Capítulo 6
Freya
Virei-me lentamente, meus olhos caindo sobre o documento que ele havia colocado na mesa de centro—o contrato de dissolução da marca.
Meu coração afundou como uma pedra. Meu espírito de loba se encolheu, uma dor aguda disparando pelo nosso vínculo de marcação. Não pude evitar que meu corpo se contraísse levemente.
"O quê?" Consegui dizer, minha voz mal passando de um sussurro.
"Este contrato de dissolução da marca," Paxton disse, batendo no papel com um dedo longo. "Por que você ainda não assinou?"
Voltei para o centro da sala com pernas que pareciam desconectadas do meu corpo. Não havia como escapar disso, não é? O que estava destinado a acontecer, aconteceria. Peguei a caneta que ele havia deixado ao lado do contrato, seu peso parecendo aumentar a cada centímetro que eu a movia em direção à linha de assinatura.
"Vou assinar agora," disse, forçando firmeza na minha voz.
A caneta pairava sobre o papel. Eu podia sentir nosso vínculo de marcação se esforçando, pronto para se romper. A conexão que me definiu por cinco anos—por mais unilateral e fria que fosse—estava se desfazendo nas costuras. Minha loba choramingou enquanto tremores percorriam o vínculo enfraquecido.
Minha mão parecia incrivelmente pesada enquanto eu a baixava até o papel. A tinta fluía, soletrando minha assinatura—meu consentimento para acabar com tudo entre nós.
"Aqui," disse, deslizando o contrato pela mesa até ele. "Está feito."
Concentrei-me em manter minha voz firme.
Paxton pegou o contrato, suas sobrancelhas franzindo enquanto o examinava. Seus olhos brilharam com dourado enquanto seu lobo escrutinava o documento.
"Este é o contrato original de antes?" ele perguntou, sua voz afiada. "A compensação de território e recursos é muito pequena."
Pisquei, sem entender sua preocupação. Afinal, ele era o que estava terminando nosso relacionamento.
"Você foi minha companheira marcada por cinco anos," ele continuou, sua voz assumindo aquele tom autoritário que usava para decisões de negócios. "Não posso te prejudicar assim. Vou reescrever um novo contrato com melhores termos—mais território, mais recursos."
Olhei para ele, um gosto amargo preenchendo minha boca. Se ele realmente se importasse com nosso vínculo de marcação, não estaria dissolvendo-o. A realização queimou dentro de mim. Tornei-me sua companheira marcada, mas nunca quis seu território ou recursos.
"Tem que ser dissolvido?" As palavras escaparam antes que eu pudesse detê-las. Olhei para cima, encontrando seus olhos diretamente. Minhas íris âmbar inconscientemente assumiram características de lobo enquanto eu mantinha seu olhar. Se olhares pudessem prender um Alfa, eu desejava que o meu pudesse mantê-lo aqui.
Esta era minha última tentativa. Mais uma vez, eu abaixaria minha dignidade como Alfa e tentaria mantê-lo.
"Não preciso de nenhuma compensação de território," disse suavemente, um leve apelo na minha voz que seria raro para qualquer lobo com sangue de Alfa.
A mandíbula de Paxton se apertou. Olhando em meus olhos âmbar sinceros, ele parecia reconhecer a lealdade que eu havia mostrado a ele—a lealdade única dos lobos. Mas sua expressão permaneceu inabalável.
"Você deve entender," ele disse friamente, "esta marcação foi um erro desde o início. Marcas erradas não podem ser mantidas indefinidamente. Elas precisam ser corrigidas." Sua voz carregava cansaço, seus olhos dourados de lobo revelando sua determinação. "Freya, não somos mais filhotes. Precisamos enfrentar as consequências de nossos erros do passado."
A finalidade em sua voz esmagou o pouco de esperança que eu estava nutrindo.
"Precisamos dissolver a marca," ele afirmou com firmeza.
Eu me senti verdadeiramente vazia naquele momento. Qual era o sentido de lutar por um Alfa que nem sequer suportava meu cheiro? Por que me forçar a alguém que achava minha presença repulsiva?
Meu coração estava em cinzas. Desde o início, eu tinha sido a única investida nesse relacionamento. Talvez fosse hora de deixar esse território que nunca foi realmente meu.
"Vou te informar em breve sobre o horário do ritual de dissolução," ele acrescentou.
"Entendi." Mantive minha voz estável, mascarando a dor que me rasgava por dentro.
O silêncio se estendeu desconfortavelmente até que Paxton olhou para o relógio—passava da meia-noite.
"Como estão os contratos comerciais com a alcateia Morgan?" ele perguntou de repente.
"Há alguns pequenos problemas, mas já os discuti com Lucas Morgan," respondi, meu lado estratégico ativando automaticamente. "Devemos conseguir assinar antes da próxima lua cheia."
Se não fosse por aqueles dois contratos de dissolução de marca sobre a mesa, como uma faca no meu coração, eu teria apreciado essa troca profissional. Mesmo sendo apenas parceiros de negócios, estar perto dele dava algum conforto ao meu lobo.
Paxton esfregou os olhos cansados, a pressão de Alfa ao seu redor diminuindo ligeiramente.
"Está tarde," eu disse. "Devo voltar para meu apartamento na cidade. Posso te atualizar sobre os últimos desenvolvimentos da família Morgan amanhã."
Manter o profissionalismo era minha última defesa.
"Há muitos quartos na mansão do território," ele contrapôs. "Você poderia ficar esta noite e partir amanhã."
Ficar esta noite e partir amanhã? A frase doeu. Eu realmente era apenas uma visitante temporária nesse território, não uma co-proprietária.
"Sobre a compensação pela dissolução da marca que discutimos antes," ele continuou. "Se você tiver algum pedido de território, é só dizer."
"Não tenho nenhum pedido especial," respondi, mantendo minha voz neutra.
"Vou te dar esta mansão do território, junto com aqueles territórios de lobos no Distrito Moonlight," Paxton declarou, como se estivesse dividindo bens em uma transação comercial. "Você deve ficar satisfeita com isso."
A maneira como ele falou deixou claro—nosso relacionamento de marca não tinha sido mais do que uma transação de território de lobos para ele. Me senti insultada, mas escondi minha raiva.
"Eu só quero esta mansão do território," disse friamente. Os instintos territoriais do meu lobo se mostraram na minha voz, apesar das minhas tentativas de me manter distante.
Este tinha sido nosso território compartilhado desde nossa marcação. Ele guardava nossas memórias juntos, carregava meu cheiro e rastros. Honestamente, eu não queria abrir mão desse lugar que passei a considerar meu lar.
Antes que Paxton pudesse responder, o telefone dele tocou. Às doze e meia da manhã, havia apenas uma pessoa que ligaria—Lyra.
Minha audição sensível captou a voz doce dela através do telefone. "Pax, a celebração do William não está chegando? Eu gostaria de ir com você. Quero mostrar meu respeito a ele."
A resposta de Paxton foi gentil, tão diferente do seu tom usual. "Entendo. Vou considerar. Descanse, tá bom?"
Em cinco anos de marcação com ele, ele nunca falou comigo com tal preocupação terna, nem mesmo quando eu trabalhava até tarde para o Grupo Sterling.
O contraste era tão marcante, tão doloroso que não consegui evitar dizer: "Se ela for, eu não precisarei comparecer à celebração."
