Quatro

Eira

O ódio em seus olhos era visceral, e eu sabia, lá no fundo, que neste inferno em que estava presa, não havia escapatória—nenhuma chance de sobrevivência.

“Agora tire a roupa,” ele ordenou, sua voz carregada de fogo, a fúria em seus olhos queimando minha alma.

Ele não me odiava? Então por que estava me ordenando assim? Por que ele queria meu corpo?

Balancei a cabeça, a vontade de implorar crescendo dentro de mim, de pedir que ele me dissesse o que eu tinha feito para merecer isso. O que eu tinha feito para ele me odiar tanto?

“Não vou dizer de novo, Eira. Tire essas malditas roupas!”

Balancei a cabeça, lágrimas caindo livremente, cegando minha visão enquanto eu estava ali, congelada sob seu comando. Suas palavras pareciam um chicote, cada uma rasgando-me por dentro.

Eu não podia fazer isso. Eu não devia. Eu tinha que lutar. Eu tinha que resistir. Havia de haver uma saída.

Empurrei-me da cama, meus membros tremendo, coração disparado, mas seus olhos não me deixaram. Eles seguiam cada movimento, seus lábios se curvando naquele maldito sorriso, o que eu tinha aprendido a temer.

“Vejo que você quer brincar,” ele disse, suas mãos mergulhando nos bolsos enquanto ele ficava ali, me observando, seus olhos frios, avaliando.

Ele não se movia, e eu odiava a quietude. A maneira como ele me fazia sentir como uma presa, presa em seu olhar. Era como se ele pudesse ver cada pensamento, cada possível plano de fuga em minha mente.

“Vai em frente, passarinha,” ele provocou, sua voz como gelo. “Faça.”

Eu olhei de volta, a fúria crescendo dentro de mim, espessa e sufocante. Mas por baixo da raiva, algo mais profundo permanecia em seus olhos—um ódio visceral e gutural que parecia rasgar seu caminho até a superfície, um ódio tão intenso que ameaçava me afogar.

Ele não tinha direito. Nenhum direito de me olhar assim, de me tratar como se eu fosse nada.

A família de Katz estava destruída—aniquilada por suas mãos. Ele havia obliterado minha vida, tirado tudo que eu conhecia e amava, e agora queria me reduzir a nada. Tirar minha dignidade, minha alma.

Seus olhos não eram apenas frios; eram vazios. Frios, cruéis e desprovidos de humanidade.

Olhei para a porta, depois para ele, calculando. Eu não tinha tempo a perder. Meu coração trovejava em meu peito enquanto pensava em minha fuga. Ele estava me observando, mas me deixaria ir?

“Com medo que eu te pegue antes de você chegar à porta?” Sua voz era afiada, zombeteira, o desafio claro nela.

Eu não podia deixá-lo vencer. Eu não iria cair sem lutar.

Com um último, desesperado suspiro, corri para a porta.

Mas, para minha surpresa, ele não me perseguiu. Não me parou.

Agarrei a maçaneta, torci-a e saí correndo, meu coração disparado enquanto eu batia a porta atrás de mim.

A mansão era enorme. Eu podia ver a vastidão dela agora enquanto olhava em volta. Se eu fosse rápida, poderia conseguir.

Desci as escadas correndo, minha respiração saindo em arfadas irregulares. Olhei para trás uma vez, duas vezes, mas não havia ninguém me seguindo—ainda não. O silêncio na casa era inquietante. Eu esperava ouvir o movimento dos empregados ou guardas, mas o lugar parecia um túmulo.

Eu não podia parar. Não agora. Talvez essa fosse minha única chance.

Me esforcei mais, a adrenalina correndo por meu corpo enquanto eu avançava pelos corredores. Desci outra escada. Através de corredores que pareciam intermináveis.

Finalmente cheguei à porta. Dois homens grandes estavam de guarda. Eu não fui rápida o suficiente para repensar meu plano.

Então, eles fizeram algo estranho—ambos tocaram seus fones de ouvido, comunicando algo que eu não podia ouvir. Um momento depois, eles correram em outra direção, como se fossem chamados.

Meu coração parou, e eu aproveitei minha chance. Corri pela porta, sentindo o peso de cada passo enquanto corria o mais rápido que podia. O ar fresco da noite atingiu minha pele, e eu mal percebi a distância entre mim e a mansão.

Continuei correndo. A sensação de liberdade estava quase ao meu alcance.

Mas então aconteceu.

Tropecei, a realização me atingindo enquanto a vasta propriedade se abria diante de mim. Os homens não tinham ido longe. A porta dos fundos. O caminho que eles tinham tomado—o que eu não tinha percebido até que fosse tarde demais.

Antes que eu pudesse processar qualquer coisa, uma presença surgiu atrás de mim.

A próxima coisa que percebi foi que fui levantada do chão, meu corpo arrastado pelo ar como uma boneca de pano.

Eu não tive nem tempo de gritar. Estava de volta dentro da casa em segundos, jogada no chão enquanto a porta se fechava com força atrás de mim.

Desta vez, não houve escadas. Eles me levaram direto para o elevador. Eu mal tive tempo de pensar antes de ser depositada de volta no quarto, a porta trancando atrás de mim.

Lá estava ele, sentado na mesma cadeira, parecendo que estava esperando por mim. Seus olhos eram frios, mas havia algo mais sombrio por trás deles, algo que fez meu sangue gelar.

"Veja quem está de volta," ele zombou, sua voz carregada de desdém.

Eu não respondi. Em vez disso, me levantei rapidamente, meu corpo tremendo de raiva, mas mais ainda de impotência que me consumia.

"Onde estou? Que porra é este lugar?" Eu exigi, minha voz quebrando apesar das tentativas de soar forte.

Um sorriso irônico surgiu em seus lábios. "Em algum lugar bem longe de casa," ele respondeu, sua voz carregada de algo que fez minha pele arrepiar.

Então ele se levantou, caminhando em minha direção com um passo lento e deliberado, como se estivesse saboreando o momento.

Eu nem tinha registrado a mudança no ar antes de sua mão estar ao redor do meu pescoço, me levantando do chão sem esforço, seu aperto apertando apenas o suficiente para fazer minha respiração falhar.

"Já tive o suficiente dos seus jogos," ele rosnou, me jogando na cama com uma força que me deixou ofegante.

Antes que eu pudesse tentar me mover, senti o rasgar do tecido, o som das minhas roupas sendo arrancadas do meu corpo.

"Me deixe ir!" Eu gritei, batendo meus punhos contra ele, mas era como bater em uma parede. Ele não se movia.

"Me deixe em paz, seu monstro! Me deixe ir!"

Seus olhos nunca deixaram os meus, frios e indiferentes, mesmo enquanto removia a última peça da minha roupa.

O ar estava pesado com tensão, sufocante. Eu odiava a maneira como ele me olhava, como parecia tirar prazer da minha dor.

"Você vai ficar quieta e ser a vadia obediente que eu vou treinar, ou será esta prostituta, e eu vou te tratar como uma," ele disse, sua mão esquerda ainda apertada no meu pescoço, mas não tão forte. "A última opção funcionaria bem para mim."

Sua mão apertou meu pescoço novamente, mas desta vez, não foi o suficiente para cortar completamente meu ar. Foi um lembrete.

O mundo parecia pesado enquanto seu olhar penetrava o meu.

"Não..." Eu soltei, agora implorando para ele. "Por favor, não... faça..." E em um momento rápido, sem ele tentar ser gentil enquanto seus olhos mantinham aquele sorriso, o diabo empurrou seu comprimento violentamente e completamente em meu núcleo.

E então, antes que eu pudesse compreender o que estava acontecendo, eu o senti—seu corpo pressionando contra o meu em uma investida brutal, forçando-se dentro de mim.

A dor era excruciante. Meu corpo ardia, rasgado, e eu não pude conter o grito que saiu da minha garganta.

"Ahhh!" A dor era insuportável. Parecia que meu corpo inteiro estava sendo despedaçado naquele momento, cada movimento rasgando-me, tanto fisicamente quanto emocionalmente.

Seus olhos brilharam com algo parecido com surpresa, mas isso desapareceu em um instante, deixando apenas uma satisfação fria.

"Maldita virgem," ele cuspiu, suas palavras venenosas. "Bom. Eu teria que matá-lo se você não fosse."

Lágrimas embaçaram minha visão enquanto eu estava deitada ali, quebrada. Suas palavras cruéis eram como punhais, cada uma perfurando mais fundo que a última.

O rosto de Felix passou pela minha mente, sua tristeza, sua decepção. Nós sonhamos com este momento, mas agora, eu estava perdendo para este monstro. Para o homem que havia tirado tudo de mim.

Amor. Família. Vida. Dignidade.

Ele me reivindicou, não com cuidado, mas com violência. Seu ato brutal selou meu destino.

"Eu te odeio!" Eu gritei, as palavras sufocadas por lágrimas, mas ele não parou. Seu olhar permaneceu indiferente, insensível enquanto continuava.

A dor era insuportável, e o mundo ao meu redor desapareceu, escorregando na escuridão enquanto eu sucumbia à inconsciência.

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