Capítulo 5 Meu corpo tem problemas
Na foto, Haven estava desabada no chão, chorando de forma lastimável, enquanto um homem nojento e feio meio que segurava uma mulher borrada e encharcada.
Daniel olhou fixamente para o perfil da mulher de vestido preto na foto, depois rapidamente olhou para a cama do hospital sendo empurrada em direção ao quarto VIP...
"Espere!" A voz de Daniel subitamente se elevou, tremendo de descrença. "David! Essa mulher... poderia ser..."
A testa de David se franziu.
Daniel enfiou o telefone bem debaixo do nariz de David. "Lily da família Martin, que 'se jogou de um penhasco' na frente da mídia ontem!" As manchetes vermelhas gritantes na tela diziam "Adúltero e Adúltera" e "Suicídio para Escapar da Culpa."
O ar congelou como um enorme bloco de gelo. Apenas o bip monótono do monitor cardíaco fora do quarto VIP quebrava o silêncio mortal.
Depois do que pareceu uma eternidade, os longos dedos de David tocaram duas vezes o peitoril da janela fria, produzindo um som baixo e ressonante.
"A família Martin..." ele murmurou. Os holofotes cegantes e a cacofonia de vozes do topo do penhasco na noite passada pareciam ecoar em seus ouvidos.
Então essa era a verdade.
O tom de Daniel tornou-se extremamente complexo, uma mistura de simpatia, raiva e um toque de absurdo. "Então, ela não estava atrás de você. Ela foi empurrada do penhasco pela própria família! Ela mal sobreviveu e então encontrou você... isso... isso..." Ele olhou para o braço enfaixado de David e depois para o quarto VIP, lutando para encontrar as palavras certas. "Esse desastre. David, desta vez você realmente... foi longe demais."
Depois de um longo silêncio, David pareceu tomar uma decisão. Ele estendeu a mão, e um cartão preto com um brilho metálico deslizou silenciosamente pela mesa fria, parando ao lado da mão de Daniel.
"Quando ela acordar, descubra o que ela quer. Dinheiro, recursos, vingança, o que for." A voz de David recuperou sua qualidade metálica habitual, desprovida de emoção.
Enquanto Daniel guardava o pesado e escaldante cartão preto, ele de repente se lembrou de algo extremamente importante.
Ele se virou abruptamente, baixando a voz para parar David, que estava prestes a sair. "Espere! Tem algo urgente! A pílula do dia seguinte... depois do que ela passou, ela precisa disso o mais rápido possível... Você entende..."
Os passos de David pararam no elevador. As portas metálicas se abriram lentamente, refletindo sua mandíbula afiada. Ele olhou de volta para a porta do quarto VIP bem fechada, a barreira entre ele e a mulher que ele havia puxado de volta do abismo.
"Não é necessário. Você conhece minha condição. A linhagem da família Jones..." ele entrou no elevador, as últimas palavras escapando pelas portas que se fechavam, "...termina comigo."
As portas do elevador se fecharam completamente, a superfície metálica fria não refletindo emoção alguma. No quarto VIP mal iluminado no fim do corredor, as máquinas zumbiam constantemente, o único som era o gotejar suave do soro. A mulher na cama estava afundada no travesseiro, seu perfil pálido delineado pela luz fraca, como se estivesse dormindo, ou lutando em uma escuridão sem fim.
Três dias depois.
Quando Lily acordou da névoa, o quarto estava cheio do cheiro de desinfetante. A luz do sol atravessava as persianas, fazendo-a semicerrar os olhos.
"Acordou? Como se sente?" Daniel sorriu enquanto fechava as persianas. Ele estava vestido com um uniforme de médico impecável, seus olhos gentis por trás dos óculos com armação dourada.
Ele tocou levemente o curativo na garganta de Lily, depois usou um abaixador de língua para examiná-la. Satisfeito, disse, "Suas cordas vocais estão se recuperando bem. Você estará de volta ao normal em alguns dias."
Lily olhou para Daniel inquisitivamente.
Onde ela estava?
Ela o conhecia?
Como ela acabou no hospital?
Naquela noite, ela e aquele homem...
De repente, imagens vívidas inundaram sua mente.
Ela não tinha visto claramente o rosto do homem, mas lembrava-se do cheiro avassalador dos hormônios dele, seus braços fortes ao redor de sua cintura, o suor pingando do peito dele, misturando-se onde seus corpos se uniam...
Pare!
Não pense nisso!
Daniel não tinha ideia do que Lily estava pensando. Ele só via seu rosto ficando cada vez mais vermelho.
Uma febre?
Não deveria ser.
Daniel pegou um termômetro auricular, prestes a verificar a temperatura dela, quando Lily de repente voltou à realidade.
"O que foi?" ele perguntou.
Lily balançou a cabeça e fez um gesto pedindo uma caneta. Ela escreveu: [Quem me salvou?]
Daniel coçou a cabeça. Ele sabia que Lily faria essa pergunta quando acordasse, mas havia prometido a David não revelar sua identidade.
Daniel entregou o cartão preto que David havia deixado para ela. "Ele pediu para me desculpar em nome dele. Ele também foi drogado naquela noite e quebrou o braço ao te salvar. Considere isso como ele se redimindo. Ele também deixou isso para você, o suficiente para recomeçar."
Lily parou.
O que ele queria dizer com recomeçar?
Para esclarecer, Daniel pegou o celular e mostrou a ela uma notícia—
#Eric Pega Lily Traindo, Lily Cai do Penhasco e Morre#
A manchete em negrito era acompanhada de um close de Eric. Sua mão direita estava fortemente enfaixada, olheiras sob os olhos, sua voz carregada de tristeza: "...Nunca pensei que Lily chegaria a esse ponto. Talvez a pressão que coloquei nela tenha sido demais, e ela precisava encontrar uma válvula de escape."
A filmagem cortou para Haven, chorando: "A culpa é minha por não ter impedido Lily... ela tem andado com pessoas de má índole ultimamente..."
Celeste foi mostrada desmaiando nos braços de Zane, a legenda dizia [Celeste Devastada.] Na parte inferior havia uma imagem composta: à esquerda, uma foto de paparazzi dela sendo segurada por Victor no penhasco, e à direita, a "cadeia de evidências" criada por Haven—registros de reservas de hotel, capturas de tela de transferências bancárias, com o nome do destinatário sendo Victor, o sequestrador!
A seção de comentários estava cheia de maldade:
"Ela parecia tão inocente, mas era tão selvagem em particular? Mereceu morrer!"
"Ouvi dizer que ela tinha vício em sexo, pobre Sr. Allen..."
"A família Martin a deserdou da noite para o dia!"
O peito de Lily se agitava com raiva. Que armação perfeita! Eles não só queriam que ela morresse, mas também que fosse objeto de escárnio póstumo!
"Eric assumirá oficialmente suas ações e se tornará o CEO do Horizon Innovations Group em uma semana."
A cabeça de Lily se ergueu.
Horizon Innovations Group era o legado de seu avô materno, temporariamente gerido por Zane sob o pretexto de que ela era menor de idade. Mais tarde, em sua loucura, ela havia transformado a empresa de seu avô no trampolim de Eric.
Se ela realmente tivesse morrido, Horizon Innovations Group indubitavelmente se tornaria propriedade de Eric.
Mas...
Ela não tinha morrido!
Ela tinha voltado do inferno, e iria recuperar o legado de seu avô!
Quanto àquele estranho, já que ele não queria revelar sua identidade, ela não o forçaria.
Daniel estava certo. Embora aquele homem tivesse tirado sua primeira noite, ele também salvou sua vida. Se não fosse por ele aparecendo na piscina, ela provavelmente estaria no céu agora.
Lily olhou para o cartão preto em sua mão. Esse era um dos primeiros lotes de cartões pretos emitidos pelo Banco de Harmony City, com apenas dez no mundo. Qualquer um que pudesse usar um cartão desses devia ser incrivelmente poderoso.
Já que ele queria se desculpar, ele poderia ser sua arma.
