Capítulo 1

Sara

Saí para o ar fresco da noite, meus saltos batendo no pavimento enquanto eu caminhava para encontrar meu namorado, Matt. Os postes de luz começaram a acender, lançando longas sombras na calçada.

Uma brisa suave balançava as árvores, trazendo o cheiro de jasmim em flor. Inspirei profundamente, saboreando o aroma doce. Isso me lembrou do perfume que Matt me deu no nosso aniversário no ano passado. A lembrança me fez sorrir, mas logo desapareceu quando lembrei por que estava indo encontrá-lo esta noite.

Meu celular vibrou na minha bolsa, interrompendo meus pensamentos. Eu o tirei, lutando com o zíper. "Bolsa minúscula estúpida," murmurei. "Quem te desenhou, um esquilo?"

A tela se iluminou com o rosto sorridente da minha amiga Jessica—uma selfie que ela tirou depois de uma margarita a mais na última noite das meninas.

"Falando no diabo," murmurei, deslizando para atender. "Jess, o que houve?"

"Sara! Graças a Deus você atendeu. Escuta, estou tendo uma crise."

"Que tipo de crise estamos falando? Você ficou sem aquele creme facial caro de novo?"

"Pior! Estou entediada até a morte. Quer tomar um drink? Achei um lugar novo que faz uns martinis de algodão doce incríveis. São tipo diabetes em um copo, mas valem a pena."

"Por mais tentador que isso pareça, não posso. Estou a caminho de ver o Matt. Não o vejo direito há semanas. Preciso falar com ele."

Houve uma pausa do outro lado. "Está tudo bem?"

Suspirei, chutando uma pedrinha enquanto caminhava. "Não sei. Ele tem estado... distante ultimamente. Sempre ocupado com o trabalho ou cansado demais para sair. Estou começando a me perguntar se ele é alérgico à minha presença ou algo assim."

"Você precisa falar com ele. Descobrir o que está acontecendo. Comunicação é a chave, certo? É o que todos aqueles gurus de relacionamento bregas dizem."

"É, acho que sim." Chutei outra pedrinha, imaginando que era a cabeça do Matt. Infantil? Talvez. Satisfatório? Com certeza.

"Promete que vai falar com ele hoje à noite. Nada de fugir!"

"Sim, mãe. Prometo que vou usar minhas palavras de adulta e tudo mais."

"Bom. E, falando em coisas que vão te fazer sentir melhor – você ouviu falar do novo professor de finanças corporativas?"

Franzi a testa. "Não, por que isso me faria sentir melhor?"

"Porque, minha querida Sara, dizem que ele é de tirar o fôlego. Tipo, 'eu realmente acordaria para uma aula às 8 da manhã por ele' de tão bonito."

"Jess, você sabe que ele ainda é só um professor, né? Não importa o quão bonito ele seja, ele está lá para ensinar, não para ser um colírio para os olhos de estudantes sedentas."

"Ah, qual é! Não seja tão estraga-prazeres. Se ele for tão bonito assim, talvez eu mesma tenha que persegui-lo. Quem disse que aprender não pode ser divertido?"

"Você é impossível," ri, balançando a cabeça. "Além disso, você não se preocupa com toda essa dinâmica de poder entre aluno e professor? É meio assustador. E eu não estou interessada em namorar professores mais velhos. Ponto final."

"Mas e se ele for jovem?"

"Ainda não. Não estou interessada em professores, jovens ou velhos, bonitos ou não. Fim de papo."

"Tá bom, tá bom," ela cedeu. "Mas quando você estiver na aula, entediada até a morte, não venha chorar para mim sobre oportunidades perdidas."

"Confie em mim, não vou," assegurei, parando em uma faixa de pedestres. "A única coisa sobre a qual vou chorar na aula é meu GPA."

"Falando em chorar," disse Jessica, mudando o tom, "você tem certeza de que está bem? Sabe, com toda essa situação com o Matt?"

Suspirei, observando o semáforo mudar. "Não sei. Acho que vou descobrir em breve."

"Bem, se as coisas derem errado, lembre-se – sempre há aquele professor bonitão esperando nos bastidores."

"Adeus, Jessica," disse firmemente, mas não pude deixar de sorrir.

"Te amo, querida! Me liga depois!"

Desliguei, balançando a cabeça enquanto atravessava a rua. Deixe para a Jessica tentar me arranjar com um professor que eu nunca conheci. Às vezes, me pergunto se ela vive na mesma realidade que o resto de nós.

Quando me aproximei do restaurante onde ia encontrar o Matt, meu estômago se contorceu em nós. E se ele estivesse terminando comigo? E se ele tivesse conhecido outra pessoa?

Alisei meu vestido, de repente desejando ter vestido algo mais sexy.

A luz quente do restaurante se espalhava pela calçada, me convidando a entrar. Respirei fundo, me preparando para o que quer que me aguardasse. Justo quando alcancei a maçaneta da porta, meu celular vibrou.

Era o Matt.

Matt: Sara, sinto muito. Surgiu algo no trabalho. Podemos remarcar? Prometo que vou compensar depois. Vamos passar a noite juntos. Te amo.

Fiquei olhando para a tela, minhas emoções oscilando entre alívio e frustração. Por um lado, ele não estava terminando comigo. Por outro, ele me deu um bolo. De novo. Me arrumei toda para nada. Eu deveria ter aceitado a oferta da Jessica para aqueles martinis de algodão doce, afinal.

Olhei para minha roupa—um vestidinho preto que realçava minhas curvas nos lugares certos, combinado com saltos que faziam minhas pernas parecerem intermináveis. Todo esse esforço foi desperdiçado no olhar indiferente dos transeuntes e em um pombo desviado que olhava para meus sapatos com desconfiança.

"Nem pense nisso, cabeça de vento," avisei ao pombo. Ele inclinou a cabeça como se dissesse, "Desafio aceito."

Enquanto caminhava para casa, minha mente vagava para a promessa de Matt de 'compensar depois'. Um pequeno arrepio percorreu meu corpo ao pensar nisso. Apesar de seu comportamento distante recente, Matt podia ser atencioso quando queria.

Lembrei da nossa última noite juntos, como suas mãos percorreram meu corpo, deixando arrepios por onde passavam. Como seus lábios desceram pelo meu pescoço, me fazendo tremer de antecipação. A sensação de seu—

"Calma aí, tigresa," murmurei, sentindo minhas bochechas corarem. "Não vamos nos precipitar. Ele tem que aparecer primeiro."

Ainda assim, a promessa de uma noite apaixonada juntos levantou um pouco meu ânimo. Isso não foi uma perda total, afinal. Eu teria tempo para me preparar, para vestir algo mais sedutor do que este vestido.

Sorri, já planejando minha roupa. Ou a falta dela. Matt não saberia o que o atingiu.

Quando cheguei ao meu apartamento, meus pés imploravam por misericórdia. Tirei os saltos, suspirando de alívio enquanto meus dedos afundavam no carpete macio.

Me joguei no sofá, me espalhando como uma estrela-do-mar. Meu vestido subiu, revelando uma quantidade generosa de coxa, mas quem se importava? Eu estava sozinha no meu apartamento. Sem olhos curiosos, sem julgamentos. Só eu, meus pensamentos e o abençoado silêncio.

Fechei os olhos, pronta para cair em um coma induzido por pizza e vinho, quando meu telefone tocou. O tom agudo perfurou o silêncio, me fazendo pular.

A tela se iluminou com um nome que eu não via há séculos. Claire? Minha melhor amiga do colégio? Não falávamos há... bem, mais tempo do que eu gostaria de admitir. O que ela poderia querer?

Atendi, minha voz uma mistura de choque e entusiasmo. "Claire? É você mesmo?"

"Sara! Oh meu Deus, faz uma eternidade!" A voz dela crepitava pelo alto-falante, quente e familiar.

Me sentei, alisando meu vestido. "A que devo essa visita do passado?"

"Ah, você sabe, só checando minha parceira no crime favorita," ela riu. "Como você está lidando com toda a situação do Matt?"

Franzi a testa, confusa. "Situação do Matt? Do que você está falando?"

"O término, boba. Não me diga que você ainda está em negação."

"Odeio te desapontar, mas Matt e eu ainda estamos muito juntos. Na verdade, íamos nos encontrar para jantar hoje à noite, mas ele se prendeu no trabalho."

Houve uma longa pausa do outro lado. Tão longa que pensei que a ligação tinha caído.

"Claire? Você ainda está aí?"

"Sara..." A voz dela estava hesitante, quase dolorida. "Não sei como te dizer isso, mas o Matt já está saindo com outra pessoa. Victoria. Acabei de vê-los juntos em um pub."

Meu coração caiu no estômago. "O quê? Não, isso é impossível. Você deve estar enganada."

"Eu queria estar, querida. Mas tenho provas."

Meu celular vibrou com mensagens recebidas. Com as mãos trêmulas, coloquei Claire no viva-voz e as abri.

"Oh. Meu. Deus." As palavras escaparam dos meus lábios em um sussurro estrangulado.

Matt estava na minha tela. Meu Matt. Com os braços em volta de uma ruiva deslumbrante, seus corpos tão próximos que não dava para passar um cartão de crédito entre eles. E essa era só a primeira foto.

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