Capítulo 7: Consertando pontes

"Eu te devo um pedido de desculpas."

"Desculpas?" George repetiu, parecendo genuinamente confuso.

Isla assentiu. "Sim. Por ter sido grossa com você ontem. Eu só... não lido muito bem quando as coisas não saem como eu planejei. Fui muito indelicada. Sinto muito." Ela se sentia envergonhada por se desculpar depois que George havia dado o primeiro passo, mas ainda era melhor do que nada.

Com um sorriso iluminando seu rosto, George balançou a cabeça. "Tudo bem. Eu não teria trazido isso para você se ainda estivesse bravo."

George não foi embora até duas horas depois. E depois que ele saiu, Isla se sentiu como se estivesse flutuando nas nuvens. Eles não fizeram nada além de conversar, mas Isla podia sentir sua atração pelo rapaz ficando mais forte a cada minuto que passavam juntos naquele quarto.

Ela estava sentada agora, tomando o que restava do Chateau Lafite Rothschild que compartilhou com ele enquanto pensava.

Essas poucas horas com George lhe deram um pouco mais de insight sobre sua personalidade. O rapaz era razoável e muito inteligente. Ele não falou muito sobre seu passado e nem ela. Na verdade, ambos pareciam estar pisando com cautela. A questão da parede os havia feito retroceder alguns passos. George nem sequer pediu um novo encontro.

Sua felicidade pela visita de George foi rapidamente apagada com essa lembrança. George não a havia convidado para sair novamente! Talvez sua pequena loucura sobre a parede não consertada tivesse matado qualquer interesse romântico que ele tinha nela, e ele havia decidido ser apenas amigo. Sua suposição não combinava com o olhar nos olhos dele quando a olhava, mas nada mais fazia sentido para ela. Ou talvez ele ainda tivesse interesse nela, mas simplesmente não quisesse mais nada romântico.

Suspirando, Isla fechou os olhos. Talvez ela devesse ter convidado ele para sair. A ideia não lhe ocorreu na hora, e mesmo agora que ocorreu, ela não tinha coragem. Se ele não a convidasse novamente, provavelmente significava que ele não queria mais sair com ela. Faria alguma diferença se ela tomasse a iniciativa?

O sono naquela noite foi terrível para Isla. Ela se revirou na cama por horas, se perguntando se deveria deixar um potencial amante ir embora sem nem tentar. Ele foi o primeiro a fazê-la reconsiderar sua decisão de viver sem um homem... Era exatamente como Olivia lhe disse; 'Confie em mim, quando você encontrar o cara certo, esse voto vai simplesmente voar pela janela.'

George era o cara certo? Então parecia que o que quer que ela tivesse com ele havia voado pela janela junto com o voto. Não seria a primeira vez que ela arruinava algo com sua irritabilidade irracional.

Os olhos azuis se fecharam nas memórias que tentavam inundar sua cabeça. Ela apertou os olhos, virou-se para o outro lado de sua cama queen size e implorou para que o sono a levasse sob suas asas de pluma, mas o sono a evitou.


Equilibrando a bandeja na mão direita, George bateu na porta de Isla cedo na manhã seguinte. Ele verificou sua aparência no reflexo da porta, mas não teve tempo de tirar conclusões antes que a porta se abrisse, e uma Isla irritada o encarasse com aqueles olhos azuis abomináveis.

"O quê?"

George mentalmente recuou um pouco. Essa mulher era bipolar? Não era a mesma com quem ele havia conversado e rido na noite anterior? Por que ela parecia alguém que teve seu café cuspido?

"Você está bem?" George perguntou, genuinamente confuso. Como alguém podia mudar de amigável para frio como pedra em poucas horas? Isso doía em sua cabeça.

Ele observou com satisfação e alívio enquanto a expressão dura dela dava lugar a uma mais suave. Ela parecia realmente exausta. Será que ela tinha dormido? As olheiras sob seus olhos eram bem visíveis.

"Desculpa," Isla sussurrou. "Eu fico irritada quando não durmo. Você quer entrar?" Ela olhou para a xícara de chá e o bule de porcelana na bandeja que ele segurava, salivando com o cheiro do chá de jasmim. Um olhar rápido para os lados do corredor revelou que ninguém os tinha visto ainda, e ela rapidamente o convidou para entrar. A última coisa que ela queria era se tornar material de fofoca para os vizinhos.

Sua casa estava muito mais arrumada do que na noite anterior. Contanto que ele não fosse para a cozinha, claro. Isla tinha considerado contratar alguém para fazer a limpeza e outras tarefas, mas ainda parecia muito invasivo para ela.

Ela observou George colocar a bandeja na mesa decorativa e cruzou os braços, um gesto que parecia casual, mas era mais um esforço para esconder o quanto seu peito estava arfando. Ela estava respirando tão forte só por ter George em seu espaço novamente.

"Você fez chá para mim?" Ela se perguntou em voz alta, sentando-se no sofá ao lado dele, como na noite anterior.

"Eu fiz para nós," ele corrigiu, seus olhos fixos sem vergonha no rosto dela.

Um rubor embaraçado coloriu as bochechas de Isla e ela acrescentou rapidamente, "Sim, claro."

Fria. Distante. Tímida. Doce. As diferentes personalidades que ele via nessa mulher em particular deveriam ter feito qualquer homem normal correr para as colinas - ela poderia ser um pouco mental, por tudo que ele sabia. Em vez disso, George se sentia mais intrigado por ela.

"Por que você não conseguiu dormir?" Ele perguntou suavemente. "Sentiu tanto a minha falta quando eu fui embora que o sono fugiu?"

Os lábios de Isla se esticaram em um sorriso, mesmo enquanto seu coração acelerava. "Sim, você gostaria." Ela continuou em um tom mais sério, "Às vezes eu perco o sono. Vem com o trabalho. É a consequência de inúmeras noites ficando acordada até tarde para escrever. Nosso ritmo circadiano simplesmente fica bagunçado."

George assentiu lentamente em compreensão. "Entendo. Talvez você devesse fazer uma pausa e fazer algo divertido. Algo que te faça feliz. Talvez você encontre sua musa e consiga dormir melhor."

Os olhos de Isla saltaram para o rosto dele, surpreendendo-o novamente com o quão azuis eram. Seus olhos tinham que ser a característica mais bonita de seu rosto, emoldurados por longos cílios empoeirados que roçavam suas bochechas quando ela piscava.

"Você..." Ela parou, parecendo incerta sobre o que queria dizer.

"O que foi?" Quando ela ainda hesitou, George a incentivou gentilmente. "Diga, Isla."

Jesus. Isla sentiu arrepios na pele e um calor se acumular em seu ventre. George não tinha ideia do que aquele comando fazia com ela.

"Você está livre neste fim de semana?"

"Sim, por quê?" Ele viu a garganta dela se mover com um engolir nervoso. O que quer que ela estivesse prestes a dizer, não era fácil para ela.

"Eu quero te levar a um lugar."

Ele olhou para ela agora, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. Era exatamente o que ele esperava, deixando a bola inteiramente no campo dela.

"Você está me convidando para sair?" Ele perguntou provocativamente. Era uma pergunta clichê, mas ele simplesmente não pôde resistir.

Ela revirou os olhos, mas ele podia ver o sorriso persistindo em seus lábios enquanto ela o encarava completamente. "E se eu estivesse?"

Ele riu roucamente. "Então eu aceito."

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