Parte 8

Como esperado, Rachel estava determinada a ir à primeira festa do ano na fraternidade. Ou primeira festa, segundo ela. Allie só foi junto porque não tinha nada melhor para fazer numa noite de sexta-feira, infelizmente. Seu amigo, Ashton, também tinha insistido para que ela fosse.

A casa da fraternidade que elas entraram era enorme, na opinião dela. Ela não conseguia parar de olhar para os pisos impecáveis e os cômodos com tetos altos, papéis de parede caros, sofás de couro. Assumindo que eram meninos, principalmente Alfas, morando ali, ela esperava o oposto, mas surpreendentemente estava tudo limpo.

Sua amiga tinha um sorriso radiante no rosto, e a excitação irradiava dela enquanto pegava Allie pelo pulso para guiá-la pela multidão. Rachel parecia à vontade, como se estivesse em casa nesse tipo de ambiente.

"Vamos encontrar a cozinha, preciso de uma bebida," ela exclamou, levantando a voz para que Allie pudesse ouvi-la sobre a música alta que ressoava pela casa. Quando seus olhos se encontraram, a ômega assentiu em aprovação.

Elas simplesmente seguiram a multidão de pessoas com copos vazios, certas de que estavam indo para a cozinha para pegar uma recarga. Claro, uma vez na sala modernamente mobiliada e equipada, tiveram que esperar um grande grupo de garotas de top cropped e mini saias misturar algo que envolvia muita vodka e sair antes de conseguirem um espaço no balcão. Garrafas dos mais variados tipos de álcool que Allie já tinha visto em um só lugar estavam espalhadas e, honestamente, ela não fazia ideia do que fazer com elas.

"Isso é incrível," Rachel assobiou baixinho, os olhos arregalados e brilhando de alegria, e as mãos já alcançando um punhado de garrafas de cores diferentes.

Nesse momento, elas notaram Chris entrando na cozinha com um sorriso bobo no rosto. No minuto em que ele as viu, seu sorriso só aumentou. Ele correu para cumprimentá-las. "Boa noite, meninas."

Allie acenou para ele. Ele não era Nate, então ela não tinha problema em falar com ele.

"Oi, Chris," o sorriso de Rachel se alargou, suas bochechas coradas. Era evidente que ela gostava dele.

"Que bom que vocês vieram."

"Sério?"

Allie tentou conter o sorriso com a interação. Eles eram fofos. Ela tinha que admitir isso.

Chris assentiu com a cabeça. "Sim. Não se preocupem; eu posso fazer uma bebida especial para vocês duas. Esperem e vejam, vai ser incrível."

"Você viu o Ashton por aí? Ele deveria estar nos esperando na sala de estar," Allie perguntou, divertida com a evidente alegria de Chris com a variedade de bebidas disponíveis. A ômega nem tinha certeza se ele notou suas palavras, já muito absorvido no processo de despejar generosas quantidades de líquido de cheiro forte em dois copos.

Chris olhou para cima, entregando as bebidas que fez. "Ah, ele está jogando beer pong. Vou levar vocês até ele."

"Obrigada," Rachel sorriu para ele.


"Quão bêbado você está?" Allie perguntou instantaneamente ao notar os olhos vidrados e o cabelo despenteado de Ashton.

"Não o suficiente para perder este jogo," ele sorriu para ela, suas bochechas vermelhas e suadas sob as luzes. Francamente, ela nunca entendeu o conceito de jogos de bebida, mas eles eram divertidos.

"Ok, boa sorte então!" Allie deu um tapinha no ombro dele.

"Não! Você tem que me ajudar a vencê-los," Ashton inclinou a cabeça em direção a Nate e outro cara que estava com ele.

"Mas por quê? Você já tem seu time."

"Que está perdendo, caso você não tenha notado," Ashton balbuciou.

Allie notou a pontuação, e era verdade. Mais duas jogadas e eles poderiam perder rapidamente.

"Por favor. Eu te devo uma grande," a sinceridade com que ele disse isso a fez rir, embora ela não pudesse saber que estava bastante convencida pelas palavras.

"Você já terminou?" uma voz entediada ressoou do outro lado da mesa. Seu olhar se ergueu bruscamente. Claro, era Nate, com os braços cruzados e as sobrancelhas franzidas. "É só que, se você não se importar, talvez possamos começar este jogo ainda este ano, sabe?"

"E ele fala!" Allie sussurrou, apenas para Ashton ouvir, que, naturalmente, riu não tão discretamente.

"Tem algo que você quer me dizer, querida?" Nate levantou a sobrancelha para ela.

Ela engasgou com o uso de "querida". "De jeito nenhum. Vamos apenas começar para que possamos terminar ainda este ano, ok?" A ômega respondeu docemente, sorriso forçado e completamente falso enquanto encontrava os olhos dele por mais um segundo.

"Vamos começar então."


"Ooh, mais um ponto!" Nate disse calmamente, um sorriso torto em seus lábios carnudos. Ele era tão lindo — pena que sua personalidade não valia nada. Não que isso fizesse diferença para Allie.

"Além disso, você tem que beber por violar as regras."

Em sua defesa, ela só jogou a bola na cara dele porque ele não parava de chamá-la de "querida" e isso a distraía. E se essa era a tática dele, parecia estar funcionando.

Chris murmurou do canto. "Ele está certo, Allie. Você recebe uma penalidade por jogar a bola nos outros jogadores."

A ômega apenas deu de ombros e esvaziou o copo mais próximo com alguns grandes goles, porque o que mais ela poderia fazer?

"Agora, acho que é minha vez," Nate continuou preguiçosamente.

Allie suspirou internamente. Por que o Alfa não podia simplesmente usar essa oportunidade e deixar pra lá? Eles estavam na liderança. Ainda assim, continuaram jogando, Allie esvaziando cada copo que Nate acertava e ela se sentia mais tonta a cada um. Não saiu como planejado, o álcool subindo rapidamente à cabeça dela, deixando-a praticamente completamente bêbada quando Nate venceu.


A ômega não aguentava mais as provocações dele, não quando sua cabeça estava girando. Então ela tentou encontrar o banheiro mais próximo. Uma vez lá dentro, Allie se encostou no azulejo frio quando a porta se abriu tão inesperadamente que ela quase pulou de susto. Seus olhos se abriram em choque quando a parte de trás de sua cabeça colidiu com a parede atrás dela com um baque pesado.

"Merda," ela gemeu, lágrimas brotando em seus olhos pelo impacto desagradável, a dor irradiando por seu corpo. Por um momento, Allie se sentiu totalmente fora de si. "Puta merda," ela acrescentou eventualmente, para reforçar, levantando a mão para tocar o local onde a ômega bateu, aliviada ao perceber que não havia ferida sangrando, porque isso seria péssimo.

"Você está bem?" uma voz familiar perguntou, embora ela não se preocupasse em olhar para a pessoa.

De repente, aquela pessoa familiar estava na frente dela, inclinando-se. Um rosto apareceu diante dela. Um rosto bonito, emoldurado por cachos castanhos. Ela engoliu em seco, incomodada. Isso não podia estar acontecendo. Tipo, quais eram as chances?

"Você está bem? Por favor, fale comigo. Diga algo," talvez a ômega estivesse com concussão, porque para seus ouvidos a voz de Nate não parecia nem metade tão irritante quanto normalmente era quando eles falavam.

"Vá embora, eu estou bem," ela disse fracamente, um biquinho se formando em seus lábios. Essa situação era uma piada.

Nate balançou a cabeça, sua mão ainda ao lado dela. "Você precisa ir ao hospital? Temos uma clínica perto para nosso time. Tenho certeza de que ele pode fazer uma exceção."

Ela franziu o nariz em desagrado. Hospitais eram os piores. Eles detectariam seu status de ômega em questão de minutos, e isso destruiria tudo. "Pare de falar. Me deixe em paz," ela exigiu, tão insistentemente quanto conseguiu.

"Quão bêbada você está? Você só tomou, tipo, sete copos de cerveja. Betas aguentam mais do que isso," os olhos de Nate estavam semicerrados, pupilas dilatadas e suas íris mal discerníveis enquanto ele estreitava os olhos.

Ah, droga! Agora ele vai descobrir. Ela tinha que pensar em algo rápido.

"Chris... ele misturou umas bebidas para nós. Tinha muito álcool nelas," ela explicou, esperando que isso fosse suficiente para tirá-lo de seu pé. Nate deveria cuidar dos próprios assuntos.

"Ah, as bebidas dele são as piores. Prepare-se para a pior ressaca amanhã," o Alfa riu.

Ela o encarou novamente, "Por favor, cale a boca. E vá embora."

Abrindo a boca, ele estava pronto para soltar alguma frase espirituosa, mas em vez disso deu um grande passo à frente, agarrou seu pulso e a puxou do quarto sem cerimônia. Ela estava a um segundo de gritar por ajuda, o que teria sido a reação natural de qualquer ômega ao ser arrastada por um Alfa contra sua vontade. Ela teve que morder a língua com força para suprimir seu instinto básico.

"Para onde você está me levando?" Allie conseguiu perguntar depois de um momento.

O Alfa estava puxando-a em direção à escada, levando a ômega para baixo de forma brusca, impaciente. Ele teve o cuidado de estabilizá-la, no entanto, quando ela tropeçou e perdeu um degrau. O que, isso foi legal, provavelmente.

No pé da escada, Nate parou abruptamente, o que resultou em ela colidindo com ele, de cara. "Você precisa deitar antes de se machucar. Estou te levando de volta para sua casa."

Ah. Allie fez uma careta. Isso foi inesperado.


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