Capítulo Oito

A cerimônia foi linda. O pai de Gen acompanhou Jada até o altar, lágrimas brilhando em seus olhos o tempo todo. Jada chorou durante os votos que fez ao seu marido, Louis, que agora a conduzia pela pista de dança. Seus grandes sorrisos eram suficientes para acalmar os nervos que ela sentia desde que descobriu que havia dormido com um chefão da máfia na noite anterior. Ela se recusava a reconhecer a esperança que surgia em seu peito toda vez que olhava para a multidão, esperando, por qualquer motivo, ver seu cabelo escuro e olhos castanhos entre a multidão de pessoas. É uma das razões pelas quais ela detestava casamentos. O cheiro de amor era palpável o suficiente para infectar até mesmo os indivíduos mais cínicos.

Gen tomou mais um gole de seu tônico e sorriu quando sua irmã lhe enviou um aceno entusiasmado. A recepção estava prestes a acabar. As pessoas já começavam a sair depois de dar os últimos parabéns ao casal feliz. Ela observou um homem familiar se aproximar e desviou o olhar.

Ela não deveria ter se surpreendido ao ver Brian ali. Afinal, foi Louis quem os apresentou em uma das visitas de Jada a Boston. Gen e Brian namoraram por quase dois anos antes de ele decidir seguir sua carreira em Nova York, seis meses atrás. Ela e sua amiga Charlotte tinham acabado de abrir seu próprio escritório de contabilidade quando eles terminaram, o que a impediu de segui-lo. Não que isso parecesse desacelerá-lo, pois agora ele segurava a mão de uma mulher visivelmente grávida. Ela se perguntou o que atraiu seu ex para uma mulher grávida. Ele sempre lhe disse que não tinha desejo de ser pai.

Enquanto Brian parava para falar com Louis e Jada, a mulher se desculpou e começou a caminhar com dificuldade em direção à mesa de Gen. Outras duas mulheres se juntaram a ela e a ajudaram nos últimos passos. Gen pegou seu telefone e fingiu estar muito envolvida em um e-mail.

“Aí está, Florzinha,” uma das mulheres disse enquanto a ajudavam a se sentar.

“Ugh, obrigada, gente. Bri vai estar pronto para ir embora em breve. Eu preciso sair desses pés,” disse a mulher que estava com Brian.

“Qualquer dia desses, né?” a outra mulher interveio.

“Sim, esse garotinho precisa chegar logo. Eu sabia que ele atrasaria. Eu e Brian também fomos, então não deveria estar surpresa.”

Os dedos de Gen apertaram o telefone.

“Estou tão feliz que ele decidiu tomar uma atitude e se mudar para cá por você. Você fez a escolha certa em não abortar, querida.”

“Eu sei. Quer dizer, estávamos juntos há mais de um ano antes de eu engravidar e ele se recusava a usar proteção. O que ele esperava?”

Gen sentiu o estômago revirar. Levantou-se da cadeira de repente, chamando a atenção das três mulheres. Ela as ignorou e se dirigiu à sua irmã, justo quando Brian estava se afastando... e vindo em sua direção. O olhar de puro pânico no rosto dele ao vê-la se afastando da mesa onde sua namorada grávida estava sentada teria sido cômico se ela não fosse a pessoa com quem ele obviamente havia traído. Ela tentou passar por ele quando sua mão agarrou seu braço. Ela tentou puxá-lo, mas o aperto dele apenas se intensificou, beliscando sua pele como um torno punitivo.

“Genevieve, é tão bom te ver. Você está... deslumbrante,” Brian disse naquela voz baixa à qual ela sempre tinha dificuldade de dizer não.

“Gostaria de poder dizer o mesmo. A paternidade já está cobrando seu preço, pelo que vejo,” ela sibilou. Os belos olhos azuis dele se arregalaram enquanto ele olhava entre ela e a mesa das mulheres.

“Olha, Gen, eu posso explicar...”

“Não,” ela sussurrou, tentando soltar o braço novamente.

O aperto dele se intensificou, fazendo-a arfar de dor. Ele sempre gostou de manipulá-la. Ela deveria estar feliz por ele tê-la deixado antes que o mesmo destino recaísse sobre sua cabeça e os unisse para sempre.

"Você não vai contar pra ela," ele disse, a voz ameaçadora. Ela sabia por experiência que, se discordasse, ele não hesitaria em dobrá-la à sua vontade com palavras ou com as mãos.

"Brian, que porra é essa?" Louis interrompeu.

A mão de Brian deixou a pele dela como se tivesse se queimado. Jada agarrou a mão de Gen e puxou-a protetoramente entre Louis e ela.

"O quê? Nós só estávamos conversando," Brian disse em sua defesa.

A troca de palavras chamou a atenção do grupo de mulheres na mesa.

"Acho que você perdeu o direito de falar com ela há cerca de um ano e meio, cara. Você fez sua escolha," Louis disse, olhando fixamente para sua namorada grávida.

"Qual é o seu problema?" Brian perguntou. "Ela é minha ex, posso falar com ela do jeito que eu quiser."

"Você é um dos meus amigos mais antigos, Bri, mas ela é minha irmã agora. Se você machucá-la de novo, vou ser forçado a tomar partido."

"E ele vai escolher o lado ao qual ele está legalmente vinculado," Jada prometeu.

Brian bufou e voltou seus olhos azuis escurecidos para Gen. "Acabou entre nós. Não importa o motivo. Fique longe da minha noiva," ele a advertiu.

O coração de Gen se apertou. Noiva. Ele sempre dizia que nunca queria se casar. Gen era uma mulher racional. Ela sabia que teve sorte quando ele saiu de Boston. Ainda assim, a dor que sentia não podia ser abafada pelo pensamento racional. Quando Brian se afastou, ela ficou surpresa ao perceber que desejava que Matteo estivesse ali para levá-la para casa. Ela imaginou seus nós dos dedos ásperos e sangrentos derrubando Brian no chão em defesa de sua honra. Deus, ela tinha bebido demais.

"Você está bem?" Jada perguntou.

"Desculpa, Gen, eu não sabia que ele ia trazê-la hoje à noite," Louis se desculpou.

Gen acenou com a mão no ar, uma nova e perigosa ideia surgindo em sua mente. "Não se preocupe com isso. Já era. Ela pode ficar com ele. Eu estou seguindo em frente... E indo embora. Vocês dois se divirtam na lua de mel, tá? Me liguem quando puderem," Gen disse, beijando os dois na bochecha. Jada a abraçou apertado e Gen acariciou suas costas.

"Ele é perigoso, Genevieve," Jada sussurrou onde Louis não podia ouvir.

"Eu não sei o que..."

"Te conheço desde os doze anos. Eu conheço esse olhar. Só volta pro hotel, tá? Promete," Jada sussurrou.

Gen suspirou. "Eu prometo."

Jada se afastou e enxugou uma lágrima. "Não acredito que estou casada!"

Gen deu a ela e ao novo marido um olhar suave de aprovação. "Eu acredito. Vocês dois foram feitos um para o outro." Louis olhou para sua irmã e sorriu. "Tchau."

Eles a abraçaram uma última vez e Gen saiu. Ela chamou um táxi e deu o endereço. Continuou a mexer na alça da bolsa enquanto os nervos no estômago subiam para a garganta. Os arranha-céus logo deram lugar a casas familiares. O táxi parou atrás de um Range Rover preto estacionado na calçada.

"Chegamos, senhora," anunciou o motorista.

Ela entregou o resto do dinheiro e saiu do carro. Uma brisa fria agitou a barra do vestido até os joelhos e ela estremeceu. Ela apertou o moletom emprestado contra o peito. Ela olhou para a porta de madeira escura e contemplou chamar outro táxi. Ela andou de um lado para o outro nos mesmos dois quadrados da calçada até reunir o resto de sua coragem e finalmente correr escada acima e tocar a campainha.

A porta se abriu como se ele estivesse esperando do outro lado desde que ela saiu naquela manhã. Ele segurou a porta aberta com uma mão e deu a ela seu sorriso devastador. Seus olhos deslizaram pelo vestido dela e ela viu as chamas do desejo se acenderem por trás deles.

"Eu estava me perguntando quanto tempo você ia demorar para subir esses degraus," Matteo comentou.

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