Eu não sou um ladino
"Você sabe em qual cela ela foi mantida?" Julie estava angustiada depois de andar na masmorra por um longo tempo sem ainda ver Eidenel.
"Skeen!" Julie gritou. Sentindo-se enojada, ela levantou o vestido e cobriu o nariz com uma mão enquanto o odor repulsivo dos prisioneiros feridos a atingia de todos os lados.
"Mais um pouco, minha Rainha. Ela é a última prisioneira que trouxeram. Temos que andar até chegarmos à última cela." Skeen explicou sem olhar para trás.
O caminho estava livre e Skeen estava apenas preocupado em fazer o que tinham que fazer antes que os servos voltassem.
Julie não suportava o cheiro na masmorra, mas o pensamento de que Eidenel iria tomar seu lugar como Rainha dos Dragões a impulsionava a continuar.
Finalmente, Skeen parou em uma porta e a abriu.
Antes daquele dia, ele havia observado o carcereiro responsável pela cela de Eidenel e roubado as chaves. Depois, ele modelou as chaves para fazer uma duplicata.
"Ela está aqui." Skeen espiou na cela e confirmou que Eidenel estava lá.
A aparência de Julie havia se deteriorado muito devido ao estresse que passou enquanto caminhava pela masmorra, e ela estava mais do que pronta para transferir seu desgosto e agressão para Eidenel.
Eidenel estava sentada em um canto da sala com a cabeça abaixada entre as pernas, e ao ouvir que tinha companhia, levantou a cabeça lentamente.
Julie olhou para Eidenel de forma maliciosa.
"Rogue." Julie falou com uma voz autoritária.
Houve silêncio na cela.
"Você ficou surda, ou foi trazida aqui sem o sentido da audição?" Julie continuou.
Eidenel levantou a cabeça lentamente.
"Eu não sou uma rogue." Sua voz soou clara e firme o suficiente.
Julie zombou.
"Mesmo assim, aqui está você, sentada em uma cela fedorenta com prisioneiros inúteis como você." Ela fez questão de liberar uma aura que certamente faria Eidenel entender o quão repulsiva era sua situação.
Normalmente, Eidenel teria respondido a Julie, mas naquele momento, ela estava fraca até o âmago, e tudo o que precisava era de um pouco de água para beber.
A mão do Rei, embora ele não tivesse exatamente a intenção de causar mal a Eidenel, a deixou à mercê dos carcereiros, e confie nos carcereiros para não dar a ela uma gota de água.
Julie não podia suportar ficar naquela masmorra por mais tempo, então foi direto ao ponto, perguntando a Eidenel o que ela estava fazendo no território dos dragões.
"Você se perdeu de todas as formas, mas sua deusa da lua ou seja lá como você a chama definitivamente não te ama. Este é o lugar mais perigoso para um rogue ser encontrado." Julie fez questão de pintar um quadro de desgraça para Eidenel e fazê-la se sentir o mais desesperançada possível.
Certamente, Eidenel não sabia que era a companheira do Rei Dragão, caso contrário, aquela pequena certeza de que seu companheiro estava lá fora e iria ou rejeitá-la de imediato ou desesperadamente protegê-la a faria se sentir mais tranquila, mesmo estando em uma masmorra.
"Eu posso simplesmente sair do jeito que entrei. Não quis incomodar ninguém. Só precisava de um pouco de água e ia seguir meu caminho antes..." Eidenel conseguiu murmurar para Julie.
Julie exibiu um sorriso estranho.
"Água, né? Skeen..." Julie chamou.
"Dê um pouco de água para ela." Julie ordenou ao seu servo com um sorriso malicioso no rosto.
Skeen não precisou de explicações, pois sabia que vinagre era a coisa mais fácil de encontrar na masmorra. Os carcereiros costumavam usar vinagre para humilhar e torturar os prisioneiros.
Sorrindo maliciosamente, Skeen olhou ao redor, esperando encontrar vinagre, e assim que seus olhos avistaram um frasco, ele começou a caminhar na direção do líquido, mas ouviu alguém vindo em sua direção.
"Minha Rainha! Temos companhia. Rápido, esconda-se!" Skeen gritou.
"Esconder?" Julie ia recusar, mas logo avistou alguém vindo de longe.
Felizmente, a masmorra era um longo corredor de diferentes celas alinhadas uma de frente para a outra.
Havia até duzentas celas em um corredor, e Eidenel estava na última cela.
Julie definitivamente tinha algum tempo para se esconder ou fugir se visse uma saída.
Skeen não percebeu quando empurrou Julie para fora da cela e começou a puxá-la atrás de si enquanto se dirigia a uma saída secreta.
"Eu voltarei para você, rogue desprezível." Julie sibilou ao sair.
Eidenel observou Julie e Skeen saírem apressadamente da cela, e estava prestes a colocar a cabeça de volta entre as pernas enquanto esperava pelo seu destino, mas algo interessante de repente chamou sua atenção.
Skeen deixou a porta de sua cela aberta, com a chave presa na fechadura.
Eidenel não podia acreditar em seus olhos e rapidamente saltou de pé.
Isso tinha que ser um sinal para ela escapar, e ela não iria desperdiçar essa oportunidade.
"Graças ao deus da lua..." Eidenel começou a dizer, mas olhou para o "céu" com desdém ao lembrar que a deusa da lua a havia submetido ao pior tipo de vida desde que nasceu.
Julgando pelo que a deusa da lua a havia feito passar, não havia como a mesma deusa "cruel" estar cuidando dela dessa forma.
Eidenel ignorou qualquer agradecimento que ia dizer e se concentrou em escapar.
Ela chegou à porta e olhou para fora de sua cela apenas para ver que o caminho estava livre como o dia.
Empolgada, Eidenel começou a sair da masmorra.
A fuga de Eidenel tinha que ser uma das fugas mais fáceis na história das fugas de prisioneiros porque Skeen já havia feito o trabalho duro para ela, garantindo que todos os carcereiros e servos que trabalhavam na masmorra estivessem indisponíveis.

























































































