2 - A garota de coração partido

Quando Clare chegou ao quarto do hotel, jogou suas malas no canto e ficou olhando para o quarto decorado romanticamente. A cama king size tinha um grande coração feito de pétalas de rosa vermelhas e velas nos criados-mudos, um lembrete da noite que ela havia planejado para o aniversário do namorado.

Bem, ex-namorado.

Clare suspirou enquanto se sentava na cama, olhando para a caixa de bolo em suas mãos. Depois de sair do apartamento, ela foi buscar o bolo de aniversário na confeitaria, já era tarde demais para cancelar o pedido.

Deusa, fui tão tola por pensar que isso era uma boa ideia, Clare pensou consigo mesma. Provavelmente eles estavam me enganando há meses.

Clare queria chorar, mas se conteve. Já tinha derramado lágrimas suficientes por aqueles traidores e precisava pensar no seu futuro. Era a única coisa que lhe restava.

Colocando a caixa de bolo no criado-mudo, Clare pegou o celular e o abriu. Parecia que Natalie e Matthew tinham enchido seu telefone de mensagens e chamadas perdidas.

Mordendo o lábio, ela rapidamente os bloqueou, sabendo que se atendesse as ligações, eles a fariam se sentir culpada. A longa viagem até o hotel lhe deu tempo suficiente para pensar sobre seus relacionamentos e perceber que os dois sempre estavam do lado um do outro.

Ela foi tão estúpida por não ter percebido isso.

Depois de deletar as mensagens não lidas, viu que seu professor havia respondido. Clare sorriu, feliz que pelo menos uma coisa estava dando certo.

Agora só faltava resolver a papelada e amarrar as pontas soltas aqui. Não que houvesse muitas pontas soltas. Ela só precisava avisar seu Alfa que estava indo para a Cidade C, pedir demissão do emprego na loja e encontrar um apartamento.

Então ela poderia focar nos estudos e se tornar uma grande curandeira da alcateia. Sim, isso combinava muito mais com ela do que romance.

Acho que estou cansada de amor, Clare pensou. De agora em diante, vou fazer o que eu quero e não me envolver com outra pessoa. Só vai levar ao desgosto.

Suspirando, Clare se jogou na cama macia, fechando os olhos. Estava cansada, emocionalmente exausta de tudo o que havia acontecido. Não queria nada mais do que se encolher em uma bola e dormir.

Logo a escuridão tomou conta enquanto ela caía em um sono profundo.


Clare acordou em um quarto escuro, virando a cabeça para se deparar com uma bela vista da cidade. Algumas estrelas estavam no céu junto com uma lua cheia iluminando os centenas de prédios acesos.

Gemendo, Clare se sentou e olhou para o celular, vendo que eram 20h. Ela tinha dormido por algumas horas, seu rosto ainda um pouco dolorido de tanto chorar mais cedo.

Apesar de ter dormido bem por algumas horas, ainda se sentia miserável e um pouco faminta. Seu estômago roncou ao pensar em comida.

Levantando-se da cama, Clare foi para o banheiro, querendo se refrescar. Pensou em chamar o serviço de quarto, mas sentar sozinha no quarto do hotel comendo não parecia certo. Ela sabia que só ficaria pensando no que havia acontecido e no que poderia ter sido.

No final, Clare decidiu ir ao bar no andar de baixo para parar os pensamentos incômodos.

O bar estava lotado de pessoas com aparência rica. Um DJ tocava música popular e alguns jovens dançavam por perto. Havia várias cabines com pessoas sentadas e bartenders trabalhando no longo balcão, servindo bebidas.

Clare encontrou uma cabine em um canto, escondida de todos, e pediu batatas fritas e uma cerveja para uma garçonete próxima. Ela sabia que não era uma refeição adequada, mas com tudo sendo tão caro, era o que podia pagar.

Logo sua comida chegou e Clare observou o bar enquanto ele se enchia e se transformava mais em uma boate.


Xavier entrou no Bar do Hotel Lotus, se perguntando por que havia concordado em se encontrar com o Alfa da Alcateia Creekwood. O lobisomem de meia-idade era um nojento, enviando várias lobas para o quarto do hotel dele para tentar seduzi-lo.

Ele queria nada mais do que matar o outro Alfa, mas não tinha uma desculpa real para isso. Já estava em problemas suficientes com o Rei Lycan e não precisava dar ao pai mais um motivo para se decepcionar. A empresa da família certamente acabaria nas mãos do primo se ele estragasse esse acordo.

Enquanto se dirigia ao bar para pegar uma bebida, o nariz de Xavier se encheu com o forte cheiro de lavanda. Ele achou estranho, considerando que havia tantas pessoas ao redor.

Xavier balançou a cabeça, pedindo um uísque antes de se sentar no balcão. Sua mente provavelmente estava pregando peças nele. Pelo menos era o que ele pensava quando de repente avistou uma mulher triste sentada na cabine do canto.

COMPANHEIRA!

Seu lobo uivou em sua mente, Xavier percebendo que o cheiro vinha dela e que ele havia encontrado sua companheira?! Xavier tentou processar isso, tendo que repreender seu lobo que estava enlouquecendo.

Seu lobo queria saber tudo sobre a companheira, saber por que ela estava triste e matar a pessoa responsável. Seu lobo queria reivindicá-la, torná-la sua na frente de todos, mas ele não podia. Havia humanos ao redor e se descobrissem um lobisomem em sua presença...

O Rei Lycan realmente iria arrancar sua cabeça.

Respirando fundo, Xavier olhou para a pequena mulher, tentando descobrir o que fazer. Ela parecia ser uma lobisomem também, mas por algum motivo Xavier não conseguia sentir o lobo dela.

Talvez um híbrido. Mas de que tipo?

Sua pele era como porcelana, mas não brilhava como a de um vampiro. Ela tinha cabelos castanho-escuros que chegavam à cintura e olhos verde-floresta. Suas mãos eram pequenas e delicadas, não tinham garras como as de uma bruxa ou sereia. Talvez ela fosse um híbrido de humano e lobisomem?

Seja como for, Xavier decidiu que precisava falar com ela.

Mas quando ele se moveu para onde ela estava sentada, alguém o agarrou. Ele tentou se desvencilhar da pessoa e passar pela multidão.

Quando finalmente chegou à cabine dela, ela já tinha ido embora, deixando apenas um leve cheiro e Xavier ansiando por sua triste e misteriosa companheira.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo