Capítulo 5

Natalia.-

Depois de ver Jacob Morgan sair, reagi e meus nervos tomaram conta de mim. Minha tia certamente ficaria furiosa por eu não ter aceitado sua proposta, mas não me importo. Pois, no fundo, se aquele homem descobrisse que tenho uma filha fruto de uma noite de bebedeira, ele me humilharia. Meu objetivo é encontrar alguém que me ajude a encontrar minha filha, não alguém que me julgue e se torne meu inimigo.

(…)

Eu estava nervosa, andando de um lado para o outro no meu quarto, esperando a reação de Fedora, e não tive que esperar muito. A porta se abriu de repente e a primeira bofetada me pegou desprevenida, deixando-me em choque e com a bochecha ardendo de dor.

— O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ COM JACOB MORGAN?! VOCÊ ARRUINOU TUDO! –Ela igualou minha outra bochecha com outra bofetada. –Gastei muito dinheiro em você para nada.

— Tia –As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem parar. –Aquele homem não é burro, ele deixou bem claro que não quer se casar.

— Você só tinha que seduzi-lo! –Senti suas unhas cravando-se no meu couro cabeludo quando ela puxou meu cabelo, jogando minha cabeça para trás. –Envolvê-lo ou será que você só precisa de álcool para abrir as pernas e virar uma vadia? Você engravidou de um pobretão, pariu uma bastarda, mas com Jacob Morgan resolveu fazer jogo duro? Não sei como, mas você vai resolver isso, Natalia. Você vai se casar com aquele homem de qualquer jeito, senão vou ligar para quem está com sua filha bastarda e dar a ordem para que ela seja adotada e você nunca mais vai ouvir falar dela.

— Por favor, tia, não! –Me ajoelhei, suplicando aos seus pés. –Por favor, não faça isso! –Chorei descontroladamente, mas o olhar frio e cheio de maldade dela me fez perceber que ela falava sério se eu não fizesse o que ela queria. –Amanhã mesmo vou procurar Jacob Morgan e pedir que ele se case comigo, mas por favor, não dê minha menina!

— É bom que você cumpra e volte aqui com uma resposta positiva, senão se prepare para as consequências, Natalia. –Ela saiu do quarto, batendo a porta.

Me deitei no chão, tentando fazer com que meu choro aliviasse toda a minha angústia. Engatinhei até a cama e, debaixo do travesseiro, escondia a única foto que tinha do meu bebê. Dei um beijo nela, como sempre faço, e a coloquei sobre meu peito. O sofrimento por não tê-la ao meu lado me envolvia como uma névoa densa, pesada e opressiva, que parecia não ter fim.

— Farei de tudo para te recuperar, minha princesa, tudo.

(…)

Acordei de madrugada para me preparar. Escolhi um bonito vestido azul-celeste e me coloquei em frente ao espelho, tentando cobrir com maquiagem o inchaço dos meus olhos e as marcas dos dedos de Fedora, que ainda deixavam vestígios da nossa discussão de ontem. Um toque de maquiagem sutil e os cabelos soltos em ondas, caindo como uma cascata dourada, era o que eu esperava ser suficiente para convencer Jacob Morgan a se casar comigo.

Na noite passada, depois de horas sentada no chão, abraçando a foto de Lucía — o nome que dei à minha pequena porque ela é aquele raio de luz que ilumina minha vida inteira —, estive investigando o endereço da empresa de Jacob Morgan. Fiquei surpresa ao descobrir que ele trabalha com criação e design automotivo. Fiquei fascinada, porque daria o que não tenho para trabalhar naquele lugar. Olhei as horas no meu relógio e decidi sair. Não queria me deparar com Fedora ou com meu tio. Peguei minha bolsa e meu casaco e, antes de sair, dei um beijo na foto de Lucia e a escondi debaixo do meu travesseiro.

Minhas tentativas de sair sem ser notada foram por água abaixo quando fui interceptada pelo meu tio, que me segurou com força pelo braço, me empurrando contra a parede.

— Para onde você vai, toda arrumada, minha sobrinha linda? — Meu estômago se revirou ao sentir o cheiro do seu hálito batendo no meu rosto.

— Vou cumprir as ordens da minha tia.

— Ah, com Jacob Morgan! — Ele sorriu, fixando o olhar no meu decote e lambendo os lábios. — Muito bem, preciso do dinheiro desse idiota para os meus negócios. O escritório de advocacia não tem ido bem ultimamente, então eu também espero que você cumpra. Mas, antes de se casar com ele e ser sua mulher, você será minha primeiro. — Sua mão começou a deslizar pela minha coxa.

— Tio, não faça isso — supliquei com a voz entrecortada de medo.

— Shh! Já o que você tinha que cuidar foi perdido há muito tempo, sobrinha. Pode me dar isso também.

— Tenho que ir embora — afastei-o como pude e desci rapidamente as escadas correndo, uma lágrima escorreu por minha bochecha. Era só o que me faltava, minha tia me vendendo ao melhor lance e me chantageando, e seu marido me assediando. Neste momento, ser a submissa de Jacob Morgan seria a melhor coisa que poderia me acontecer.

(...)

Desci uma quadra antes, o trânsito estava insuportável na cidade, e caminhei até o edifício onde ficava a empresa de Jacob Morgan. Não era um edifício muito alto, como os que você costuma ver aqui em Nova York, mas o que não lhe faltava era elegância e bom gosto.

— Parece com seu dono — suspirei antes de atravessar a avenida.

Ao entrar no edifício, um pequeno saguão e uma mesa de recepção dão as boas-vindas aos visitantes. A recepcionista, uma garota de estatura baixa e cabelo perfeitamente preso em um rabo de cavalo, com seu uniforme impecável, dava ainda mais elegância ao ambiente. Eu a vi mexer os lábios apertando o fone que pendia da orelha. Parei em frente a ela com um sorriso amigável.

— Bem-vinda à JCM Motors! Em que posso ajudá-la? — a garota me recebeu animada.

— Bom dia, venho ver o senhor Jacob Morgan.

— Você tem um horário marcado? — mordi o lábio e neguei com a cabeça. — Sinto muito, mas o senhor Morgan só atende com horário marcado.

— Entendo, mas é muito importante que eu fale com ele. Você acha que poderia esperar aqui dentro até ele chegar?

— Ele não costuma passar por aqui. Tem um elevador exclusivo que vai do estacionamento diretamente para o seu escritório... Ah, mas veja só, você deu sorte. A assistente dele está chegando! — Ela apontou para a porta. Ao me virar, vi uma mulher de cabelos castanhos lisos e olhos castanhos quase negros. Era muito bonita e caminhava com elegância e confiança, como se fosse a chefe.

— Senhorita Verônica — ela parou quando a recepcionista a chamou. Tanta beleza era proporcional à sua arrogância e soberba, era visível. — A senhorita... — a recepcionista esperou que eu dissesse meu nome, percebendo que não havia mencionado isso na breve conversa anterior.

— Ah! Natalia Redmond.

— A senhorita Natalia deseja falar com o chefe.

— E você, quem é? — perguntou a assistente, me olhando de cima a baixo com certo desdém.

— Hum... O senhor Jacob e eu nos conhecemos ontem e... — não consegui terminar de dar as informações quando a mulher bufou e revirou os olhos.

— Olha, se você veio aqui atrás de um segundo encontro com Jacob, perdeu seu tempo. Ele não recebe suas amantes aqui. Espere-o no bordel ou no bar onde o conheceu. Aqui é uma empresa séria — o tom de voz dela era puro desprezo e sarcasmo na máxima expressão.

— Desculpe? — foi tudo o que consegui responder. Estava bem vestida, de maneira simples, sim, mas minha aparência não era de uma prostituta. Não podia acreditar que essa mulher estava me tratando como se eu fosse qualquer uma.

— O que está acontecendo aqui? — uma voz atrás de mim fez meu coração congelar, uma voz que minha mente havia gravado com detalhes. Meu corpo estático não podia nem sequer se virar para vê-lo.

— Bom dia, Jacob! — Sua assistente mudou seu semblante arrogante para um grande sorriso terno, aproximando-se dele. Ouvi quando ela lhe deu um grande beijo na bochecha. — Não está acontecendo nada, só que esta... senhorita veio falar com você, mas eu acabei de dizer que...

— Natalia? — ouvir meu nome em seus lábios fez cada fibra do meu corpo vibrar, levando uma descarga por toda a minha pele, acelerando meu coração. Nenhum homem havia feito meu corpo reagir dessa maneira como ele estava fazendo. Isso podia significar um problema. Não podia ter sentimentos por ele, de jeito nenhum.

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