Capítulo 3- Missão de resgate

Elowen POV

Bram me carregou para o pátio como se eu fosse frágil, mas não o impedi. Não hoje. Apenas me aconcheguei em seus braços quentes enquanto ele beijava minha testa.

O ar estava carregado de magia e tensão, como se todo o reino estivesse prendendo a respiração. Soldados alinhavam as paredes em silêncio. Magos sussurravam encantamentos. A pedra sob nós vibrava com energia. Era o tipo de manhã que tinha gosto de batalha e destino.

Bram me colocou gentilmente no banco coberto de veludo que os curandeiros haviam preparado para mim, mas não soltou minha mão. Do outro lado do pátio, a equipe de ataque estava reunida. Meu povo. Meus lobos. Minha equipe do caos. Minha maldita família.

Taya, se mexendo como se precisasse esfaquear algo apenas para se acalmar. Rylen, composto como sempre, ajustando as correias de sua armadura peitoral como um homem prestes a entrar em guerra e sorrir ao fazê-lo. Jace, com um braço em volta de Amaris, sua companheira, o outro casualmente girando um punhal entre os dedos como se fosse apenas mais uma terça-feira. Os olhos de Amaris estavam fixos no local do portal, rosto como pedra. Mas eu sabia que seu coração era fogo.

A Princesa Rivena, toda realeza alfa e graça assassina, estava entre seus companheiros, Druen Fenrath, ex-membro da equipe de ataque, sombrio e mortal, e o Príncipe Lazurien Sylvendril, herdeiro dryad e arrogante raio de lua ambulante. Os três eram uma tempestade prestes a acontecer.

E atrás deles, de pé com poder estoico, estavam o Rei Alfa Draven e a Luna Aelira. Meus lobos. Meus âncoras reais.

Do lado oposto estavam o Rei Myrion e a Rainha Calavira Sylvendril, suas filhas Princesa Isyndrae e Princesa Lioraeth flanqueando-os. Regais, enraizados, observando tudo com olhos como morte florescendo e magia antiga.

Lachlan se moveu para o centro do pátio, poder elemental se enrolando ao seu redor em fios dourados. Seu sotaque cortou o ar, baixo e afiado. "O portal está ancorado nos Jardins do Crucible. Vou mantê-lo o máximo que puder. Vão rápido, vão em silêncio. Se ouvirem gritos, matem primeiro, perguntem depois."

"Música para meus ouvidos," murmurou Taya.

O cajado de Lachlan bateu na pedra, e o ar se rasgou. O portal era enorme, crepitando azul e branco, as bordas franjadas com fios de relâmpago e sombra. Pulsava como uma ferida viva no mundo. Jace se virou, pressionando um beijo na têmpora de Amaris. Ela olhou para ele e sussurrou algo que não consegui ouvir, mas o jeito que ele sorriu me disse que era bom.

Taya foi a primeira a avançar, depois Rylen. Sem hesitação. Apenas fogo e fé.

"Vocês todos melhor voltarem inteiros," resmungou Draven ao meu lado. "Ou eu mesmo vou arrastar suas bundas para casa."

Luna Aelira cruzou os braços, queixo erguido. "E se alguém tocar um fio de cabelo na cabeça daquela garota, queimem-nos. Devagar."

Rivena sorriu, os olhos brilhando. "Vocês terão suas cinzas."

Druen me deu um raro e silencioso aceno. "Nós a traremos de volta."

"E traremos pedaços de Lucien," acrescentou Lazurien casualmente, ajustando sua capa impecável. "Para decoração. Ou lanches."

Do lado, a Princesa Lioraeth ofegou. "Você é tão violento."

"Você só está percebendo isso agora?" Princesa Isyndrae disse secamente.

Lazurien piscou para Lioraeth. "Não se preocupe, irmã. Eu só esfaqueio pelos motivos certos."

Jace riu alto, "Mesmo, mano!"

Os olhos de Amaris se estreitaram para ele. "E você vai continuar esfaqueado para mim, obrigado."

Lyssira riu na minha cabeça. "Deuses, eu amo essa maldita matilha de psicopatas."

"Eu também." Murmurei, tentando segurar as lágrimas.

Cada um deles deu um passo em direção ao portal, Jace e Amaris primeiro, armas em punho, mãos dadas. Taya e Rylen em seguida, movendo-se como duas partes da mesma tempestade. Então Rivena, flanqueada por seus companheiros. As sombras de Druen se enrolaram atrás dela, as vinhas de Lazurien se enrolaram protetoramente ao redor de seus tornozelos como uma armadura viva.

A Rainha Calavira chamou, voz como folhas ao vento. "Que as raízes os sustentem. Que a tempestade os obedeça."

A voz do Rei Myrion seguiu, mais profunda. "Voltem com honra. Ou não voltem."

Rivena parou na beira do portal. Ela se virou para me encarar, aqueles olhos dourados de lobo afiados. "Nós a temos. Não importa o que custe."

Assenti, a garganta apertada. "Voltem para nós."

Então eles desapareceram, um por um, engolidos pela luz. O portal se fechou como um coração parando. Sumiram. Exalei tremulamente, agarrando a mão de Bram.

"Eles vão conseguir," Lyssira sussurrou na minha mente. "Eles têm que conseguir."

"Eles vão," sussurrei em voz alta, olhos fixos no espaço vazio onde o portal esteve.

Porque se não conseguissem? Não restaria uma única pedra do reino de Lucien de pé quando eu terminasse com ele.

Taya Quinn POV

O Resgate

No momento em que minhas botas tocaram as pedras do jardim, o ar se envolveu ao meu redor como uma luva molhada, úmido, espesso e errado. Os Jardins do Crucible pareciam pacíficos à distância: vinhas crescidas, flores brilhando levemente nas sombras, fontes gotejando algo espesso demais para ser água.

Mas eu sabia melhor. Este lugar era uma armadilha disfarçada de oração. "Cheira a ego, morte e colônia cara", Zuki rosnou na minha cabeça, farejando mentalmente.

"Deve ser o lugar do Lucien."

"Concentra," eu a repreendi.

Nos separamos rapidamente. Exatamente como planejado.

A equipe de distração se dirigiu para o leste, Rivena, Druen e Lazurien já exibindo poder e atraindo atenção como a tempestade divina que eram. A risada de Rivena ecoou nas pedras como um tambor de guerra. As sombras de Druen deslizaram sobre as estátuas, e Lazurien? Aquele bastardo brilhante iluminou o céu com cipós bioluminescentes enquanto desapareciam nas escadas do pátio.

Isso nos deixou. Equipe de extração: Eu. Rylen. Jace. Amaris.

Não falamos. Não precisávamos. Já tínhamos feito essa dança muitas vezes. Nos movemos rápido, lâminas baixas, passos silenciosos. O jardim se transformava em caminhos de pedra negra à medida que nos aproximávamos da torre pessoal de Lucien.

A primeira barreira cintilou do chão como uma cobra.

"Peguei," eu sussurrei.

Estendi a mão, cortando a luz da lua com minha adaga. Ela chiou e se dissipou, desaparecendo.

Segunda barreira? Ativada por movimento. Rylen jogou uma moeda. Ela explodiu no ar. Ele assentiu uma vez. "Ainda tenho."

A terceira, logo antes das escadas. Fio de armadilha mágica entrelaçado com algo ligado ao sangue. Jace usou sua lâmina de sombra para deslizar por baixo dela, depois a cortou limpa. A barreira explodiu como fogos de artifício negros e desapareceu.

Então estávamos lá. As portas de Lucien. Obsidiana esculpida, encharcada de magia. Brilhando levemente com a maldita marca de Raelith. Estava trancada.

"Merda," eu rosnei. "Claro que está."

"Deixa comigo," Amaris disse, já se ajoelhando. Seus dedos se moviam rápido, traçando runas no ar, seus lábios murmurando encantamentos de quebra de feitiço. Seu parceiro, Jace, a observava como um falcão, lâminas em punho.

"Eu realmente quero explodir isso," Zuki sussurrou.

"Eu também," eu rosnei de volta.

Então... BOOM. Todo o pátio tremeu. Gritos. Explosões. O som do caos divino irrompendo nos jardins.

"Esse é nosso sinal," Rylen murmurou.

Amaris praguejou baixo e... clique. A fechadura estalou. As portas se abriram, batendo nas paredes. E a escuridão lá dentro respirou.

Jace acendeu sua mão com chama lunar. Rylen convocou a luz da lua. E eu... Eu fui o primeiro a avançar.

A luz inundou a sala... E eu a vi.

Encolhida dentro de uma gaiola de barras de prata, nua e tremendo. Cabelos castanho-dourados emaranhados. Pele coberta de hematomas e cortes. Seus braços estavam envoltos ao redor de si mesma como se estivesse segurando sua alma.

Mas seus olhos... deuses. Aqueles olhos dourados brilhantes nos encaravam como se ela não ousasse acreditar que éramos reais.

Um suspiro escapou da minha garganta, e eu caí de joelhos, mão pressionada ao peito. "Oh, deuses. Não..."

"Ela é apenas uma garota," Zuki sussurrou, incomumente quieta. "Uma garota que nunca deveria estar em um lugar como este."

Amaris se moveu primeiro, luz da lua brilhando de seus dedos enquanto cortava as runas de bloqueio da gaiola. Jace e Rylen já estavam vigiando a porta, armas levantadas, tensão acumulada.

A prata derreteu. A porta rangeu ao abrir. Eu entrei, gentilmente, e envolvi a garota em um cobertor, um dos encantados do nosso alforje. Calor, segurança, proteção. Ela estremeceu, mas não resistiu.

Toquei seu rosto. "Nós te pegamos. Você está segura agora."

Ela não falou. Não chorou. Apenas... encarou. Observando tudo. Como se estivesse esperando o pesadelo começar de novo.

E então... Lucien. As portas explodiram para dentro enquanto ele entrava na sala como o próprio diabo, rosto torcido em pura, feroz raiva. Olhos brilhando. Presas à mostra. Sede de sangue escorrendo dele como veneno.

"MINHA!" ele rugiu.

Jace e Rylen não esperaram. Eles avançaram. Carne encontrou magia. Garras contra aço. Presas colidiram. A sala virou caos.

"VÃO!" Rylen gritou. "Tirem ela daqui, AGORA!"

"LEVEM!" Jace acrescentou, lutando com o braço de Lucien ao redor de sua garganta.

Amaris já estava me puxando. "Taya. Agora."

Eu hesitei. Tudo em mim gritava para ficar. "Não ouse," Zuki rosnou. "Você conhece a missão. Sabe o que importa."

Mas meu coração, meu coração estava se partindo ao meio. Ainda assim, eu obedeci. Corremos. Eu carregava a garota nos meus braços enquanto corríamos pelos corredores da torre, Amaris cortando barreiras como a própria morte. O ar estava denso com fumaça, gritos e poder distante crepitando como trovão.

O portal de Lachlan já estava se abrindo na borda do pátio, brilhando como uma linha de vida.

"VÃO!" eu gritei.

Amaris mergulhou primeiro. Eu empurrei a garota depois dela.

A voz de Jace ecoou atrás de mim, rosnando. "TAYA!"

Eu me virei a tempo de ver Lucien arremessar Rylen no chão. E algo em mim quebrou.

"Não," Zuki implorou. "Precisamos..."

"Ele é meu parceiro. Não vou deixá-lo..." eu sibilei.

Olhei para o portal, ainda estava aberto. Olhei de volta para Rylen. E então corri. De volta para as chamas. De volta para a luta.

De volta para meu parceiro.

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