrar uns amigos.

— Lembre-se que agora você é um homem casado, não me obrigue a chamar a imprensa.

— Pare de me ameaçar, pai. Você ordenou que eu me casasse e eu já fiz isso, talvez não da maneira que você queria exatamente, mas fiz. Serei discreto, você não terá do que reclamar e essa garota receberá a generosa recompensa que procurava ao assinar a certidão de casamento.

— Você deveria se dar o tempo de conhecê-la.

— Não vou perder meu tempo com uma interesseira, amarga e solitária.

Elizabeth sufocou um soluço. Disseram-lhe que seu marido tinha chegado e ela tomou coragem para conhecê-lo. Estava chegando ao jardim quando ouviu seu sogro dizer que chamaria a imprensa. A resposta de Emiliano a congelou. Recuou e se trancou no quarto que lhe haviam designado e que, felizmente, era só dela.

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