Capítulo 4 — Eu preciso de você!
Elara
A mão dele esperava na minha frente, forte e convidativa. Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza de que todos podiam ouvir. Eu, dançando com o filho do Alfa? O mesmo homem que me salvou duas vezes esta noite?
"Sim," sussurrei, colocando minha mão trêmula na dele.
No momento em que nossa pele se tocou, uma faísca pareceu percorrer todo o meu corpo. A mão grande dele envolveu a minha tão gentilmente, como se eu fosse algo precioso. Aqueles olhos âmbar mantinham os meus enquanto ele me conduzia de volta ao grande salão de baile.
As outras garotas olhavam e sussurravam enquanto passávamos. Peguei fragmentos de suas palavras - "sem lobo", "ninguém", "como ela ousa". Mas, pela primeira vez, suas palavras cruéis não me afetaram. Não com a mão quente de Blayze segurando a minha.
O salão de baile me tirou o fôlego mais uma vez. Lustres de cristal brilhavam no teto, lançando luzes coloridas pelo chão de mármore. Os músicos tocavam uma melodia suave e romântica que fez meu coração palpitar.
"Devo avisar," disse nervosamente enquanto Blayze se virava para me encarar, "não sou muito boa em dançar."
Um pequeno sorriso tocou seus lábios. "Apenas siga meu ritmo."
A mão dele se acomodou na minha cintura, cuidando para evitar meu braço machucado. Minha mão boa descansava em seu ombro, sentindo o músculo sólido sob a camisa. Ele me segurava a uma distância adequada, mas mesmo esse contato próximo fazia minha pele formigar.
Começamos a nos mover, e logo descobri que Blayze dançava como lutava - com perfeita graça e controle. Ele me guiava tão suavemente que minha falta de experiência quase não importava.
"Você está indo bem," ele murmurou, vendo minha expressão preocupada.
"Fácil para você dizer," respondi. "Provavelmente aprendeu a dançar antes de andar."
Ele realmente riu disso, o som rico e caloroso. "Algo assim. Embora eu geralmente prefira lutar a dançar."
"Eu percebi." Olhei para meu braço enfaixado. "Obrigada, a propósito. Por me salvar do lobo terrível na floresta."
Sua expressão escureceu ligeiramente. "Eu deveria ter me certificado de que você chegasse em casa em segurança. Quando te vi aqui..." Ele parou, apertando o maxilar.
"Você tentou me mandar embora," completei por ele.
"Para te proteger." Seu aperto na minha cintura apertou ligeiramente. "Mas você parece determinada a se jogar no perigo."
Eu levantei o queixo. "Sou mais forte do que pareço."
"Sim," ele concordou suavemente. "Você é."
A música cresceu ao nosso redor enquanto girávamos. Eu estava perdida em seus olhos, na forma como ele me segurava como se eu pudesse quebrar, mas me olhava como se eu fosse inquebrável. Pela primeira vez em anos, eu me senti... vista.
Muito cedo, a música terminou. Mas Blayze não soltou minha mão.
A voz do Rei Alfa ecoou pelo salão. "Chegou a hora! A Deusa agora escolherá os pares entre os presentes!"
Meu estômago se contraiu de nervosismo. Era isso - o verdadeiro motivo do baile. Todos sabiam que a Deusa abençoava os verdadeiros pares com um brilho mágico quando se tocavam. Eu sonhei com esse momento, mesmo que nunca tivesse realmente acreditado que estaria aqui.
Um por um, lobos solteiros se aproximavam uns dos outros. Alguns pares brilhavam com a luz abençoada, sua alegria iluminando a sala. Outros seguiam em frente, desapontados, mas esperançosos.
Então foi a vez de Blayze. Todos prenderam a respiração enquanto as fêmeas mais elegíveis se alinhavam para tocar sua mão. Mas par após par, nada aconteceu. Nenhum brilho, nenhuma bênção.
Eu observava do lado, meu coração doendo estranhamente. Lobas belas e poderosas se ofereciam para dançar com ele após cada tentativa fracassada. Mas Blayze recusou todas.
"Eu só danço com ela," ele disse firmemente, olhando diretamente para mim.
Suspiros e murmúrios de ciúme encheram o ar. O Rei Alfa levantou as sobrancelhas, mas não objetou enquanto Blayze voltava para mim.
"Seu braço precisa de um tratamento adequado," ele disse baixinho. "Vem comigo?"
Eu assenti, incapaz de falar por causa do nó na minha garganta. Ele me conduziu para longe dos sussurros e olhares, por corredores silenciosos até chegarmos a um lugar que parecia um escritório particular.
"Sente-se," ele ordenou gentilmente, reunindo suprimentos médicos.
Eu me acomodei numa cadeira de couro macio, observando enquanto ele cuidadosamente tirava minha bandagem improvisada. Seu toque era tão delicado que fez meus olhos arderem com lágrimas.
"Desculpe," ele disse de repente.
"Pelo quê?"
"Pelo jeito que te tratei na floresta. E hoje à noite." Ele limpou meu ferimento com movimentos cuidadosos. "Nunca pensei que você fosse convidada para o baile. Eu só te vi em perigo e..."
"Tentou me proteger?" eu completei. Uma risada breve escapou de mim. "Eu devia te agradecer. Você salvou minha vida duas vezes esta noite."
"E você arriscou a sua para salvar a minha." Seus olhos encontraram os meus, cheios de emoção. "Ninguém nunca fez isso antes."
O ar entre nós parecia carregado, como durante as tempestades que eu costumava assistir da minha janela. A mão de Blayze segurou meu rosto, seu polegar limpando uma lágrima que eu nem percebi que havia caído.
"Todos ficaram tão desapontados," eu sussurrei. "Que a Deusa não escolheu sua companheira."
"E você?"
"Eu..." Minha voz falhou enquanto ele se inclinava mais perto.
"Porque eu não estou," ele murmurou.
Seus lábios encontraram os meus, suaves e doces e perfeitos. Minha mão boa se agarrou à sua camisa, puxando-o para mais perto. Seu beijo era gentil, mas continha um toque do poder que eu vi quando ele lutou - uma paixão cuidadosamente controlada que me deixou tonta.
Quando finalmente nos separamos, estávamos ambos ofegantes. Sua testa repousava contra a minha, seus olhos âmbar escuros de emoção.
"Não preciso da Deusa para me dizer o que sinto," ele sussurrou.
"Mas eu não tenho lobo," eu tive que dizer, mesmo que partisse meu coração. "Eu não sou ninguém."
"Você é a pessoa mais corajosa que já conheci." Suas mãos emolduraram meu rosto. "Você lutou contra um lobo terrível por mim. Você enfrentou meu pai. Você sobreviveu anos de crueldade sem deixar que isso te quebrasse. Isso não é ser ninguém, Elara. Isso é tudo."
Lágrimas frescas escorreram pelo meu rosto, mas essas eram diferentes de todas as que já chorei antes. Eram lágrimas de alegria, de esperança, de finalmente ser valorizada por quem eu era.
Blayze me beijou novamente, e eu me derreti em seus braços. Talvez ainda não tivéssemos a bênção da Deusa. Talvez toda a alcateia fosse nos opor. Mas naquele momento, com seus braços ao meu redor e seu coração batendo contra o meu, nada disso importava.
Pela primeira vez na minha vida, eu estava exatamente onde deveria estar.
Quando nos separamos do beijo, percebi que algo estava errado. A pele de Blayze estava quente demais contra a minha, e suor brotava em sua testa apesar do ar fresco da noite.
"Você está bem?" Toquei sua bochecha, alarmada pelo calor. "Você está queimando."
Ele piscou, parecendo confuso. "Eu não..." Sua mão tremia enquanto ele afrouxava a gola. "Deve ter sido algo na minha bebida."
"Devemos buscar ajuda," eu disse, começando a me levantar. Mas seu aperto na minha mão se intensificou.
"Não," ele rosnou suavemente. Seus olhos âmbar haviam escurecido, quase negros. "Só... fique. Por favor."
Um arrepio percorreu minha espinha - não de medo, mas da intensidade em seu olhar. "Blayze, algo está errado. Você não está sendo você mesmo."
Ele pressionou a testa contra a minha, respirando pesadamente. "Eu não sei o que está acontecendo," ele sussurrou. "Eu só sei que preciso de você. Só de você."
Meu coração disparou. Isso não era natural - o calor irradiando de sua pele, o tremor em suas mãos poderosas, a urgência em sua voz.
Ele está no cio.
Alguém deve ter colocado algo na bebida dele no baile.
Mas quem ousaria drogar o filho do Alfa?
E mais importante... o que isso faria com ele? Eu realmente posso ajudá-lo?
