Capítulo 3
Jacob.
— Jacob, temos um problema. - Ronie entrou na minha sala com o rosto pálido. - Roubaram nosso design, olha só. - Ela me mostrou uma matéria onde a McLaren apresentava o esboço do meu sedã como seu próximo lançamento. - Os alemães ligaram furiosos, querem que devolvamos o adiantamento que nos deram.
— Maldição! - Bati com o punho fechado na mesa, fazendo Ronie se sobressaltar. - Como diabos isso aconteceu? SOMENTE VOCÊ E EU CONHECÍAMOS O ESBOÇO! - Gritei, a fúria tomando cada centímetro do meu corpo.
— Não sei! Talvez alguém no restaurante... Espero que você não pense que fui eu, Jacob. - Ela disse indignada, com os olhos brilhando, à beira das lágrimas.
— Sabe o que isso significa? - Comecei a andar de um lado para o outro. - Teremos que devolver esse adiantamento e torcer para os alemães não acharem que tentamos enganá-los. Primeiro, tente convencê-los a aceitar outro design. Eu prometo entregá-lo amanhã mesmo e rezarei para que aceitem. Vai! - Ordenei. Ela assentiu sem dizer nada e saiu da minha sala.
Num acesso de raiva, joguei tudo o que estava sobre a mesa no chão, dei outro soco forte, meu peito subia e descia rapidamente. Se meu plano não desse certo, teria que aceitar a absurda ideia de casamento que minha mãe estava planejando. Se os alemães dissessem não, minha empresa ficaria no vermelho. Precisaria do dinheiro dos Morgan, o que tenho me negado a aceitar, e isso significaria que controlariam minha vida.
(…)
O chão do meu escritório estava coberto de papéis. Tentava me concentrar para fazer um novo design, mas estava tão preocupado e irritado que a inspiração sumiu. Amassei mais uma folha de papel, insatisfeito com o que havia desenhado. Recostei-me na cadeira, fechando os olhos e respirando fundo. Quando ouvi a porta se abrindo lentamente, abri um dos olhos. O semblante de Ronie não era bom. Sabia que os alemães tinham recusado antes mesmo de ela dizer uma palavra.
— Vou ter que me casar. - Soltei, num tom resignado. - Vou brigar pelo comando das empresas Morgan contra meu primo.
Levantei-me da cadeira, passei por Ronie. Precisava sair dali e extravasar minha raiva.
— Quer que eu vá com você? - Ela perguntou com gentileza.
— Não, quero ficar sozinho.
(…)
O ar no ringue é denso. Sempre venho aqui para deixar fluir minhas emoções negativas, coberto por um suor palpável e pelo eco dos golpes que desferi no meu treinador. Estou de pé, com os pés firmemente plantados no chão, sentindo a textura áspera sob meus tênis, e minhas mãos enfaixadas, prontas para absorver cada impacto. Cada respiração é um lembrete da energia cheia de raiva que flui por mim, funcionando como adrenalina bombeando nas minhas veias.
Cada golpe que lanço ecoa no ar, um estalo que libera a frustração. Ao desferir o último golpe, paro por um momento, respirando fundo, a satisfação de ter superado meus limites me inunda. Dou um tapa de luva no meu treinador, que desce rapidamente. Dei uma surra nele. Neste ringue, não treino só meu corpo, mas também minha mente. Aqui é onde forjo minha força e descarrego o mau humor, onde minha inspiração flui.
Ao sair do chuveiro, ouço meu celular no armário. Vejo o nome da minha mãe.
— Mãe. - Atendo com seriedade.
— Ainda está bravo comigo, meu príncipe? - Esse tom meloso eu já conhecia, era sinal de que ela ia me pedir algo.
— Não. O que vai me pedir, mãe? - Fui direto ao ponto.
— Quero que me acompanhe amanhã para ver uma moça, quero encontrar alguém de quem você goste, querida — Suplicou do outro lado. Por mais que odiasse a ideia, agora não tinha outra opção.
— Está bem, me manda o endereço — Ele deu um grito de alegria, me deixando surda.
— Fico feliz que tenha mudado de ideia. Te escrevo com o endereço da mansão dos Redmond.
Na manhã seguinte.
Estacionei em frente à mansão dos Redmond. Eles têm dinheiro, é óbvio, eu poderia tirar proveito da minha nova esposa. Franzi o nariz, negando com a cabeça; esse não é o meu estilo. Mas, por outro lado, Ronie tinha razão. Deve ser uma menina mimada que gosta de gastar e gastar, mas já estou aqui. Esse estúpido compromisso vai me servir para alguma coisa. Pelo menos sei que meu primo Derek não está comprometido com ninguém, estaria um passo à frente.
— Faça sua melhor atuação, Jacob.
Natalia.
Dois dias se passaram desde aquele evento desagradável e nojento com meu tio. Ontem à noite tive que me trancar completamente, mas a tranca da porta não me deu confiança suficiente para dormir. Fiz um grande esforço para cobrir as olheiras com corretivo, como a maquiadora no centro de estética me ensinou.
— Minha menina — Ermita entrou no meu quarto. Ela me conhecia melhor que ninguém e sabia que algo estava acontecendo, mas eu apenas disse que eram os nervos. Felizmente, ontem à noite meu tio não tentou entrar no meu quarto novamente e tem me evitado. — Sua tia mandou te chamar, desça imediatamente.
— Obrigada, Ermita — Sorri. Me olhei no espelho uma última vez, passei um pouco de perfume no pescoço, alisei o vestido estampado escolhido pela minha tia e saí do quarto. Enquanto me aproximava das escadas, ouvia as risadas que vinham da sala. Minhas pernas tremiam, isso tinha que sair perfeito.
— Oh, sobrinha querida! — Minha tia se aproximou, me envolvendo. Eu estava surpresa com sua atuação carinhosa. Ao desviar os olhos, avistei no sofá uma mulher muito elegante, que poderia ter a mesma idade da minha tia, mas estava mais bem conservada e tinha um gesto amável. — Caroline, quero te apresentar a minha sobrinha, Natalia. — Expressou minha tia, mostrando todos os dentes em um grande sorriso.
— Natalia, que lindo nome — A mulher estendeu a mão, sorrindo com amabilidade. — Além disso, você é linda, sua tia foi modesta ao descrever sua beleza.
— É um prazer conhecê-la, senhora Morgan — Sorri, enrubescendo. — Bem-vinda.
— Aaaw! Você é linda, elegante e adorável. Se meu filho não se apaixonar por você, ele é um completo idiota. — Sorri sem abrir os lábios. Nesse momento, a voz grave e imponente de um homem interrompeu os sorrisos animados das duas mulheres, e todas nós nos viramos ao mesmo tempo para vê-lo.
— Eu também te amo, mãe. Boa tarde.
Ao vê-lo, meu coração palpitou forte. Um adônis estava parado diante de nós, vestindo um terno feito sob medida, com olhos verdes preciosos, mas o olhar era frio e intimidante. Seu cabelo, de um profundo castanho, caía em suaves ondas sobre a testa, enquanto a mandíbula marcada e as maçãs do rosto bem definidas lhe davam um ar de distinção quase aristocrática. Vi ele se aproximar e, de imediato, sua presença me deixou sem fôlego. Era como se o ar ao seu redor ficasse mais denso, carregado de uma energia que atraía todos os olhares. Sua figura, alta e esbelta, irradiava confiança; cada passo ressoava com uma elegância natural que sem dúvida o fazia destacar. Era um homem que não apenas se parecia bem, mas também possuía uma força e um magnetismo que o tornavam verdadeiramente imponente. Na sua presença, sentia que o tempo e tudo ao meu redor desapareciam e tudo o que queria era me aproximar dele.
