Capítulo 8 Seu admirador secreto

POV de Alex Blackwood:

Eu fiquei olhando para a porta do salão de jantar privado que se fechava lentamente, a silhueta de Serena ainda queimando na minha retina. Cada uma de suas palavras de despedida havia cortado meu coração como uma lâmina precisa. A raiva crescendo dentro de mim era diferente de qualquer coisa que eu já tinha sentido. Eu precisava ir atrás dela, fazê-la entender—

"Basta, Alex." Andrew bloqueou meu caminho de repente, sua voz irritantemente calma. "Deixe ela ir."

"Saia do meu caminho!" As palavras saíram como um rosnado.

Leo rapidamente se colocou entre nós. "Vamos, Alex, sente-se. Tome uma bebida. Podemos conversar sobre isso—"

"Conversar?" Soltei uma risada áspera. "Não há nada para conversar. Saia, Andrew."

"Não." A voz de Andrew endureceu. "Você já fez estrago suficiente. Deixe ela ter um pouco de espaço."

"Desde quando você se tornou o protetor dela?" Cuspi, meus punhos se fechando ao lado do corpo. "O que te dá esse direito?"

Simon se aproximou cautelosamente. "Alex, ele só está tentando ajudar. Todos nós estamos. Você não está pensando claramente—"

"Oh, estou pensando muito claramente." Meus olhos não saíram do rosto de Andrew. "Meu suposto melhor amigo estava esperando por esse momento, não estava? Fingindo ser o amigo preocupado enquanto tramava pelas minhas costas."

A expressão de Andrew mudou, algo sombrio e desconhecido cruzando suas feições. "Quer saber a verdade, Alex? Tudo bem." Ele afrouxou a gravata com uma lentidão deliberada. "Eu a amei. Mais tempo do que você, e mais profundamente do que você jamais poderia."

A confissão me atingiu como um golpe físico. O silêncio caiu sobre a sala, pesado e sufocante.

"O que você acabou de dizer?" Minha voz saiu quase como um sussurro.

"Você me ouviu." A voz de Andrew ficou mais suave, cheia de uma emoção que eu nunca tinha ouvido dele antes. "Desde o primeiro dia em Yale Law, quando ela entrou na aula do professor Steven. Eu a amei então. Eu a amei enquanto a via se apaixonar por você. Eu a amei durante seu noivado, seu casamento—"

"Cala a boca!" Avancei, empurrando o braço de Leo que tentava me segurar. Meu punho acertou o queixo de Andrew, fazendo-o cambalear para trás, batendo na mesa de jantar ornamentada. A garrafa de Bordeaux que eu tinha pedido especialmente caiu, o líquido escuro se espalhando pelo carpete branco como sangue.

"Alex, pare!" Leo agarrou meu braço. "Isso não vai resolver nada!"

Mas Andrew já estava de pé novamente, limpando o sangue do lábio rachado. "Não, deixe-o vir. Ele precisa disso." Seus olhos se fixaram nos meus. "Não é, Alex? Precisa provar que ainda está no controle?"

Simon tentou se colocar entre nós. "Vocês dois, acalmem-se. Pensem no que estão fazendo—"

Empurrei Simon para o lado e avancei contra Andrew. Nós colidimos com a parede, fazendo um vaso de cristal se despedaçar no chão. Meu punho encontrou suas costelas, mas ele contra-atacou com um golpe agudo no meu plexo solar que me deixou sem ar.

"Eu vi você destruí-la!" Andrew rosnou, bloqueando outro dos meus golpes descontrolados. "Ano após ano, tratando-a como um troféu, a tomando por garantida—"

"Você não sabe nada sobre nosso casamento!" Eu rugi, derrubando-o sobre a mesa de jantar. A porcelana fina caiu no chão enquanto nós lutávamos.

Leo e Simon correram para frente, tentando nos separar. "Pelo amor de Deus, parem com isso!" Ele gritou. "Vocês estão agindo como animais!"

Andrew retrucou, mesmo enquanto Simon tentava contê-lo. "Você precisa que eu te conte o que você estava fazendo no seu aniversário de casamento enquanto Serena esperava sozinha naquele restaurante!"

As palavras me congelaram. Eu não podia refutar o que ele disse porque era tudo verdade. Mas ele era apenas um estranho. Que direito ele tinha de julgar meu casamento?

"Seu filho da puta!" Eu me soltei do aperto de Leo, minhas mãos encontrando a garganta de Andrew. "Como você ousa cobiçar minha mulher!"

"Alguém tinha que protegê-la," Andrew conseguiu dizer, o rosto avermelhado mas os olhos ardendo com anos de raiva reprimida. "E também, eu investiguei Emma. Eu sabia que Serena era inocente—"

"Cala a boca!" Eu apertei mais forte, surdo aos gritos de Leo e Simon. O mundo havia se estreitado para este momento, para silenciar a verdade que eu não podia suportar ouvir.

"Alex, solta ele!" A voz de Leo parecia vir de longe. "Você vai matá-lo!"

"Faça isso," Andrew arfou, ainda desafiador mesmo enquanto lutava por ar. "Mostre a todos quem você realmente é."

Simon estava puxando meus braços. "Isso não é você, Alex! Pense no que você está fazendo!"

"O grande Alex Blackwood," Andrew conseguiu dizer entre suspiros. "Tão perfeito por fora, tão podre por dentro—"

Através da névoa vermelha da raiva, mal percebi Leo pegando uma taça de cristal. Houve um flash de movimento, uma explosão de dor, então escuridão.

O gerente do restaurante entrou com segurança, mas já era tarde. Meu último pensamento consciente foi do rosto de Serena – não de hoje à noite, mas do dia do nosso casamento, olhando para mim com tanta confiança e amor. Confiança que eu traí. Amor que eu destruí.


As luzes fluorescentes duras do hospital me cumprimentaram quando abri os olhos. Minha cabeça latejava no ritmo do meu pulso, as palavras de Andrew ecoando implacavelmente na minha mente.

Uma enfermeira entrou para verificar meus sinais vitais, seus movimentos eficientes e impessoais. "Sr. Blackwood, como está se sentindo?"

Eu não respondi. O que eu poderia dizer? Que eu perdi tudo? Que meu melhor amigo estava apaixonado pela minha esposa há oito anos? Que cada erro, cada traição, cada ferida no meu casamento havia sido inteiramente culpa minha?

Leo apareceu na porta, sua expressão uma mistura de preocupação e decepção. "O restaurante não vai prestar queixa. Andrew está cuidando dos danos." Ele pausou. "Ele está bem, aliás. Não que você tenha perguntado."

Fechei os olhos, vendo novamente a maneira como Serena havia saído. Não houve hesitação em seu passo, nenhum olhar para trás. Ela quis dizer o que disse – nós estávamos acabados muito antes deste momento.

"Descanse um pouco," Leo disse calmamente, virando-se para sair. "Quando estiver pronto para conversar, me ligue."

Mas o que restava para dizer? Eu não tinha ninguém para culpar além de mim mesmo.

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