Empresa familiar
Acho que Damien me odeia agora, e eu realmente não aguento mais valentões.
Eu vou simplesmente quebrar.
Levantei-me novamente, porque se não o fizesse, pensei que poderia realmente parar de respirar. Meu coração estava batendo forte demais, como se quisesse sair do meu peito, e minha garganta estava apertada demais para engolir.
"Eu... eu quero me retirar para o quarto agora," sussurrei, embora não soubesse por que me dei ao trabalho. Eu não estava pedindo permissão. Não de verdade.
O copo na mão de Shallow parou no meio do caminho até a boca. O ambiente ficou imóvel, pesado de expectativa.
Eu podia sentir Damien me observando. Eu podia senti-lo, aquela atração impossível, mas eu não ousava levantar o olhar.
O olhar de Shallow pousou em mim, e parecia algo oleoso deslizando pela minha pele. Seus olhos estavam vidrados pela bebida, o rubor subindo por seu pescoço grosso como um sinal de alerta.
"Você acha que pode simplesmente se levantar e sair?" ele perguntou, a voz suave o suficiente para ser perigosa.
Minhas mãos tremiam. Eu as apertei contra minhas saias. "Eu—eu preciso—"
"Você precisa," ele repetiu, alongando a palavra como se tivesse um gosto ruim. "Você precisa se sentar e lembrar do seu lugar."
Algo em mim—pequeno, cansado e ainda vivo—queria gritar. Queria dizer que eu não tinha um lugar aqui. Que eu nunca pedi nada disso.
Mas eu não disse.
Eu apenas fiquei ali, olhando para o chão polido, sentindo meu pulso nos dentes.
Shallow se recostou na cadeira, sorrindo daquele jeito que não significava nada bom. "Tenho sido paciente, Eloise. Tolerei suas pequenas exibições esta noite."
Ele bateu o copo na mesa. Vinho espirrou sobre o linho branco como sangue.
"Mas você não vai me envergonhar de novo."
O ar saiu dos meus pulmões. Todos estavam olhando—Fiona com seu sorrisinho maldoso. Os filhos fingindo não se importar. Damien... silencioso. Uma sombra no canto da minha visão.
Shallow se levantou. O som da cadeira raspando fez minha coluna travar. Eu não me virei. Eu não podia.
Ele se moveu atrás de mim, lento e deliberado, perto o suficiente para que eu pudesse sentir o cheiro do vinho em sua respiração. Meu estômago revirou.
"Você vai ficar," ele murmurou, só para mim. Sua mão fechou sobre meu ombro, apertando forte o suficiente para eu sentir o aviso nos ossos.
"E você vai sorrir."
Algo quente picou o fundo dos meus olhos. Eu engoli. Ele não teria minhas lágrimas esta noite.
Seus dedos se aprofundaram mais. "Ou eu vou te arrastar escada acima na frente de todos e mostrar exatamente como lido com uma ingrata."
Um tremor sacudiu meus joelhos. Eu o odiava. Odiava isso. Odiava que uma parte de mim nem estava mais surpresa.
O silêncio se estendeu.
E então—
A cadeira de Damien raspou contra o chão.
O som foi tão agudo que parecia cortar diretamente através de mim.
Shallow ficou imóvel atrás de mim.
Eu não me mexi. Meu coração parecia que poderia rasgar meu peito para sair.
A voz de Damien veio quieta, mas soou como uma ordem.
"Solte-a."
Shallow soltou uma risada curta e feia. "Você acha que pode me dar ordens na minha própria casa?"
Minha respiração travou. Minha pele parecia apertada demais. Eu não sabia de quem tinha mais medo naquele momento.
Damien não levantou a voz. Não precisava.
"Solte-a."
Por um momento, pensei que Shallow me quebraria ali mesmo, só para provar que podia.
O que Damien está fazendo? Isso vai piorar minha vida nesta casa. Preciso colocá-lo no lugar dele?
Abri os lábios para dizer algo, mas então Shallow me empurrou para frente.
Apoiei-me na mesa, as palmas das mãos ardendo, o coração na garganta.
"O que Damien está fazendo?" O pensamento gritou na minha cabeça novamente. Isso—isso definitivamente vai piorar minha vida nesta casa.
Ele achava que estava me ajudando? Não?!
Ele achava que Shallow esqueceria essa humilhação?
Ainda não olhei para ninguém. Não consegui. Eu deveria estar acostumada a essas humilhações, a essa demonstração degradante de poder, mas hoje é um dia que nunca vivi, e por isso não estava preparada.
Damien falou novamente, e sua voz estava mais baixa do que eu já tinha ouvido.
"Deixe-nos."
Minhas pernas finalmente se moveram.
"Por favor, pare de interferir nos nossos assuntos," murmurei para ele entre dentes.
Abri os lábios, a voz trêmula, mas cheia de algo imprudente. "Por favor... pare de interferir nos nossos assuntos," murmurei entre dentes, cada palavra tendo gosto de ácido na minha língua.
A mesa inteira pareceu inalar de uma vez.
Um silêncio tão completo que ressoava nos meus ouvidos.
Damien ergueu a cabeça. Lentamente.
Seu olhar encontrou o meu—aqueles olhos cinza impossíveis, brilhando com algo que eu não conseguia nomear. Algo sombrio. Possessivo. Quase divertido.
"Você chama isso de negócios?" ele perguntou suavemente.
Sua voz deslizou sob minha pele como uma lâmina, e eu odiei a maneira como isso fez o calor subir pela minha nuca.
"Isso não é negócio," ele continuou, levantando-se completamente, as linhas de seu terno captando a luz, fazendo-o parecer mais alto, mais perigoso. "Isso é família, e querida, eu sou família."
Minha respiração congelou. Família? Então ele pode tornar minha vida miserável e depois ir embora?
Por que ele me beijou? Pensei miseravelmente. Eu já estava miserável apenas horas após sua chegada.
Shallow soltou um som estrangulado—parte risada, parte aviso—mas Damien não olhou para ele. Ele olhou apenas para mim.
"Tenha muito cuidado," ele disse, a voz tão baixa que só eu podia ouvir, "com as palavras que saem desses lábios."
O calor se acumulou no meu peito, furiosa e aterrorizada e algo mais que eu me recusava a nomear.
Engoli as palavras que queria jogar na cara dele.
Em vez disso, desviei o olhar, cada passo instável enquanto me afastava da mesa.
Mas assim que cheguei à porta, sua voz me encontrou novamente—veludo e ferro.
"Doces sonhos, esposa do Shallow."
Não olhei para trás.
Não consegui.
Fugi antes que a verdade disso pudesse me desmoronar completamente.
Não esperei.
Não respirei até estar fora da porta.
Eloise inspirou tremulamente e fugiu do quarto antes que alguém pudesse detê-la.
