Capítulo 2
Eu estava folheando cada página do arquivo, tentando identificar o que precisava ser mudado, mas não conseguia entender exatamente o que era. Eu ainda estava concentrado quando todos voltaram da reunião com o novo presidente. Risadas e conversas amigáveis encheram o ar.
"Oh. Meu. Deus. Ele é tão charmoso, parece saído de um romance!" Mia exclamou, rindo como uma colegial.
Derby, que é casada, entrou na conversa, "Já consigo me imaginar tendo filhos com ele!"
"Ei, ei, guarde esses filhos para você, Sra. Comprometida! Nós, solteiras, temos prioridade," Mia a cutucou de brincadeira.
Eu queria poder participar dessa conversa, mas a pressão para entregar o trabalho não me permitia agir como uma pessoa normal.
Celine fez um daqueles pigarros altos para chamar a atenção de todos. "Certo, meninas, chega de sonhar acordada. Vamos voltar ao trabalho!"
Enquanto todos voltavam para suas mesas, Celine focou em mim. "Você. Sim, você aí. Podemos conversar?"
Olhei ao redor, percebendo que ela estava falando comigo. "Quem, eu?"
Ela revirou os olhos. "Não, a pessoa invisível atrás de você. Sim, você, idiota!"
Levantei-me e fui até ela, me preparando para sua bronca. Celine tinha uma maneira de me fazer sentir com uns cinco centímetros de altura.
"Sabe, sempre que tento falar com você, me sinto uma completa megera. Mas hoje, na nossa primeira reunião com o novo presidente, você me fez parecer incompetente."
"Desculpe, Celine. Essa não foi minha intenção de forma alguma," me desculpei rapidamente.
"Guarde seu pedido de desculpas. Sabe qual foi a primeira coisa que ele pediu quando chegou aqui? Aquele arquivo que você convenientemente não preparou para mim. Tive que improvisar, e não há nada que eu odeie mais do que entrar despreparada."
"Desculpe mesmo. Isso não vai acontecer de novo," eu disse, mas em minha mente pensava, "O arquivo estava pronto, você escolheu ser má comigo só para desviar a culpa."
"É bom que não aconteça," ela disse severamente. "Porque você vai apresentar esse arquivo para ele amanhã de manhã. E só para deixar claro - quero que o esquema de cores seja mais feminino, entendeu? Isso é uma empresa de serviços profissionais, não uma república de estudantes."
Eu comecei a protestar que não parecia apropriado usar um esquema de cores de gênero, mas o olhar gelado que ela me deu me calou rapidamente.
"Sem problema nenhum," respondi cuidadosamente. "Paleta de cores femininas. Entendido."
"Era o que eu pensava," Celine disse com uma doçura sarcástica enquanto se virava e ia para seu escritório.
Voltei para minha mesa, me sentindo com uns cinco centímetros de altura novamente. Esta seria uma longa noite.
O relógio passou da meia-noite, mas eu mal percebi, tão absorto na luz da tela do meu laptop, determinado a aperfeiçoar isso antes da manhã.
"Ainda nisso, hein?"
A voz suave da minha mãe me afastou da tela do laptop. Olhei para cima com os olhos cansados e a vi encostada no batente da porta, braços cruzados, sobrancelha levantada com aquele clássico olhar de desaprovação.
"É, só... tentando terminar essa tarefa para o meu novo chefe," respondi timidamente, passando a mão pelo meu cabelo desgrenhado. "Quero causar uma boa primeira impressão, sabe?"
Ela suspirou suavemente, balançando a cabeça enquanto atravessava o quarto. "Se matando de trabalhar antes mesmo de começar?"
"Mãe, eu dou conta. É só temporário," disse, tentando fazê-la se sentir melhor.
Ela se sentou na cama ao meu lado e colocou sua mão gentil no meu braço. "Querido, eu entendo, mas lembre-se de que cuidar de si mesmo também é crucial. Rezei muito para você conseguir esse emprego dos sonhos, mas sua saúde e bem-estar são igualmente importantes," ela disse, com um toque de tristeza evidente em seus olhos.
"Mãe, tudo que eu faço, cada noite mal dormida, cada esforço, é tudo por você e pelo Dawson. Quero que tenhamos uma vida melhor, para nunca mais nos sentirmos menosprezados. Isso é só uma fase," eu a assegurei, tentando aliviar suas preocupações.
"Odeio ver você lutando assim. É de partir o coração testemunhar como você assumiu vários empregos e suportou insultos das pessoas, tudo por nossa causa. E agora que você conseguiu um emprego decente, parece que está se perdendo, e temo que sua saúde sofra. Não consigo mais encontrar aquela felicidade em você, mas você não se abre comigo. Você não deveria carregar esse fardo sozinho. Não posso deixar de sentir que falhamos com você, seu pai e eu," sua voz falhou enquanto lágrimas enchiam seus olhos.
"Por favor, não diga isso, mãe. Você e o pai foram pais incríveis. Eu não trocaria vocês por nada, nem nesta vida, nem na próxima," eu disse, minhas próprias emoções começando a aflorar enquanto a abraçava apertado.
"Dawson não tem um pai por nossa causa," ela começou, mas eu a interrompi gentilmente.
"Mãe, por favor. Não é culpa sua. É culpa deles, não sua ou do pai. Dawson é feliz só com a gente. Vamos ficar bem, eu prometo," eu a assegurei, tentando oferecer conforto em meio às suas preocupações.
Ela se agarrou a mim com força e senti seu corpo começar a tremer com soluços silenciosos. Ficamos assim por um bom tempo. Por fim, mamãe fungou e se afastou, oferecendo-me um sorriso molhado enquanto acariciava meu rosto. "Meu anjo querido. O que eu faria sem você?"
Consegui esboçar um meio sorriso, cobrindo sua mão com a minha. "Espero que nunca tenhamos que descobrir. Nós conseguimos, tá? Como sempre – eu, você e o D contra o mundo."
Ela assentiu, algumas lágrimas teimosas ainda escorrendo por sua bochecha. "Com certeza. Essa família é teimosa demais para desistir."
"É esse o espírito, mãe," eu comemorei enquanto pegava meu laptop, totalmente decidido a completar a tarefa para a satisfação de Celine. Era uma questão de terminar hoje ou enfrentar a fúria de Celine, e a última opção não era viável.
"Vou pegar algo para você comer enquanto trabalha. Você consegue, meu anjo," ela disse enquanto se levantava e saía do quarto.

































































































