Capítulo 3

POV da Freya

Meus dedos tamborilavam inquietos no apoio de braço enquanto eu esperava no corredor estéril do Hospital Moonshade. O cheiro de antisséptico queimava meu nariz sensível, fazendo minha loba Ember andar ansiosa dentro de mim. Verifiquei o horário novamente—vinte minutos desde que a enfermeira tinha coletado minhas amostras de sangue e me mandado esperar.

Na última semana, eu vinha acordando enjoada, mal conseguindo chegar ao banheiro antes de esvaziar o estômago. No começo, atribuí isso ao estresse—planejando a caça da matilha que se aproximava, preocupada com a condição da minha mãe e, claro, aquela noite com Ethan. Mas quando a fadiga me atingiu como um caminhão e até meu café favorito me fez engasgar, soube que algo estava errado.

O mais preocupante era o comportamento de Ember. Minha loba estava incomumente inquieta, andando de um lado para o outro e choramingando constantemente, como se estivesse protegendo algo precioso. Quando tentei me transformar dois dias atrás, a dor foi tão intensa que quase desmaiei.

"Freya Hayes?"

Olhei para cima ao ouvir meu nome, então congelei. Diante de mim, com um prontuário na mão e o jaleco branco perfeitamente passado, estava um rosto que eu não via há três anos.

"Noah?" sussurrei, mal acreditando nos meus olhos.

A expressão surpresa de Noah Fletcher se derreteu em um sorriso caloroso. "Achei que poderia ser você." Ele parecia o mesmo, mas diferente—mais alto, de ombros mais largos, com uma nova confiança em sua postura, mas ainda com aqueles olhos castanhos gentis que me confortaram em alguns dos meus dias mais sombrios.

Saltei para meus pés e bati em seu braço. "Você voltou e nem me contou?"

Ele fez uma careta, esfregando o braço com dor exagerada. "Desculpe! Acabei de voltar na semana passada. Estava planejando te surpreender assim que me estabelecesse."

Vê-lo trouxe de volta uma enxurrada de memórias—verões explorando as florestas ao redor de Duskpine Haven, minha mãe nos ensinando a identificar ervas medicinais, Noah ouvindo pacientemente enquanto eu chorava sobre a última crueldade do meu pai. Antes de tudo desmoronar, Noah tinha sido meu porto seguro.

"O que você está fazendo aqui?" perguntei. "Em um hospital de lobisomens, de todos os lugares?"

Ele abaixou a voz, olhando ao redor do corredor vazio. "Me especializei em fisiologia lupina no exterior. Com mais humanos e lobisomens se unindo hoje em dia, alguém precisa entender os desafios únicos de saúde." Seus olhos se enrugaram com humor. "Além disso, vocês são fascinantes do ponto de vista médico."

"Então agora sou um experimento científico?" brinquei.

Seu sorriso desapareceu quando seu olhar caiu no papel em minha mão. A curiosidade profissional substituiu a conversa amigável em um instante.

"Freya," ele disse suavemente, "você está grávida."

O mundo girou. "O quê?"

Noah gentilmente segurou meu braço e me guiou de volta ao meu assento. "Os níveis hormonais são inconfundíveis."

Dentro de mim, Ember latiu e girou em círculos de alegria, irradiando uma proteção feroz que eu nunca tinha sentido dela antes. Minha loba sabia o tempo todo—ela estava tentando proteger nosso filhote.

"Isso é impossível," sussurrei, mesmo enquanto minha mente voltava àquela noite com Ethan. Uma noite. Uma vez. Mas o timing... exatamente um mês atrás.

Noah me levou para uma sala de consulta vazia, fechando a porta para privacidade. "Gravidezes de sangue misto podem ser complicadas," ele explicou, mudando completamente para o modo médico. "Sua genética humana tornará a gravidez mais instável do que para fêmeas de sangue puro."

Minha mão instintivamente foi para meu estômago ainda plano. "O bebê está em perigo?"

"Não necessariamente, mas você precisará de monitoramento cuidadoso." Seus olhos suavizaram. "Ethan é o pai?"

Assenti em silêncio, ainda processando. Um bebê. O bebê de Ethan. Nosso bebê.

"Você precisará evitar certas ervas que podem afetar o desenvolvimento dos filhotes de lobo," Noah continuou, pegando um bloco de notas. "Beladona, obviamente, mas também freixo-da-montanha, visco—"

"Noah," interrompi, minha mente de repente conectando a alegria de uma nova vida com a tristeza pela condição da minha mãe. "Eu sei que é muita coisa para absorver, mas ouvir sobre o bebê me faz pensar na minha mãe. Se ela estivesse acordada..." Minha voz falhou. "Você tem acompanhado a condição da minha mãe? Sempre me perguntei se poderia haver algo mais que pudéssemos tentar."

A notícia da gravidez havia despertado um desejo que eu geralmente mantinha enterrado — o desejo de que minha mãe pudesse estar aqui para me guiar nisso, para colocar sua mão na minha barriga e dizer que tudo ficaria bem. Isabella Carter deveria estar se preparando para se tornar avó, não deitada inconsciente em uma cama de hospital.

A expressão dele mudou. "Tenho, sim. Na verdade, esse é outro motivo pelo qual voltei. Tenho pesquisado tratamentos que podem ajudar pacientes como Isabella." Ele hesitou. "Gostaria de examiná-la, se você permitir."

Assenti, grata. Apesar do choque da minha gravidez, saber que Noah poderia ajudar minha mãe aliviou meu coração.

"Você..." hesitei. "Você poderia ser meu médico nesta gravidez?"

Algo brilhou nos olhos dele — preocupação, talvez até mágoa — antes de ele sorrir. "Claro, Freya. O que você precisar."

De volta ao meu carro, descansei a testa contra o volante, tentando entender tudo. Ember estava praticamente dançando de excitação, pressionando contra minha consciência.

"Nossa cria, nossa cria!" ela gritou de alegria. "Precisa proteger. Precisa contar ao Alfa."

"Nosso contrato só tem mais um ano," lembrei-a em voz alta. "Esse bebê muda tudo."

Mas será que muda? Será que Ethan sequer gostaria de ter um filho comigo? Um filho de uma mestiça?

Liguei o carro, decisão tomada. Eu contaria a ele hoje à noite. Prepararia sua refeição favorita, criaria um ambiente acolhedor e simplesmente contaria a verdade. Talvez, só talvez, essa criança pudesse ajudá-lo a ver o que eu sabia desde aquele dia na floresta — que nós pertencemos um ao outro.

No Solar Lua Prateada, parei primeiro na minha pequena oficina, buscando conforto no familiar. Passei os dedos pelas ferramentas de prata da minha mãe, sentindo sua presença mesmo depois de todos esses anos. Na minha bancada estava um pingente de prata meio acabado, desenhado para homenagear Ember. Talvez eu devesse fazer um para nossa cria também.

Na cozinha, preparei cuidadosamente bifes de veado com legumes assados, a refeição favorita de Ethan. Olivia me ajudou a arrumar a mesa de jantar com nossa melhor prataria.

"Você parece diferente hoje, Sra. Blackwood," ela observou, seus olhos atentos não deixando passar nada.

Apenas sorri. "Apenas esperançosa, Olivia."

Quando se aproximava das seis horas, vesti um simples vestido azul que destacava meus olhos. Passei um pouco de perfume nos pulsos e no pescoço — algo que raramente fazia ultimamente. A sala de jantar estava perfeita: velas lançando um brilho acolhedor sobre a mesa polida, sua refeição favorita arrumada com cuidado, uma garrafa do vinho que ele preferia respirando por perto. Repeti as palavras várias vezes na minha cabeça, imaginando seu rosto quando eu contasse. Haveria alegria? Choque? Talvez essa fosse a ponte que finalmente nos conectaria.

Meus dedos traçavam nervosamente padrões nos talheres de prata enquanto eu esperava, ouvindo pelo som do carro dele na entrada. Ember murmurava contente dentro de mim, confiante de maneiras que eu não conseguia ser. Seis e quinze chegaram. Depois seis e meia. Reorganizei as flores, endireitei os talheres que já estavam perfeitamente alinhados, e acendi as velas novamente quando queimaram demais.

Quando Olivia entrou na sala de jantar às sete, seus passos lentos e hesitantes, sua expressão me disse tudo antes que ela falasse. A esperança que vinha crescendo a tarde toda desmoronou ao meu redor como vidro quebrado.

"Sinto muito, Sra. Blackwood. O Alfa foi ao aeroporto buscar a Srta. Riley. Provavelmente não voltará esta noite."

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo