Capítulo 5 O amor realmente pode desaparecer
POV de Serena Sinclair:
O horizonte de Manhattan brilhava com uma luz dourada ao pôr do sol enquanto eu estava diante da sede da Kingsley & Associates, respirando fundo. Esse arranha-céu de vidro preto representava o centro de poder do mundo jurídico de Manhattan e tinha sido o meu sonho de local de trabalho quando me formei há sete anos.
Agora, eu não era mais aquela graduada esperançosa da Yale Law School, mas uma mulher sem experiência prática após quatro anos de divórcio. Ajustei a gola do meu terno azul-marinho, garantindo que cada detalhe estivesse impecável. Primeiras impressões eram cruciais, especialmente quando eu precisava provar meu valor profissional.
"Sra. Sinclair?" a recepcionista olhou para cima com um sorriso depois de verificar minha identidade. "O Sr. Kingston está esperando por você."
Cada segundo da subida do elevador acelerava meu coração. Todo estudante de direito conhecia o nome de Phillip. O fundador da Kingsley & Associates, o mais jovem professor convidado da Yale Law School, que havia lidado com três casos emblemáticos documentados em livros antes dos quarenta anos.
O que me confundia mais, no entanto, era sua presença na audiência do meu caso. Naquela época, eu não sabia que o Professor Steven me recomendaria para trabalhar na Kingsley, e Phillip não era alguém que aparecia em audiências aleatórias sem motivo. Por que ele estava lá? Essa pergunta pairava na minha mente.
Quando as portas do elevador se abriram, caminhei pelo corredor de mármore escuro que levava diretamente à área central da Kingsley & Associates. Meus saltos faziam sons nítidos contra o chão de mármore, me lembrando que cada passo que eu dava agora poderia mudar meu futuro.
O escritório de Phillip ficava no andar mais alto do prédio, com janelas do chão ao teto com vista para toda Manhattan. Quando entrei em seu escritório, ele estava de pé junto à janela, sua silhueta formando um contorno escuro.
Ao ouvir meus passos, ele se virou. Aquele rosto, que havia aparecido inúmeras vezes nas capas de revistas jurídicas, estava agora diante de mim—traços bem definidos, olhos azul-gelo e a calma que só pessoas verdadeiramente bem-sucedidas possuem.
"Sra. Sinclair," ele estendeu a mão, sua voz profunda e poderosa, "o Professor Steven recomendou você para mim."
Notei que ele não mencionou ter me visto no tribunal. Ele havia esquecido, ou achava que não valia a pena mencionar? Ou havia outro motivo?
"Obrigada por reservar um tempo para me ver, Sr. Kingston." Mantive um tom profissional, não querendo parecer excessivamente curiosa ou presunçosa. Nossas mãos se tocaram brevemente; sua palma era quente e firme.
"Por favor, sente-se." Ele gesticulou em direção à área de conferência perto da janela, em vez da posição em frente à sua mesa. Esse pequeno detalhe tornou a atmosfera menos formal, mas eu sabia que a avaliação já havia começado.
Depois de nos sentarmos, Phillip não se apressou em falar, mas passou alguns segundos me olhando, como se estivesse confirmando algo. Esse escrutínio era desconfortável, mas mantive uma expressão calma, olhando diretamente para frente.
"Você não pratica advocacia há quatro anos," ele finalmente começou, indo direto ao ponto. "Por que quer voltar agora?"
Eu poderia ter dado uma resposta preparada—retórica padrão sobre paixão profissional e crescimento na carreira. Mas, diante de alguém como Phillip, essa resposta pareceria vazia. Escolhi a honestidade.
"Porque finalmente percebi que desistir da minha carreira para apoiar outra pessoa foi um erro," olhei diretamente em seus olhos, "especialmente quando essa pessoa acabou traindo minha confiança."
Sua expressão suavizou por um momento, um lampejo de emoção que não consegui interpretar passando por seus olhos. "Algumas escolhas, mesmo que pareçam erradas, podem ser experiências de vida necessárias," ele disse, com um tom quase de compreensão pessoal. "O que importa é que você está de volta agora."
Essa não era a resposta que eu esperava. Havia algo em seu tom que era quase... reconfortante? Para um estranho que estava se candidatando a um emprego, isso parecia pessoal demais.
Phillip pegou uma pasta da mesa, extraiu um resumo do caso e empurrou-o na minha direção. "Martin v. Glover Family Trust, sobre a aplicabilidade de acordos pré-nupciais aos bens de um trust. Se você estivesse representando a Sra. Martin, que estratégia adotaria?"
Isso não era apenas um teste, mas uma oportunidade de me provar—de provar que meu raciocínio jurídico não havia enfraquecido após quatro anos como dona de casa.
Passei alguns minutos analisando os materiais, então comecei minha análise. Foi como abrir uma porta selada há muito tempo, mas meu raciocínio jurídico, como um músculo despertado após anos de inatividade, recuperou sua força surpreendentemente rápido. Propus três possíveis pontos de ataque e duas abordagens de acordo, citando dois precedentes recentes relevantes.
No meio da análise, percebi que Phillip havia largado a caneta e estava completamente focado em mim. Aquele olhar quase me fez perder a linha de raciocínio, mas controlei meu desconforto e continuei a análise.
Quando terminei, ele ficou em silêncio por um momento. Os únicos sons no escritório eram o tique-taque do relógio e o burburinho distante da cidade.
"Sabe," ele finalmente disse, "nossa equipe levou três dias para desenvolver uma abordagem analítica semelhante."
"O treinamento na faculdade de direito é rigoroso," respondi, tentando não deixar meu orgulho transparecer demais, "além da orientação do Professor Steven."
"Isso não é apenas treinamento, Sra. Sinclair. Isso é talento." A avaliação de Phillip me surpreendeu. "O Professor Steven certamente não exagerou."
Ao ouvir essa avaliação, senti uma sensação de confiança e dignidade profissional há muito perdida retornar. Talvez esses quatro anos não tivessem destruído completamente minhas habilidades profissionais. Talvez eu realmente pudesse recomeçar.
"Kingsley tem uma vaga de assistente de advogado," ele continuou, folheando os documentos na sua mesa, "período probatório de dois anos, começando pelo básico. O salário refletirá seu nível de experiência—ou melhor, a falta de experiência."
"Entendo," assenti, sabendo que esse era o melhor desfecho possível.
"O mundo jurídico não perdoará seu período de afastamento por simpatia, Sra. Sinclair," sua voz era calma, mas poderosa. "Você encontrará muitas pessoas questionando suas habilidades e qualificações. Especialmente em uma firma de alto nível como a Kingsley."
Olhei diretamente nos olhos dele. "Não preciso da simpatia de ninguém, Sr. Kingston. Só preciso de uma oportunidade para provar minhas habilidades."
Ele assentiu ligeiramente, aparentemente satisfeito com minha resposta. "Começando na segunda-feira. Minha assistente enviará os documentos necessários. Você será designada ao departamento de direito da família, onde há vários casos adequados para advogados juniores."
Quando me levantei para sair, uma pergunta ainda pairava na minha mente. Antes que minha racionalidade pudesse me parar, as palavras escaparam: "Por que você estava presente na audiência do meu caso?"
O movimento de Phillip pausou por um momento, sua expressão era inescrutável. "O mundo jurídico é pequeno, Sra. Sinclair. Eu frequentemente acompanho casos interessantes." Seus olhos encontraram os meus calmamente. "Especialmente quando envolvem alunos recomendados pelo Professor Steven."
Sua resposta parecia razoável, mas não totalmente convincente. Qualquer que fosse sua razão, o que importava agora era que eu tinha uma chance de recomeçar.
"Até segunda-feira, Sr. Kingston," disse, apertando a mão que ele estendeu.
Ao sair do escritório, notei o olhar atento de uma advogada no corredor e os sussurros entre vários colegas. Aquele olhar, misturando curiosidade com crítica, era familiar—eu o sentira muitas vezes na Faculdade de Direito de Yale, como uma das poucas alunas.
Passei por eles com a cabeça erguida, sorrindo e acenando em reconhecimento. Eu sabia o que isso significava—muitos desafios me aguardavam no caminho de volta ao mundo jurídico. Mas desta vez, eu não deixaria ninguém ou nada me impedir de seguir minha carreira profissional.



































































































































































































































































































