A Princesa Prometida

Ally chutou a porta e subiu correndo as escadas, rezando para que seus pais estivessem ocupados demais para notar sua chegada antecipada. Ela abriu a porta do quarto e deslizou para dentro, soltando um suspiro profundo - cedo demais.

"Ally Rose Frost, desça aqui agora mesmo!" Pelo tom da voz de sua mãe, Ally sabia que seu maior medo poderia se tornar realidade.

A jovem largou a mochila e correu de volta para baixo. A Rainha odiava quando as pessoas a faziam esperar. Então Ally decidiu pular alguns degraus, rezando para que seu pai estivesse ocupado no escritório, ignorando a pequena travessura que ela aprontou na escola. Sua mãe estava na sala de estar, felizmente - sozinha. Justo quando Ally estava prestes a respirar aliviada, seu pai entrou na sala. Como de costume, ele primeiro se aproximou da mãe, beijou-a e ajoelhou-se para beijar sua barriga. A Rainha e o Rei não perderam a esperança de ter outro filho por anos, até que recentemente descobriram a notícia fantástica. Ally terá uma irmãzinha.

"Ouvi dizer que nossa princesa conseguiu se meter em uma bela encrenca," Eros falou, sorrindo orgulhosamente para sua filha. Ally sabia o que aquele sorriso significava - seu pai não estava bravo com ela, mas ela não conseguia entender como ele descobriu a notícia tão rapidamente.

"Não comece a sorrir para ela, eu vi isso! Devemos repreendê-la, não elogiá-la. Nossa filha bateu em um pobre garoto na escola!" Evangeline estava furiosa, cruzou os braços na frente do peito e voltou sua atenção para Ally: "Você tem algo a dizer?" A gravidez tinha feito seu humor mudar em segundos, e agora - ela estava irritada. A princesa queria se defender, mas não tinha intenção de desafiar sua mãe. Especialmente em um estágio tão avançado da gravidez.

"Não, eu não tenho nada a dizer; se você acha que eu vou pular como um canguru e me defender contra falsas acusações - eu não vou. Sou melhor do que isso, mãe," Ally imitou as ações da Rainha e sorriu. Ela não conseguia evitar ser sarcástica; ela era - a jovem princesa era uma cópia exata de seu pai - sempre provocando Evangeline a qualquer oportunidade que tinham.

"Como você pode chamar isso de falsas acusações? O garoto teve que sair do território da escola no meio do dia! Droga, Ally, você quebrou a mandíbula dele!" O rosto de Eve ficou vermelho brilhante. Seu corpo tremia de raiva até que Eros colocou uma mão em seu ombro.

"Querida, pare - o estresse é ruim para o bebê," ele lembrou Eve que ela estava grávida; era a maneira mais fácil de acalmá-la.

"Como posso parar se nossa filha está agindo como uma bárbara! Ela é uma princesa, não uma lutadora de jaula!" Eve continuou, furiosa.

"Vamos ouvi-la primeiro, ok? Sabemos que você está lutando com a gravidez e as responsabilidades do reino. Tenho certeza de que Ally, assim como eu, conseguiu se acostumar com seus pequenos surtos de raiva. Respire e ouça," Eros sabia que devia haver uma razão para sua filha ter atacado alguém - se ela foi a primeira a atacar. Ally não era estúpida - bem ciente de quem ela é e de quão mais poderosa que os lobos normais ela era. O treinamento que ela fez era estritamente para fins de autodefesa, e a jovem princesa manteve sua promessa de usar a força apenas se não houvesse outra saída.

"Ele começou, ok?" Ally levantou as mãos, incapaz de continuar a conversa odiosa com sua mãe. Elas tinham um vínculo especial, e a jovem não queria arruiná-lo só por causa de algum valentão aspirante.

"O que você quer dizer com 'ele começou'?" Eros observou sua filha com uma expressão indecifrável enquanto Eve gritava a pergunta. Ally sabia que sua mãe entraria em modo comando total e tentaria bater no garoto ela mesma, se soubesse o que aconteceu. É por isso que ela amava tanto seus pais. Ambos estavam na frente dela como uma parede de tijolos. Seu pai, provavelmente, estava silenciosamente planejando como se livrar do corpo. Sua mãe estava fervendo de raiva - pronta para matar.

"Durante a primeira aula, ele tentou abrir meu sutiã, eu continuei dizendo para ele parar, mas ele não ouvia. Então eu dei alguns socos nele até que ele finalmente entendeu o que significa 'não'. Eu não fui muito dura, prometo, pai. Mas durante o intervalo do almoço, ele começou a falar mal dos humanos, e todos sabemos que a mamãe é uma. Eu não podia deixar algum idiota falar merda sobre minha mãe! Eu deveria ter quebrado as pernas dele - talvez assim ele não corresse para casa para a mamãezinha dele e agisse como um dedo-duro estúpido." Ally deu de ombros, sorrindo ao lembrar do garoto choramingando. Ela mentiria se dissesse que a expressão no rosto dele não foi hilária, especialmente quando ele implorou para Ally parar. Mesmo que ela tivesse se metido em uma grande encrenca, a única coisa que a princesa realmente lamentava era ter sido tão branda com ele.

"Você poderia adicionar aquele detalhe hilário que seu professor mencionou, por favor? Eu poderia usar uma dose de risada antes de sair para encontrar aquele pequeno pervertido e lembrar de quem é a filha que ele tocou." Eros riu. A diversão deixou sua expressão facial assim que ele pensou em um jovem metamorfo tentando assediar sexualmente sua filha. Suas narinas se dilataram enquanto ele respirava fundo: "Não vou começar a falar sobre o que está prestes a acontecer com ele e seus pais por ousarem falar sobre minha companheira." Eros acrescentou, seus olhos escurecendo.

"Ok, talvez, mas só talvez eu corri até ele, pulei e dei um soco nele no ar enquanto gritava, 'Eu acredito que posso voar.' Meio que parecia um clima. De qualquer forma, eu estava prestes a fazer algumas voltas e me juntar aos outros para o treino da tarde. Eu volto bem a tempo para o jantar. Posso? Você pode me punir depois disso?" Ally trocou o peso de uma perna para a outra, seu olhar fixo no piso de azulejos dourados.

"Ally, a conversa não acabou, mas se você for um anjo e pegar o machado da mamãe, eu deixo você ir," Eve sentou-se no grande sofá de couro, colocando as mãos na barriga inchada, sorrindo como um gato de Cheshire. Tanto Eros quanto Ally sentiram arrepios instantâneos percorrendo suas espinhas - humana ou não, mas a Rainha era bastante louca. Especialmente com hormônios à flor da pele e uma sensação constante de fome.

"Eu vou lidar com a situação. Ally, você pode se juntar ao treino, eu vou levar sua mãe para o quarto, parece que ela precisa descansar," Eros encorajou sua filha a sair - como sempre, ela não perdeu tempo e correu para fora da casa. Ele se aproximou de Eve e a levantou nos braços, carregando sua companheira para o quarto.

Todos no reino sabiam o quão importante era o segundo filho deles, especialmente depois de todos esses anos. Levou doze anos para a família real anunciar uma gravidez bem-sucedida; portanto, Eros era extremamente cuidadoso com sua companheira. Eve conseguiu adormecer antes de chegarem ao quarto. Como de costume, ele a deitou na cama, cobriu seu corpo com vários cobertores e beijou a testa de Eve antes de voltar para o escritório.

Ele não conseguia parar de pensar nas aventuras que sua filha teve na escola. Claro, como Rei, Eros não podia dizer que estava orgulhoso das ações dela. Mas como pai, ele continuava sorrindo de felicidade, orgulhoso de sua filha por ser capaz de se defender e defender sua mãe.

"Devemos fazer algo, afinal, você é um Rei." Ares falou do fundo de sua mente. A besta não demonstrava nenhuma emoção além de irritação - Ares odiava as responsabilidades e as pilhas de papelada. Ele entrou no escritório e sentou-se do outro lado da enorme mesa de madeira.

"Que tal convidarmos toda a família para jantar? Para falar sobre o que aconteceu, e talvez matar o garoto," Eros riu para si mesmo, já alcançando o mouse do computador. Ele passou bons vinte minutos tentando encontrar o número de telefone dos pais do garoto.

"Se você não matá-lo, nossa bela companheira o fará," Ares rosnou, logo soando como um cachorrinho apaixonado. Todos esses anos e ele ainda estava perdidamente apaixonado por Eve. Depois de alguns elogios silenciosos, Ares continuou falando: "Imagine como ela fica linda com aquela barriga de grávida e um machado na mão. Uma verdadeira Rainha, lutando por seus filhos. Cara, eu amo essa mulher."

"Eu também a amo, mas por favor, cale a boca, eu preciso ligar para eles," Eros rosnou para sua besta e a desligou, evitando entrar em outra discussão com seu lado mais animal.

Eros discou o número e se recostou na cadeira. Normalmente, as ligações seriam atribuídas ao seu assistente, mas como ele sentia que toda a situação era muito pessoal, o próprio Rei tomou a questão em suas mãos. Uma mulher de voz amável atendeu o telefone quase imediatamente, cumprimentando o interlocutor.

"Residência dos Thompson, Claire falando, como posso ajudar?" As palavras da mulher soaram apressadas, fazendo Eros se perguntar se ela tinha alguma ideia de quem poderia ser o interlocutor.

"Bom dia, Claire, posso falar com os pais do Jeffrey?" Muitas pessoas pensavam que Eros era um selvagem - sua aparência incomum enganava muita gente. Na maioria das vezes, ele era calmo e educado, mas algumas pessoas não se importavam com o que ele fazia. Especialmente aquelas que adoravam fofocar sobre tudo e todos de quem não conseguiam obter informações. Como Rei, ele levava uma vida bastante modesta, escondendo sua vida pessoal e os negócios da família de todos.

"Você está falando com a mãe dele. Quem está ligando? Não tenho muito tempo, meu filho não está muito bem no momento," o tom de voz de Claire ficou tenso, ela tentou apressar a conversa e se livrar do interlocutor. Eros tinha a sensação de que ela estava planejando lutar contra a "injustiça."

"Estou ciente do estado de saúde atual do seu filho; ele se envolveu em uma briga com minha filha mais cedo hoje," Eros mordeu o lábio, fazendo o possível para conter a risada de diversão. Honestamente, ele queria rir, alto, até seus olhos começarem a lacrimejar. Quem teria adivinhado que sua filha bateria em um garoto durante a maldita escola de verão?

"Rei Eros, minhas desculpas. Não reconheci sua voz; deve ser a situação caótica e o estresse em nossa casa. Não quis ofendê-lo; por favor, perdoe minha natureza descuidada," Claire instantaneamente implorou por perdão. O tom frio em sua voz foi substituído por medo em um instante.

"Não precisa se desculpar, Claire. Acabei de ter uma conversa com minha filha; ela explicou o que aconteceu. Seu filho mencionou o motivo pelo qual a briga começou? Vou lembrar gentilmente que a escola tem câmeras em todos os lugares, então não tente mentir. Prefiro um covarde honesto a um mentiroso corajoso."

"Oh, não é nada, realmente. Ele vai se curar logo, então não pensamos em manter uma rixa contra a família real," Claire riu nervosamente, evitando as perguntas que Eros acabara de fazer.

"Não estou interessado em saber quão rápido seu filho vai se curar, Claire. Ele é apenas um estudante, graças ao seu dinheiro o garoto nunca teve que passar por nenhum tipo de treinamento. Pelo que parece agora, Jeffrey poderia se tornar um trabalhador de escritório. Não no meu território, no entanto. Eu preencherei com prazer a papelada para transferir seu filho para o território humano. Não preciso lembrar o quão grande é o reino - como Rei, não assumo nenhuma responsabilidade por lobos machos que não podem lutar. Se o garoto não pode se defender, ele morrerá durante o primeiro ataque de renegados se não chegar ao abrigo a tempo. E, julgando pelos relatórios escolares sobre suas habilidades físicas, ele nunca conseguirá fugir de um renegado. Agora, quando tenho sua total atenção, estou esperando pelas respostas. Se você não se sentir confortável em ter essa conversa por telefone, posso visitar seu filho pessoalmente," a mulher conseguiu irritar Eros. Ele nunca teve a intenção de pedir desculpas - Ally nunca mentiu; ela era uma das metamorfos mais honestas que o Rei conhecia. Claire, por outro lado, sabia algo sobre a situação e estava tentando encobrir as ações de seu filho.

"Ele- ele só a provocou um pouco. Todos sabemos como são os adolescentes, sempre importunando e irritando aqueles de quem gostam. Tenho certeza de que meu filho desenvolveu uma queda pela princesa," Claire riu nervosamente, fazendo Eros rosnar. Se havia algo que ele realmente odiava, eram mentiras.

"Muito bem, então, teremos essa conversa em particular. Sua família deve se juntar a nós para o jantar, e eu não aceitarei um não como resposta - às oito, em ponto. Se vocês se atrasarem, mesmo que por um minuto, enviarei os guardas, e não teremos uma conversa agradável e civilizada. Eu algemarei toda a família e farei vocês se ajoelharem na frente daqueles a quem seu filho ofendeu. Entendido?"

"Sim, estaremos lá com sua família, sua alteza," a voz da mulher tremia. Ela nunca tinha conhecido a família real pessoalmente, nem pensava que alguém pudesse soar tão perigoso em uma simples ligação telefônica.

Eros encerrou a ligação e se levantou da cadeira, aproximando-se da enorme janela do gabinete. Seus olhos pousaram no campo de treinamento, instantaneamente procurando por sua filha. Ally estava lutando contra um guerreiro, provocando-o e evitando qualquer golpe lançado em seu rosto. Eros sorriu - ela era uma lutadora incrível, sempre encontrando uma maneira de cansar seu oponente e derrubá-lo suavemente.

"Estamos fazendo um ótimo trabalho com essa filhote," Ares gritou do fundo de sua mente, assustando Eros. O homem riu da personalidade boba de sua besta e assentiu em concordância. Ele estava fazendo algo certo ao ver como sua filha estava se tornando uma jovem mulher incrível.

Ele se conectou mentalmente com a equipe da cozinha enquanto observava Ally vencer luta após luta. Todos sabiam que os Reais teriam convidados especiais hoje, então a equipe se apressou para preparar o jantar perfeito.

O Rei sorriu para si mesmo, ansioso para encontrar a família e ver quais outras desculpas eles poderiam inventar.

"Ooooh, eu vou me divertir muito esta noite," Ares riu friamente, ficando tão impaciente quanto seu lado humano estava. O jantar será um espetáculo para ver e uma situação para desfrutar - ao máximo.