Capítulo 4
Jacob.-
Ao chegar na entrada, fui recebido por uma mulher mais velha, que me olhava encantada e sorridente. "Seja amável, seja amável, Jacob", eu repetia mentalmente.
— Bom dia, senhora. Minha mãe, Caroline Morgan, está me esperando. — Ofereci meu sorriso diplomático, que fez a senhora corar.
— Claro, jovem, pode entrar. — Passei por ela arrastando os pés, com as mãos nos bolsos. Ouvi a risada da minha mãe, o que não era um bom sinal para mim. Parei ao ouvir o comentário dela.
— Aaaw! Você é linda, elegante e adorável! Se meu filho não se apaixonar por você, ele é um completo idiota. — Revirei os olhos e resolvi fazer minha presença ser notada.
— Eu também te amo, mãe. — As três mulheres se viraram ao mesmo tempo, mas somente uma prendeu completamente minha atenção. Os olhos verdes claros dela estavam fixos nos meus, hipnotizantes, profundos e cheios de vida. Um rosto lindo que parecia ter sido esculpido por um artista; cada traço, desde seu nariz delicado até seus lábios carnudos, era perfeitamente contornado. Vestia um vestido que abraçava sua figura com sutileza, acentuando sua elegância natural. Droga, não esperava que ela fosse tão gostosa!
— Oh, querido Jacob, acho que encontramos uma escolhida! — Minha mãe se aproximou com os braços abertos, deixando um sonoro beijo na minha bochecha. — Quero te apresentar a Natalia Redmond. Natalia, este é meu filho, Jacob Morgan. — Ela expressou com orgulho.
— É um prazer conhecê-lo. — Ela estendeu a mão trêmula na minha direção, com as bochechas adoravelmente coradas.
— Prazer, Natalia. — A suavidade da pele dela enviou um choque elétrico por todo o meu corpo, deixando minha pele em chamas. — Espero que minha mãe não tenha apontado uma arma para te obrigar a ser minha esposa.
— Ai, meu Deus, Jacob! Você me conhece. — Replicou minha mãe, com um gesto de profunda indignação.
— Por isso mesmo que eu falo isso. — Respondi sem tirar os olhos de Natalia.
— Fedora, acho que devemos deixar os pombinhos para que se conheçam. — Disse animada, ignorando meu comentário.
— Claro, querida. Natalia, leve Jacob ao jardim. Em um momento faremos chegar alguns aperitivos.
A jovem assentiu, olhando-me fixamente e se virou. Deixei as duas mulheres comemorando, meus olhos se desviaram para as redondas e perfeitas nádegas de Natalia. Isso não estava saindo como eu esperava, não deveria estar gostando dessa mulher. Desviei o olhar para as flores do jardim.
— Vocês têm uma linda casa. — Disse para organizar meus pensamentos, tocando em qualquer assunto.
— Obrigada, é dos meus tios. — Respondeu, dando de ombros. — Posso perguntar por que está sendo obrigado a se casar? — A pergunta dela me pegou de surpresa.
— Uhm… minha mãe quer que eu me acomode. — Fiz uma careta séria. — Ser um Morgan significa que sua vida pertence à família inteira e aos seus interesses.
— Você não quer se casar. — Afirmou em um sussurro.
— Não. — Falei incisivamente. — Porém... quero deixar as coisas bem claras, vejo que você agradou minha mãe, mas não vou deixar que ela comande esse circo do jeito dela. Posso te propor algo, tenho certeza de que vai te interessar, assim ambos ficaremos satisfeitos e obteremos benefícios iguais.
— A que você se refere? — A confusão era evidente, mas havia certo interesse em seus olhos.
— Bem... — Olhei em volta para ter certeza de que minha mãe não ia me ouvir. — Proponho um casamento por contrato. Estaremos casados por um ano ou até que minha avó decida me fazer presidente das empresas da família. Vamos demonstrar que somos um casal feliz para todos, mas cada um poderá viver sua vida como quiser. Estabelecemos nossas cláusulas. Se aceitar, eu lhe darei tudo o que quiser. — Ao mencionar isso, vi o brilho resplandecente em seu olhar. Eram palavras mágicas para uma mulher: oferecer uma vida cheia de luxos e estabilidade econômica. — A única coisa que precisa fazer é se comportar como uma esposa de moral intocável, obediente, uma digna esposa da sociedade. — Seus olhos vacilaram, desviando o olhar. — Esse acordo pode ficar entre nós, ninguém mais precisa saber.
— Vou ter que pensar... — Abri os olhos de surpresa. — Seja por contrato ou não, não pretendo ser uma esposa-troféu. Sei que nesses casos o amor é inexistente, mas pelo menos desejo ter um companheiro ou amigo que me respeite e valorize. Nós poderíamos dar apoio mútuo para alcançar nossos objetivos.
— E quais são os seus objetivos? — Perguntei com curiosidade.
— Você mesmo disse, cada um faz com a sua vida o que quiser. Você quer se casar pelo título, eu faria isso para ser livre. Não vou sair de uma jaula de ouro para me prender em outra.
— Minha mãe se enganou sobre você — Sorri com ironia. — Estou buscando submissão, porque a futura senhora Morgan deve se comportar à altura.
— Tenho sonhos e metas, senhor Morgan. Se você procura uma mulher só para servi-lo, beijando o chão por onde passa por alguns vestidos bonitos e joias, sim, com certeza se enganou comigo. — Ela respondeu com altivez, sem desviar os olhos dos meus. Sim, essa garota tinha garra, mas eu não ia ceder aos seus caprichos. Era evidente que não era uma mulher que se deixaria manipular, algo que não me convinha. Levantei-me, abotoando o casaco.
— Foi um prazer, senhorita Redmond. — Virei-me sem dizer mais nada e fui para a sala onde minha mãe e a tia de Natalia sorriram enquanto tomavam chá. Passei por elas.
— Jacob! — Parei ao ouvir minha mãe. — Aonde você vai?
— Vou embora, mãe. Ela não é a indicada. — Não disse mais nada e saí, acelerando o passo, ainda sentindo a eletricidade percorrendo meu corpo. A última coisa que eu precisava na vida era ter ao lado uma mulher que desafiasse e questionasse meus mandatos. Já tenho problemas suficientes. Subi na minha caminhonete, o rangido dos pneus ecoando por todos os lados, e acelerei, deixando para trás este lugar, deixando para trás o encontro com Natalia. Vou encontrar uma maneira de levar a empresa adiante, não preciso de um casamento nem dos Morgans. Até agora, se consegui seguir sozinho, posso continuar.
(…)
O som insistente do meu celular retumbava nos meus ouvidos mais uma vez. Pela décima vez, minha mãe ligava. Eu não estava com disposição para ouvir sua cantilena e reprovação. Fechei os olhos, deixando que o álcool me fizesse esquecer aqueles olhos verdes lindos. Não, o amor não é para mim. Ela é muito bonita, não posso negar, mas não vou cair. Definitivamente, não.
