Capítulo 3

Ponto de Vista de Jasper Hartford

Ela entrou na sala e meu pulso acelerou. Ela estava conversando com sua amiga, rindo de alguma piada. Eu daria qualquer coisa para que ela risse das minhas piadas assim, literalmente qualquer coisa.

Ela se sentou na minha frente. Ela jogou seu longo cabelo ruivo sobre o ombro, espalhando seu perfume na minha direção. Eu podia sentir o cheiro do xampu de coco que ela sempre usa e um leve toque de suor em sua pele.

Eu queria passar minha língua pela pele dela. Eu queria provar cada centímetro dela e queria fazer amor com ela, mas ela era a única pessoa que eu não podia ter. Meus pais garantiram isso no momento em que decidiram criá-la como se fosse sua própria filha.

Eu amo Lizzy há três anos. Tentei de tudo que pude pensar para tirá-la da minha mente, mas nada parece funcionar.

No começo, tentei ignorar meus sentimentos por ela na esperança de que, se eu não os reconhecesse, eles desapareceriam. Eu estava errado, eles não desapareceram. Eles só ficaram mais fortes com o passar do tempo.

Quando ficou claro que essa abordagem não funcionaria, tentei apagá-la da minha mente. Passei por metade das lobas da nossa turma na escola, desesperado para me fazer esquecer dela. Eu não sentia nada por nenhuma dessas garotas, a única coisa que sentia era culpa e vergonha.

Não estive com mais ninguém nos últimos oito meses. Estou depositando todas as minhas esperanças em encontrar minha companheira. Faço dezoito anos em alguns dias, então encontrarei minha companheira e todos os meus problemas acabarão. Encontrarei minha luna e ela será meu mundo. Até lá, terei que conviver com meus sentimentos por Lizzy.

A aula parecia durar uma eternidade. Passei a aula inteira observando Lizzy. Eu estava sentado atrás e ligeiramente ao lado dela, então podia ver parte de seu rosto de perfil. Eu podia ver a expressão de concentração em seu rosto enquanto tentava resolver os problemas matemáticos. Eu podia ver um leve sorriso quando finalmente os resolvia.

Eu amava observá-la, mas era como uma forma lenta de tortura. Ver seu rosto lindo e sentir seu cheiro delicioso por uma hora inteira sem poder tocá-la ou sequer falar com ela. Minha cabeça estava cheia de todas as coisas sujas que eu poderia fazer com ela se estivéssemos sozinhos.

O sinal tocou. Lizzy e sua amiga arrumaram suas mochilas e foram para a próxima aula. Lizzy não olhou na minha direção, nem uma vez. Sua falta de consideração por mim doía como uma rejeição. Como eu podia amá-la tanto sem que ela sequer notasse?

Eu as segui. Minha próxima aula era na direção oposta, mas eu não estava pronto para parar de vê-la ainda. Fiquei alguns passos atrás delas. Longe o suficiente para não parecer suspeito, mas perto o bastante para ainda poder vê-la e sentir seu cheiro. Eu fazia isso algumas vezes todos os dias. Ela nunca me notou.

"Você já pensou no que vai usar no baile?" a amiga de Lizzy disse.

Lizzy olhou para sua amiga, havia tristeza em seus olhos.

"Eu não vou ao baile," Lizzy disse.

"O baile é super importante, você tem que ir." disse sua amiga.

"Eu sei, mas não quero ir sozinha." Lizzy respondeu.

"Eu posso resolver isso." disse sua amiga, sorrindo para Lizzy.

"Como?" Lizzy perguntou.

"Eu só preciso mencionar para o Oliver que você quer um par para o baile. Ele adoraria ir com você." disse sua amiga.

Eu senti como se meu mundo inteiro tivesse se despedaçado em um milhão de pedaços. Havia outra pessoa que queria estar com minha Lizzy. E se ela quisesse estar com ele também? Antes que eu pudesse evitar, um rosnado escapou da minha garganta.

Lizzy se virou, e no momento em que me viu, seus olhos se arregalaram de medo. Por que ela estava com medo de mim? O que ela achava que eu faria com ela? Eu nunca a machucaria. Ela deve saber disso.

"Qual é o seu problema?" perguntou sua amiga.

"Ela não pode sair com ele, ela não pode sair com ninguém." eu disse.

Minhas palavras saíram mais fortes do que eu pretendia. Eu estava magoado e queria que ela soubesse como eu me sentia. Em vez disso, pareci um psicopata. Por que isso sempre parecia acontecer quando eu estava perto dela?

"Ah é? E por que não?" perguntou sua amiga, com a voz carregada de sarcasmo.

O que eu poderia dizer a isso? Que eu a amo, que quero que ela seja minha para sempre. Que não suporto a ideia de ela estar com outra pessoa. Que não confio em mim mesmo para não matar qualquer homem que tente tocá-la.

"Por que alguém iria querer estar com uma criatura tão fraca e patética como ela." eu disse.

Assim que as palavras saíram da minha boca, me arrependi. Aquilo era literalmente a pior coisa que eu poderia ter dito. Minha cabeça estava girando. Por que não consigo pensar direito perto dela? Por que sempre pareço dizer coisas para machucá-la?

"Você é um monstro. Liz vai estar muito melhor quando estiver na faculdade, a centenas de quilômetros de você." sua amiga gritou na minha cara.

Aquilo foi a gota d'água. A ideia de minha Lizzy cercada por homens tentando entrar em sua roupa íntima era demais para eu suportar. Eu tinha que acabar com isso.

"Ela não vai a lugar nenhum. Ela vai ficar aqui comigo." eu gritei.

Eu estava ciente de que as pessoas ao meu redor estavam parando para ouvir nossa conversa. A maioria delas eram membros da minha matilha e estavam muito interessadas em saber quem tinha irritado o futuro alfa.

"Ela vai sim e não há nada que você possa fazer para impedir." disse a amiga de Lizzy.

Ela estava me desafiando na frente da minha matilha. Eu não podia ficar parado e deixar isso acontecer. Ela pode ser humana, mas isso não significava nada. Minha matilha precisava saber que eu não deixaria ninguém desafiar minha autoridade.

Eu segurei o pescoço da humana e a empurrei contra a parede.

"Ela vai fazer exatamente o que eu mandar, goste ela ou não." eu gritei na cara dela.

Eu podia sentir o medo da humana, mas isso não teve efeito sobre mim. Eu teria dito mais, a única coisa que me impediu foi o olhar no rosto de Lizzy. Seus olhos estavam cheios de medo e tristeza, eu odiava vê-la assim.

Eu soltei a humana e me afastei. Não olhei para trás, não queria ver Lizzy me olhando daquele jeito nunca mais.