A gatinha do Vampiro

"Malditos humanos, por que sempre precisam ser criaturas tão irritantes?" pensei enquanto estacionava meu Aston Martin preto no espaço reservado para mim. Como todas as manhãs, havia dezenas de mulheres ao redor do meu estacionamento, esperando por mim. Todos os dias, elas revelavam mais de si mesmas e de suas carnes pouco atraentes, na esperança tola de que eu as levasse para a cama.

Suspirei profundamente antes de abrir a porta e sair, indo diretamente para a porta da frente, ignorando as mulheres como fazia todas as manhãs. Elas nunca pareciam compreender que eu não iria, magicamente, querer alguma delas, apesar da quantidade de pele que me mostravam.

Enquanto olhava para frente, minha atenção foi atraída por uma jovem nos degraus da frente do meu prédio, lutando contra o vento para recolher seus papéis que estavam sendo espalhados. Ela era linda, com longos cabelos negros até os quadris, sua pele parecia porcelana perfeita, mas o que realmente chamou minha atenção foram seus olhos. Ela tinha os olhos mais encantadores que eu já tinha visto, um tom mais escuro de amarelo, brilhando como ouro puro sob seus longos cílios escuros. Se eu não soubesse mais, diria que essa garota era um gato em forma humana. Embora ela estivesse perdendo a luta contra o vento, cada movimento dela era gracioso, seu longo cabelo negro macio e aparentemente indiferente ao vento, permanecendo imóvel ao longo de suas costas.

Os sons das mulheres ao meu redor me tiraram dos meus pensamentos enquanto eu rosnava internamente e empurrava a porta do prédio, mantendo meu ritmo enquanto entrava no elevador e apertava o botão para o último andar. Só quando as portas se fecharam, pude desfrutar de um momento de silêncio, como acontecia quase todos os dias. A viagem até aqui e o trajeto de elevador até meu escritório eram os únicos momentos de paz que eu tinha na maior parte dos meus dias.

"Bom dia, Alaric. Como foi sua manhã?" William me perguntou no momento em que as portas do elevador se abriram, seus olhos castanhos brilhando com um sorriso malicioso enquanto me cumprimentava. Ele sabia exatamente como foi minha manhã, pois raramente mudava.

"Não me trate com condescendência, William." rosnei para ele, passando por ele e entrando no meu escritório, onde fui recebido por pilhas de papéis na minha mesa, aguardando minha atenção imediata.

"Sim, senhor. Tenho seu itinerário para o dia." disse William enquanto começava a falar, informando-me sobre o que eu precisava fazer hoje, como se ele não estivesse ao meu lado na maior parte do dia e me lembrando ao longo do dia, como fazia todos os dias.

Desliguei-me dele enquanto meus pensamentos voltavam para a garota nos degraus da frente há pouco tempo, perguntando-me por que nunca a tinha visto antes. Eu sei que me lembraria dela, especialmente com aqueles olhos, mas não conseguia recordar de tê-la visto antes. Então, abri meu laptop e cliquei nos arquivos dos novos funcionários até encontrá-la. Mercy Smith. A foto tirada para seu crachá de estagiária não fazia justiça a ela, e não era nada comparada à garota que vi há poucos minutos. Cliquei no arquivo dela e comecei a ler o que o RH tinha sobre ela, tentando saciar minha curiosidade crescente. Ela tinha dezoito anos e foi contratada como estagiária no departamento de design para trabalhar sob a supervisão da Sra. Cho, a velha coruja do décimo sexto andar.

"Mercy, que nome bonito, mas pouco convencional." pensei enquanto terminava de ler o arquivo dela e voltava para a foto. "Um nome pouco convencional para uma garota muito pouco convencional."

"Senhor?" William perguntou, tentando trazer minha atenção de volta para ele ao perceber que eu não estava ouvindo, mas sim absorto no que estava olhando. Ele deu a volta na mesa para olhar minha tela e assentiu quando viu o que eu estava olhando. "Ah, Mercy? Ela é uma jovem muito simpática."

Virei-me para encará-lo enquanto ele dizia isso, estreitando os olhos para o homem. "Você a conheceu?"

"Sim, senhor. Ela veio ontem para entregar algumas provas do departamento de design." Ele disse rapidamente, seus olhos se arregalando de confusão e surpresa.

Assenti e me virei novamente, olhando para a garota mais uma vez antes de fechar a tampa do meu computador, suspirando enquanto apontava para a pilha de papéis à minha frente. "O que é tudo isso, então?"

"Notificações de requisição que precisam da sua assinatura, senhor." William disse enquanto pegava uma pequena seção do que poderiam ser centenas, antes de colocá-las na minha frente.

"E o que estarei requisitando?" perguntei distraidamente enquanto começava a assinar os papéis, um por um.

"A parte de Victor na Jag Co. Estas são para todos os departamentos que ele chefiava, bem como os projetos em que esses departamentos estavam trabalhando." William explicou enquanto ia até a porta, antes de se virar para me olhar mais uma vez. "O que o senhor gostaria para o almoço?"

Parei por um momento, considerando isso. "AB positivo, William." disse antes de voltar ao meu trabalho, passando rapidamente pelas páginas antes de assiná-las. Depois que William fechou a porta, abri o laptop e acessei as câmeras de segurança do décimo sexto andar, procurando até encontrar a garota que conseguiu se fixar em meus pensamentos, sem nem mesmo olhar para mim. Mercy Smith. Eu a encontrei relativamente rápido, pois ela era facilmente distinguível das outras mulheres em seu departamento, apesar do fato de que o departamento de design era um dos nossos maiores e tinha mais de 100 câmeras de segurança.

Mercy estava sentada em sua mesa, com a cabeça abaixada enquanto trabalhava em algo que eu não conseguia distinguir pela câmera, mas eu não me importava muito com o que ela estava trabalhando. Eu só queria vê-la, para minha própria confusão, já que nunca me interessei por um humano antes. Nem uma vez em meus mais de três séculos eu considerei um humano como algo mais do que minha próxima refeição.

"Por que estou tão fascinado por você, Mercy?" pensei enquanto a observava se mover em seu pequeno escritório, aparentemente incapaz de permanecer parada por muito tempo. "Talvez eu tenha que fazer você minha se continuar em meus pensamentos, gatinha."