Capítulo 11: A data
O local do encontro deles era um orfanato no interior de Cantão. O nome no banner desgastado chamou a atenção de George, e ele olhou de volta para ele: Refúgio dos Pequenos Anjos. Ele não podia acreditar nos seus olhos. Eles tinham dirigido por mais de uma hora no carro de Isla para visitar um orfanato? George se perguntou, incrédulo, sentindo-se extremamente desconfortável com a escolha. Ela tinha mantido o local do encontro como uma surpresa, mas isso não era nada do que ele esperava.
"Vamos," disse Isla animadamente assim que desligou o motor. Virando-se para seu companheiro, ela ficou surpresa ao ver que ele estava olhando fixamente para frente, com os lábios cerrados e os braços cruzados firmemente no peito como uma criança petulante. Ela sentiu um momento de pânico. Será que tinha cometido um erro ao trazê-lo aqui? Este lugar significava muito para ela. Ela pensou que trazê-lo aqui seria compartilhar uma parte profunda dela com ele, e talvez ele pudesse ver o lado gentil dela que ela sabia que raramente mostrava. Ele provavelmente esperava algo mais sofisticado.
"Você está bem?"
Ele não olhou para ela, mas respondeu mesmo assim. "Por que aqui?" Sua voz estava tensa, carregada de emoção que ela não conseguia decifrar. Seu coração disparou com o desconforto palpável vindo dele. Ela precisava agir com cuidado.
"Houve um incidente na minha vida que me fez querer desistir, George." O resto das palavras ficaram presas na garganta, mas ela as forçou a sair. "Me aconselharam a vir aqui, ver crianças que enfrentaram tragédias piores. Eu vim. Isso me fez decidir dar outra chance à vida." Ela parou, incapaz de dizer mais, rezando para que ele não exigisse uma explicação. Ela não estava pronta para entrar nos detalhes do 'incidente'.
Ele virou o rosto para ela agora, avaliando sua expressão. Ele não esperava a história curta, mas grave. Deixava muito a ser contado, mas ele viu como ela lutou para dizer o pouco que disse. Mais tarde, ele perguntaria. Por enquanto, decidiu se abrir um pouco com ela também, como uma recompensa pela confiança dela.
"Eu cresci em um orfanato." Isla recuou em choque. Ela se sentiu afundar em vergonha. "Eu sinto muito! Eu não sabia." Ela implorou, sua mão que ainda estava na ignição se moveu para ligá-la novamente. A mão de George estava na dela em um instante, interrompendo a ação. Olhos azuis suplicantes encontraram olhos castanhos angustiados. "Não precisamos estar aqui, George. A culpa é minha por não ter te contado antes."
"Não," ele disse firmemente, apertando a mão dela de forma reconfortante. Ele a tirou de onde estava perto da ignição e a levou aos lábios. Foi apenas um beijo casto nos nós dos dedos dela, mas Isla estremeceu com a gentileza. "Eu quero estar aqui agora." Ele olhou diretamente nos olhos dela, desejando que seus olhos pudessem transmitir a veracidade de suas palavras.
Ela assentiu, odiando a posição em que o colocou, mas ela realmente precisava ver as crianças. Fazia um tempo. Secretamente, ela esperava que George não apenas tolerasse a estadia deles ali, mas também viesse a gostar. Ela estaria atenta a ele, pronta para sair se ele ainda estivesse desconfortável ao interagir com as crianças.
Ela entendia a dor de estar em um lugar que guardava memórias que você preferiria esquecer.
Cinco minutos depois, eles entraram no prédio, mãos cheias de sacolas repletas de brinquedos, roupas e pilhas de livros. George ficou impressionado com o quão preparada Isla estava, tendo visto o porta-malas cheio desses presentes mais cedo.
Um sorriso caloroso os recebeu do homem de meia-idade atrás da recepção. "Temi que vocês tivessem nos esquecido," ele confessou enquanto trocavam cumprimentos.
O sorriso de Isla era igualmente caloroso. "De jeito nenhum. Tenho estado muito ocupada, mas prometi a mim mesma que veria todos vocês hoje."
"Você fez um trabalho esplêndido; as crianças têm perguntado ansiosamente por você."
"Irmã Paz mencionou—"
As palavras de Isla foram interrompidas por um coro de gritos e risadas excitadas ecoando de um enxame de crianças. Eles se viraram para ver a fonte. Descendo a longa escada aberta, cerca de vinte crianças correram em direção a eles, sorrisos largos iluminando seus rostos.
"Devagar!" o homem atrás da mesa chamou, preocupação na voz.
Mas Isla não pôde deixar de rir. Ela gentilmente colocou suas sacolas no chão a tempo de pegar a primeira criança, puxando-a para um abraço apertado. Mais seis seguiram o exemplo, seus braços finos envolvendo suas pernas, cintura, onde pudessem alcançar. O resto ficou para trás, esperando sua vez. Quando os primeiros sete soltaram, outros tomaram seu lugar.
George observou, lutando contra o nó na garganta. As idades pareciam variar de quatro a treze anos, com complexões empoeiradas e traços faciais semelhantes, como se compartilhassem uma herança comum.
O último grupo ainda estava abraçando Isla quando uma mulher, uma freira na casa dos quarenta, desceu as escadas. Em seus braços, ela carregava um menino que não poderia ter mais de um ano. A garganta de George apertou.
Crescer em um orfanato não havia diminuído a dor de ver almas tão jovens e sem pais. O menino era adorável, sua pele de um tom mais escuro, seu cabelo cheio e encaracolado, e seus olhos grandes e redondos, assim como os de Isla. George sentiu uma vontade de pegar o bebê e fugir.
"O que é isso?" Isla cumprimentou a freira respeitosamente, estendendo a mão para o bebê. Mas o menino se agarrou à freira, olhando para Isla com desconfiança. Ela não pôde deixar de rir da carinha emburrada que ele fez. Depois de trocarem cumprimentos alegres, a freira voltou seu olhar para George. Todos os olhos na sala seguiram o dela, e ele se sentiu... encurralado.
"Oi," ele conseguiu dizer, acenando de forma um tanto desajeitada. Para sua surpresa, algumas das crianças riram suavemente. Isla veio em seu auxílio, entrelaçando seu braço no dele e sorrindo para eles. "Pessoal, este é meu amigo George."
Saudações e murmúrios de boas-vindas encheram a sala, uma mistura de curiosidade e timidez em seus olhos. O homem de antes estendeu a mão para um aperto de mão. George a aceitou, aliviado quando o gesto foi rapidamente liberado.
"Olá, George. Que companheiro bonito você tem, Isla," a freira comentou, piscando brincalhona para Isla. George não pôde deixar de ficar surpreso. As freiras do orfanato onde ele cresceu eram mulheres típicas de rosto severo, elas não piscavam.
Isla riu com diversão.
Ela soltou o braço dele para pegar as sacolas que havia colocado no chão. As crianças mais velhas correram ansiosamente para ajudar, e ela permitiu. Dois meninos, por volta de onze anos, se aproximaram de George, oferecendo-se para levar suas sacolas. Ele educadamente recusou; elas eram as únicas coisas que mantinham suas mãos ocupadas.
A freira os conduziu para fora do hall de recepção até uma sala espaçosa cheia de cadeiras de plástico. George sentiu um toque em sua mão e se virou para ver Isla, carregando uma garotinha com uma mão.
'Você está bem?' ela articulou silenciosamente para ele. George não estava exatamente bem, mas assentiu. Ele era um homem agora, não um órfão faminto. Ele podia lidar com isso. Não era exatamente um encontro, ele refletiu. Isla talvez quisesse verificar a palavra no dicionário novamente.
Depois que a freira saiu, eles ficaram sozinhos com as crianças. Alguns minutos depois, dois meninos mais velhos, com mais de dezesseis anos, entraram. Eles cumprimentaram Isla, levando as sacolas embora, mas deixando uma para trás conforme ela instruiu. Todos se acomodaram nas cadeiras. O bebê agora estava nos braços de uma adolescente.
"Tia Isla, sentimos sua falta," uma delas disse, balançando as pernas de forma brincalhona.
"Eu também senti falta de vocês, querida. Yusuf e Ibrahim, venham distribuir esses livros. Cada um tem o nome de vocês," Isla disse, incentivando os meninos a ajudar a distribuir os livros.
As capas dos livros eram vibrantes e alegres, claramente destinadas ao grupo etário deles. George pegou um para folhear. Um brilhante '3-5' estava no canto, acompanhado por um jardim lindamente pintado e um coelho de aparência cômica. O que realmente o surpreendeu, no entanto, foi ver o nome Isla J. listado como autora.
"Você também escreve livros infantis?"
"Sim, só para eles. Eles são órfãos da insurgência no Congo. Alguns deles não tiveram educação formal. Junior, ali, nasceu depois que sua mãe entrou em trabalho de parto ao ver seu marido ser esfaqueado até a morte em sua própria casa. Ela não sobreviveu."
O coração de George doeu ainda mais por essas crianças agora. Enquanto ele havia perdido seus pais em um acidente de carro, essas crianças testemunharam os horrores de seus pais sendo brutalmente assassinados, esfaqueados ou até explodidos. Junior era o bebê que ele estava admirando mais cedo. Ele olhou para cada criança mais de perto, sentindo uma profunda sensação de vergonha por sua hesitação anterior em entrar.
"Obrigado por me trazer aqui, Isla."
Isla se sobressaltou com a gratidão inesperada. Sorrindo, ela pegou sua mão e colocou uma mãozinha muito menor na dele.
Era a mesma menina que ela estava carregando mais cedo. George a puxou gentilmente para mais perto, e ela obedeceu, com os olhos baixos. Ele podia sentir as outras crianças se aproximando dele. Quaisquer sinais de 'fique longe' que ele pudesse ter emitido antes pareciam ter desaparecido com sua nova compreensão. Ele olhou para a beleza em seu colo.
"Olá, linda. Qual é o seu nome?"
"Ella," ela respondeu, segurando seu livro firmemente contra o peito.
"É um nome adorável. E você, jovem?"
Um por um, ele perguntou seus nomes. Alguns estavam ansiosos para interagir, enquanto outros permaneciam tímidos.
Depois que as apresentações terminaram, George se levantou e bateu palmas. Ele se sentia mais leve agora e estava determinado a tornar este dia inesquecível para eles. Ele não podia mudar o passado deles, mas ia fazê-los rir tanto que eles iriam se lembrar deste dia com alegria.









































