Capítulo 1

Freya

Acordei sobressaltada às 3 da manhã com o som da porta do meu quarto se abrindo. O cheiro familiar me atingiu antes mesmo que eu pudesse vê-lo claramente — pinho e couro, com aquele distinto almíscar de Alfa que estava ausente de nossa casa havia um mês.

Paxton.

Ele estava de pé junto à janela, silhuetado pela luz da lua enquanto desabotoava metodicamente sua camisa social. O brilho prateado delineava suas feições afiadas, projetando sombras que o faziam parecer ainda mais ameaçador. Seus olhos tinham aquele brilho dourado distintivo que só surgia quando as emoções de um Alfa estavam à flor da pele.

"Você voltou?" Minha voz saiu rouca de sono — e do choque de vê-lo depois de tanto tempo.

"Mm." Foi tudo o que ele disse. Uma sílaba após um mês de silêncio.

Eu o observei tirar a camisa, revelando o torso musculoso que eu conhecia tão bem. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele se movia em direção à cama com uma graça predatória. Em segundos, ele estava sobre mim, seu peso me pressionando contra o colchão enquanto sua boca tomava a minha.

Suas mãos se moveram para a barra da minha camisola, puxando-a para cima com força. Eu interrompi o beijo, empurrando seu peito.

"É só isso que eu sou para você? Um corpo para satisfazer seus desejos sempre que você decide aparecer?" Algo dentro de mim se acendeu — não apenas mágoa, mas raiva. Eu era uma loba viva, respirando, não um brinquedo para um Alfa usar quando conveniente.

Os dedos de Paxton apertaram meu queixo, forçando-me a olhar em seus olhos agora completamente transformados em um dourado lupino. "Você é minha companheira marcada. Satisfazer minhas necessidades é sua obrigação."

"Não é assim que funciona. Eu não sou apenas uma—"

Ele me interrompeu liberando uma onda de feromônios de Alfa, o comando biológico projetado para fazer lobos inferiores se submeterem. Senti meu corpo respondendo contra minha vontade, mesmo enquanto algo dentro de mim — algo que parecia estranhamente como meu próprio instinto de Alfa — se revoltava contra a submissão.

Quando ele me penetrou, não houve gentileza, nenhuma preparação. Apenas a dor aguda de um Alfa tomando o que considerava seu. Meu corpo tremia, dividido entre a resposta automática do vínculo e minha crescente resistência interior.

"Paxton," eu ofeguei entre dentes cerrados, "não sou apenas um acessório territorial. Satisfazer seus desejos é o único motivo pelo qual você voltou?"

Ele me silenciou com seus lábios, seu corpo se movendo com uma familiaridade que me fazia odiar o quanto ainda nos encaixávamos bem depois de todo esse tempo. Cinco anos sendo marcada por ele fizeram meu corpo reconhecer o dele como lar, mesmo quando minha mente gritava que isso não estava certo.

Justo quando o calor entre nós se intensificou, um toque estridente cortou o quarto. Paxton congelou instantaneamente. Em um movimento fluido, ele alcançou o telefone no criado-mudo enquanto sua outra mão cobria minha boca, impedindo qualquer som.

Fiquei ali, sufocando sob sua palma, enquanto ele atendia com uma voz que mal reconheci — quente, quase terna. "Alô?"

Uma voz doce e feminina flutuou do alto-falante: "Pax, estou no aeroporto. Quando você vai vir me buscar?" Ninguém o chamava de Pax, exceto os mais próximos — e ele nunca me permitiu esse privilégio.

"Já estou indo," ele respondeu, seu tom cheio de uma ternura que eu nunca ouvi dirigida a mim em cinco anos sendo sua companheira marcada.

"Dirija com cuidado," a voz continuou. "Estou esperando por você. A lua cheia está chegando, e quero passá-la com você."

A lua cheia. O momento mais íntimo para lobos acasalados.

Ele desligou e imediatamente se afastou de mim, ajustando suas roupas com movimentos eficientes que não deixavam dúvidas sobre suas prioridades.

O calor que estava se acumulando no meu corpo se transformou em gelo. Fechei os dedos em punhos, sentindo a marca entre nós pulsar de dor. Era como se minha própria essência estivesse sendo dilacerada, célula por célula, enquanto eu permanecia consciente a cada segundo excruciante.

"Onde você vai?" perguntei, lutando para manter a voz firme.

"Não gosto que minha parceira questione meus movimentos," ele respondeu friamente, seu tom em nítido contraste com a cordialidade que havia demonstrado ao telefone.

Sentei-me, puxando o lençol ao redor do meu corpo nu. "Como sua parceira marcada, tenho o direito de saber para onde você vai."

Seus olhos brilharam dourados novamente, mas ele não respondeu. Em vez disso, caminhou até a porta e saiu sem dizer mais nada.

Fiquei sentada na escuridão, o rosto pálido, relembrando a doce voz feminina na minha cabeça. Essa mulher conhecia Paxton, era importante para ele. Mais importante do que eu jamais fui.

Senti a umidade se acumulando nos meus olhos, mas me recusei a deixar as lágrimas caírem. Cinco anos sendo marcada por Paxton Sterling passaram pela minha mente—cinco anos sem um único momento de carinho ou afeto genuíno.

Quando acordei na manhã seguinte, a cama ao meu lado estava fria. Paxton não havia voltado a noite toda. Através da nossa marca, eu podia sentir que ele estava longe—a conexão esticada como um elástico puxado ao limite.

Meu telefone vibrou com uma notificação. Lucas Morgan havia me enviado um vídeo nas redes sociais com a mensagem: [Isso conta como seu parceiro Alfa violando o contrato de marcação?]

Abri com os dedos trêmulos. O vídeo mostrava Paxton no aeroporto com uma mulher pequena. Ele empurrava um carrinho de bagagem com uma mão enquanto segurava a dela com a outra. A linguagem corporal deles era íntima, os olhos ocasionalmente brilhando dourados da maneira que os olhos dos lobos fazem quando as emoções estão à flor da pele.

A manchete da mídia dizia: CEO do Grupo Sterling é visto com mulher misteriosa em busca no aeroporto à meia-noite. Novo romance revelado?

Meu rosto perdeu a cor enquanto a marca em meu peito se contraía dolorosamente. A mulher era inconfundivelmente a dona da voz da noite passada. Após cinco anos sendo marcada por Paxton, eu estava dolorosamente ciente de que ele sempre se apresentava como solteiro para o mundo exterior.

Respondi para Lucas: [Talvez só uma amiga.]

Sua resposta foi imediata: [Freya, depois de tudo isso, você ainda está arranjando desculpas para ele? Por que não termina a marcação e aceita meu cortejo?]

Fitei sua mensagem, os olhos ardendo. O instinto Alfa enterrado profundamente em mim estava uivando por rebelião, por me manter firme.

[Esse vídeo está circulando entre os lobos?]

[Sim. Muitos lobos já estão chamando ela de 'Luna.']

[Entendi.] Coloquei o telefone de lado e respirei fundo, sentindo a marca pulsar com um senso de impotência.

Fui trabalhar como de costume, apesar de ter trabalhado em um projeto até a 1h da manhã e depois ficado acordada até o amanhecer após Paxton sair. Minha cabeça latejava, e a conversa no escritório sobre o vídeo do aeroporto não ajudava.

Caminhando para pegar água, o mundo de repente girou de lado. Ouvi suspiros enquanto meus joelhos dobravam, e então tudo ficou preto.

Quando recuperei a consciência, o cheiro forte de antisséptico assaltou meu nariz sensível de lobo. Eu estava em um quarto de hospital, e Paxton estava de pé junto à janela, suas costas viradas para mim, formando uma silhueta fria contra a luz.

A marca pulsava fracamente, respondendo à sua proximidade. "Paxton..." chamei.

Ele se virou, seu rosto inexpressivo. "Vamos terminar a marcação."

Fitei-o em choque, sentindo como se garras de um Alfa tivessem rasgado meu peito. Meu corpo inteiro ficou frio.

Próximo Capítulo