Epílogo 1 Lyra e Rovak
Nota do Autor:
Oi pessoal, estou muito feliz que vocês chegaram até aqui. Escrevi alguns epílogos para os personagens secundários como um complemento para algumas partes da história que não foram totalmente exploradas. Este capítulo é sobre o desenvolvimento do relacionamento entre Lyra e Rovak, que acontece enquanto eles estão fugindo dos Bloodclaws. Espero que gostem!
Ponto de Vista de Lyra
A escuridão engoliu os últimos vestígios de luz enquanto continuávamos nossa fuga desesperada pela floresta. Estávamos correndo o dia todo, nos esforçando ao máximo para colocar o máximo de distância possível entre nós e nossos perseguidores. Theo dormia profundamente em meus braços, seu pequeno corpo pressionado contra o meu como se de alguma forma ele entendesse o perigo em que estávamos. Ao longe, ouvi uivos que fizeram meu coração disparar—os caçadores Bloodclaw ainda estavam nos procurando.
"Por aqui," a voz de Rovak veio à frente, baixa e firme. "Encontrei uma caverna. Podemos descansar um pouco."
Segui-o em direção a uma pequena abertura oculta atrás de rochas e vegetação densa. A entrada não era grande, mas o interior se abria o suficiente para que nós três pudéssemos descansar confortavelmente. Mal havíamos nos acomodado quando um rosnado profundo emanou das profundezas da caverna.
"Não se mova," Rovak alertou, instantaneamente em alerta. "Tem algo aqui dentro."
Senti Leona—minha loba—erguer as orelhas, instintivamente segurando Theo mais apertado contra meu peito. Rovak se moveu lentamente em direção aos recessos mais escuros da caverna, seu corpo tenso, pronto para atacar. De repente, um urso enorme avançou das sombras. Rovak se transformou imediatamente, seu pelo castanho-escuro brilhando perigosamente na tênue luz do luar que filtrava pela entrada da caverna.
A luta foi brutal, mas breve. Eu apertava Theo protetoramente contra meu peito, meu coração na garganta enquanto observava Rovak enfrentar o urso enorme. Sua forma lupina se movia com uma graça surpreendente, apesar dos ferimentos, desviando dos golpes mortais do urso enquanto mirava estrategicamente suas áreas vulneráveis. A caverna ecoava com rosnados e rugidos enquanto predador enfrentava predador.
Quando o urso se ergueu sobre as patas traseiras, imponente sobre Rovak, não pude suprimir um suspiro de medo. "Cuidado!" quis gritar, mas segurei a língua para não distraí-lo. Minha mão livre instintivamente alcançou a adaga de prata no meu cinto, embora eu soubesse que não poderia lutar segurando Theo.
Rovak fingiu ir para a esquerda, então avançou para a direita, suas mandíbulas se fechando no pescoço do urso—não para um golpe mortal, mas o suficiente para convencer a criatura de que essa caverna não valia a luta. O urso soltou um uivo de dor antes de recuar mais profundamente no sistema de cavernas, eventualmente encontrando outra saída enquanto seu cheiro se tornava distante.
Apesar de seus ferimentos ainda em cicatrização, as habilidades de combate de Rovak e sua linhagem Beta lhe deram força suficiente para afastar o urso. Quando ele voltou à forma humana, notei que o ferimento em seu lado havia reaberto, o sangue encharcando as bandagens.
"Seu ferimento..." Coloquei Theo cuidadosamente sobre minha capa antes de me aproximar de Rovak.
"Não é nada," ele tentou minimizar, mas a dor era evidente em seu rosto.
Tirei o que restava de nossas ervas medicinais e bandagens da minha mochila e fiz um gesto para que ele se sentasse. "Deixe-me ver isso."
Rovak hesitou por um momento antes de obedecer, sentando-se em uma pedra plana. Ajoelhei-me diante dele e cuidadosamente removi a bandagem encharcada de sangue. O ferimento não era fatal, mas rapidamente se infectaria se não fosse tratado adequadamente.
"Você não precisa fazer isso," ele disse baixinho, seus olhos nunca deixando meu rosto.
"Cala a boca e me deixa concentrar," respondi com uma severidade fingida, embora não pudesse evitar o pequeno sorriso que surgiu em meus lábios.
A luz da lua entrava pela entrada da caverna, lançando um brilho suave ao nosso redor. Meus dedos tocaram levemente sua pele, sentindo a tensão em seus músculos e o calor emanando dele. Enquanto limpava o ferimento, estava ciente do olhar fixo dele em mim, carregando uma emoção que eu não estava pronta para analisar.
"Você é corajosa," ele disse de repente, sua voz mais suave do que eu jamais ouvira. "Abrindo mão de tudo para proteger Theo."
"Você também é," respondi, olhando para encontrar seus olhos. "Você poderia ter escolhido não me ajudar. Não teria traído seu Alfa."
"Algumas coisas são mais importantes do que a lealdade," ele disse, estendendo a mão para gentilmente afastar uma mecha de cabelo do meu rosto.
Minha mão parou sobre seu ferimento, meu coração batendo irregularmente. Quando as coisas entre nós se tornaram tão complicadas? Talvez tenha sido naquela noite na masmorra quando vi a gentileza em seus olhos; talvez quando ele escolheu proteger Theo, uma criança sem nenhuma relação sanguínea com ele; ou talvez fosse agora, nesta caverna iluminada pela lua, dois fugitivos se encontrando.
Senti sua mão acariciar ternamente meu queixo, seu rosto se aproximando do meu. Eu não me afastei; em vez disso, me encontrei indo em direção a ele. Nossas respirações se misturaram, seus lábios quase tocando os meus...
Um choro alto quebrou o encanto. Theo havia acordado, seus gritos ecoando pela caverna.
Imediatamente voltei à realidade, terminando rapidamente a bandagem antes de correr para o lado de Theo. "Shh, pequeno, está tudo bem," sussurrei, levantando-o e balançando-o gentilmente em meus braços.
Rovak seguiu, sua expressão mostrando uma mistura de decepção e compreensão. "Ele está com fome?"
"Provavelmente," respondi, tirando o último de nosso leite em pó da mochila. "Precisaremos encontrar mais comida amanhã."
Theo se acalmou rapidamente, voltando a dormir. A noite havia se aprofundado, e todos precisávamos descansar para enfrentar os desafios do dia seguinte. Acomodei-me contra a parede da caverna, Theo dormindo pacificamente no meu braço.
Para minha surpresa, Rovak sentou-se cuidadosamente ao meu lado, um braço gentilmente envolvendo meus ombros. Tensei instintivamente, mas logo relaxei, permitindo-me encostar em seu peito. Seu queixo roçou levemente o topo da minha cabeça, um gesto que entre os lobisomens representava a mais profunda confiança e proteção.
"Durma," ele murmurou. "Eu vou vigiar vocês dois."
Naquele momento, apesar de ainda sermos fugitivos, apesar do perigo que espreitava lá fora, senti uma sensação de segurança que nunca havia conhecido antes. No abraço de Rovak, com a respiração constante de Theo, encontrei um momento de paz, um vislumbre de um futuro possível.
Enquanto fechava os olhos, sabia que, independentemente do que o amanhã traria, não estávamos mais sozinhos.
