Capítulo 7
Evelyn
O toque estridente do meu telefone me despertou. Gemei, tentando alcançá-lo cegamente no criado-mudo. Meus olhos ardiam enquanto eu olhava para a tela – 7:00 da manhã. Tendo feito as malas até as 3 da manhã, eu estava completamente exausta.
"Alô?" murmurei, minha voz grossa de sono.
"Aurora! Aquele sistema de criptografia que você fez ontem à noite foi brilhante!" A voz entusiasmada de Aiden ecoou pelo alto-falante.
Fiz uma careta, afastando o telefone do meu ouvido. "Aiden, são sete da manhã. Eu fiquei acordada até as três..."
"Desculpe, mas eu tinha que te contar! A maneira como você bloqueou aqueles ataques foi pura genialidade. A equipe de segurança da Hall Corporation ainda está tentando descobrir como você fez isso."
Me sentei, de repente mais alerta. "O quê? Você contou sobre mim para eles?"
"Claro que não! A confidencialidade do cliente é sagrada. É por isso que estou ligando – a Hall Corporation quer se encontrar com a Aurora. Eles estão praticamente implorando."
Minha mente acelerou. Devon Hall queria me conhecer – ou melhor, conhecer meu alter ego. A ironia não passou despercebida por mim.
"Diga a eles que a Aurora está tirando uma folga. Eu preciso descansar." Passei a mão pelo meu cabelo emaranhado. "E Aiden? Nem uma palavra sobre mim, entendeu? Nem meu nome, nem onde moro, nada."
"Entendido. Seu segredo está seguro comigo. Vá dormir, você merece."
Depois de desligar, me joguei de volta no travesseiro, mas o sono não voltou. Meu corpo estava inquieto, tenso. Com um suspiro, me obriguei a sair da cama e ir para o chuveiro.
Tendo dormido mal, cochilei em todas as minhas aulas da manhã até a aula de Educação Física à tarde.
"Ok, pessoal, formem duplas para o treino de vôlei!" A voz do treinador Miller ecoou pelo ginásio.
Os alunos se apressaram para encontrar parceiros, formando duplas em segundos. Eu fiquei sozinha, observando a cena familiar se desenrolar. Ninguém queria se juntar à excluída.
Tara Johnson, a melhor amiga da Jessica, ficou com as mãos nos quadris, declarando em voz alta: "Ninguém quer fazer dupla com alguém que dorme com todo mundo." Seus olhos se fixaram nos meus, desafiando-me a responder.
Jessica riu ao lado dela, mas eu dei de ombros, fingindo indiferença. Três anos de isolamento me ensinaram a usar minha solidão como armadura.
"Ei, Evelyn! Eu sou Lily Pike. Quer fazer dupla?"
Me virei, surpresa ao vê-la se aproximando de mim com um sorriso radiante. Eu a tinha visto pelo campus, mas nunca falado com ela.
"Por quê?" perguntei cautelosamente, estudando-a. "Não acho que temos nada em comum."
O sorriso de Lily não vacilou. "Porque você não parece ser a pessoa que eles dizem que você é. E além disso, somos ambas forasteiras aqui." Ela se inclinou mais perto, baixando a voz. "Além do mais, eu odeio aquelas vadias metidas tanto quanto você."
Eu senti um aroma fraco, mas inconfundível, emanando dela – o distinto aroma de um lobo nobre. Meus olhos se arregalaram ligeiramente. "Você é uma loba?"
Lily pareceu surpresa. "Como você sabe? Espera, você é uma também?" Ela se inclinou mais perto, farejando discretamente. "Mas eu não consigo sentir nada em você..."
A confusão dela era compreensível. Meu cheiro havia mudado após anos de isolamento, tornando-se quase imperceptível para outros lobos.
"É melhor você se afastar de mim," avisei. "Ser associada a mim não vai te trazer benefícios aqui."
Lily cruzou os braços teimosamente. "Não me importo com o que as pessoas dizem. Eu escolho meus próprios amigos." Ela olhou para o treinador, que estava ficando impaciente. "Vamos, só um jogo de vôlei. Qual é o pior que pode acontecer?"
Eu hesitei, depois assenti relutantemente. O treinador apitou, sinalizando para tomarmos nossas posições.
Tínhamos mal começado a praticar quando uma bola de vôlei veio voando diretamente na cabeça de Lily com uma velocidade alarmante. Eu me movi instantaneamente, minha mão subindo para bloquear antes que pudesse atingi-la.
"Bons reflexos," Tara gritou sarcasticamente. "Sempre tão protetor, não é, Gray?"
Alguns estudantes riram, e eu senti minha raiva aumentando. Respirei fundo, forçando meu lobo a se acalmar.
"Obrigada por isso," Lily sussurrou, olhos arregalados. "Aquela bola teria machucado."
Tara desfilou até nós, acompanhada por Jessica e outras duas garotas. "Ouvi dizer que você atacou alguém em Portland. É verdade?"
O ginásio ficou em silêncio enquanto os estudantes se esforçavam para ouvir.
"Cala a boca e pratica seu vôlei," eu respondi friamente.
Tara se aproximou mais, sua confiança falsa reforçada pelo público. "Qual é o problema? Com medo da verdade vir à tona?"
Lily se moveu para o meu lado. "Sai fora, Tara. Isso não é necessário."
"Olha só, você fez uma amiga," Tara zombou. "Cuidado, Pike. Ela tem um histórico de machucar pessoas."
Eu senti minha paciência se esgotando. Meu lobo pressionava contra meu controle, zangado com o desafio. Eu cerrei os punhos, focando em manter a calma.
Tara me empurrou, com força suficiente para me fazer recuar um passo. "Qual é o problema? Não consegue controlar seu temperamento?"
Eu recuperei o equilíbrio e avancei, minha contenção escorregando. Lily segurou meu braço, seus olhos preocupados encontrando os meus. Eu me controlei a tempo.
Tara empurrou novamente, mas desta vez eu desviei, fazendo-a perder o equilíbrio e cair.
"Ela me empurrou!" Tara gritou, atraindo atenção de todo o ginásio. "Olhem, ela é louca!"
Os estudantes se aglomeraram ao redor, muitos pegando os celulares para gravar. Eu senti meus olhos mudando, o brilho prateado ameaçando emergir. Pisquei rapidamente, lutando para manter o controle.
"Evelyn?" Lily sussurrou, preocupação na voz. "Seus olhos..."
Antes que eu pudesse responder, a Professora Laura Bennett – mãe de Tara e vice-diretora – entrou correndo no ginásio.
"O que está acontecendo aqui?" ela exigiu, ajudando Tara a se levantar.
Tara imediatamente começou a chorar. "Mamãe, ela me atacou sem motivo! Eu estava apenas falando com ela!"
Os olhos frios da Professora Bennett se fixaram em mim. "Evelyn Gray, por que você atacou minha filha?"
"Eu não ataquei," respondi calmamente. "Ela me empurrou primeiro. Eu apenas me desviei."
"Mentira!" Tara gritou. "Todo mundo viu o que aconteceu!"
Os lábios da Professora Bennett se estreitaram. "Comportar-se assim tão cedo após sua chegada é inaceitável. Vou recomendar sua expulsão ao diretor."
Sussurros se espalharam pela multidão. "Igual aos rumores..." "Ela é perigosa..." "Ouvi dizer que ela quase matou alguém..."
Enquanto a Professora Bennett me ordenava a segui-la até a diretoria, notei Lily se afastando, pegando o celular e discando freneticamente. Peguei apenas fragmentos da conversa.
"Tio Devon? Preciso de ajuda... Não, não é para mim... É para uma amiga... Eles estão tentando expulsá-la sem motivo..."
Tio Devon? Meu sangue gelou enquanto as peças se encaixavam. Devon Hall era tio de Lily?
