Capítulo 4

Victoria rapidamente sentiu vários olhares penetrantes vindos de dentro do parque, percebendo que a garotinha à sua frente poderia ter um passado incomum. Sem querer se envolver em problemas, disse imediatamente: "Eu estava só chutando. Vai brincar, criança."

Antes que pudesse se virar, uma pequena mão agarrou sua manga.

A menina olhou para ela com olhos arregalados. "Moça, eu tenho mais perguntas. Há tantas coisas que eu não entendo, e ninguém para me explicar."

O coração de Victoria amoleceu um pouco. Ela se lembrou de como tinha desejado desesperadamente um mentor para guiá-la quando começou.

"Estou estudando essa arma para entender as melhorias feitas na Arma Peaceful B-1," acrescentou a menina.

Victoria ficou surpresa. A Arma Peaceful B-1 era uma pistola estilo escorpião que ela havia melhorado no mês passado. Como essa criança, que parecia não ter mais de cinco anos, sabia tanto?

Sua curiosidade foi despertada, e Victoria se sentou ao lado da menina.

Elas rapidamente engajaram-se em uma conversa, ambas maravilhadas com o extenso conhecimento uma da outra. Finalmente, a menina, ainda ansiosa por mais, tirou um pequeno comunicador do pulso e o entregou a Victoria. "Aperte isso para me contatar. Meu nome é Bianca Garcia. Prazer em conhecê-la."

Victoria tinha acabado de pegar o comunicador quando um garoto gordinho apareceu do nada e se chocou contra Bianca.

Felizmente, Victoria foi rápida e pegou Bianca a tempo. O garoto perdeu o equilíbrio e caiu no chão, chorando alto.

Victoria, inexperiente com crianças, presumiu que o garoto foi apenas azarado. Ela se virou para colocar Bianca no chão, mas então sentiu um soco na perna.

Olhando para baixo, viu o garoto, dentes cerrados, punhos fortemente cerrados. Um soco não foi suficiente para ele; estava pronto para dar outro.

Victoria libertou uma mão e segurou o punho dele, torcendo-o para trás. A mão do garoto ficou mole, balançando inutilmente.

Os gritos dele ficaram mais altos, e um homem corpulento correu, gritando, "Sua desgraçada! Por que está batendo no meu filho?"

Victoria, indiferente ao tamanho maior do homem, respondeu calmamente, "Ele me bateu primeiro."

"Quanta desfaçatez, mexendo com uma criança!" o homem gritou, cuspindo enquanto falava.

"Seu hálito fede. Pode pegar seu pirralho e dar o fora?" Victoria retrucou, protegendo o rosto de Bianca e empurrando-a mais para o seu ombro, claramente desgostosa com o homem e seu filho.

O rosto do homem ficou vermelho de uma mistura de vergonha e raiva. "Você! Quer brigar, não é?"

Ele deu um soco sem aviso.

Victoria instintivamente quis bloquear, mas com Bianca em seus braços, tinha medo que a garota se machucasse. Em uma fração de segundo, virou o corpo para receber o soco.

O golpe acertou bem no seu ferimento, fazendo sua visão turvar de dor. Preocupada em não deixar Bianca cair, rapidamente a colocou no chão e apontou para um escorregador próximo. "Vai sentar lá um pouco."

Bianca, embora preocupada, assentiu obedientemente e se sentou, pressionando seu comunicador. "Venham me ajudar, rápido."

Em um café próximo, Alexander ouviu a mensagem de voz, suas feições afiadas inexpressivas enquanto observava Victoria no parquinho. Ela estava segurando o lado ferido, incapaz de se levantar, enquanto o homem avançava sobre ela.

O assistente perguntou, "Essa moça não parece querer fazer mal à Srta. Garcia. Devo..."

Ele parou no meio da frase.

No parquinho, a antes frágil Victoria de repente saltou, envolvendo-se ao redor do homem como uma cobra e jogando-o no chão, suas pernas travando em volta do pescoço dele.

Alexander permitiu um sorriso quase imperceptível. "Parece que essa senhorita não precisa da nossa ajuda."

Victoria torceu a mão do homem para baixo, fazendo-o gritar de dor. Seu rosto inchou enquanto ele lutava para respirar.

"Eu... eu sinto muito..." o homem arfou.

A dor em seu abdômen dificultava para Victoria se segurar. Ela o soltou, olhando ameaçadoramente.

O homem cambaleou, seu rosto uma mistura de medo e raiva.

Uma multidão se reuniu, murmurando entre si. "Por que ela está batendo nas pessoas?"

O homem aproveitou a oportunidade, gritando, "Ela quebrou o braço do meu filho sem motivo, e quando eu perguntei sobre isso, ela me atacou!"

Seu desabafo atraiu a simpatia da multidão. "Um pai levando seu filho para passear é um bom homem. Ser espancado por uma garota e não revidar."

Encorajado, o homem exigiu, "Peça desculpas, ou isso não vai acabar! Todo mundo viu. Vou postar online e te tornar famosa!"

Ele provavelmente pensava que Victoria, sendo uma mulher sozinha, seria fácil de intimidar apesar de suas habilidades de luta.

Victoria examinou a multidão, então olhou para o homem, pegando seu celular. "Estou chamando a polícia."

A expressão do homem mudou.

Victoria continuou, "Tem alguém causando problemas aqui." Ela olhou ao redor, acrescentando, "Há câmeras de 360 graus, cinco delas."

O rosto do homem ficou pálido.

"Quanto tempo a polícia vai levar para chegar? Vou ficar de olho nele." Ela olhou para cima, mas o homem já havia agarrado seu filho e estava escapulindo.

"Não precisa da polícia. Resolvemos isso em particular. Desculpe pelo transtorno." Victoria desligou.

A multidão se dispersou.

Sentindo-se exausta, Victoria pensou em Bianca e se forçou a se virar, apenas para ver uma figura alta.

Antes que pudesse ver quem era, sua visão escureceu, suas pernas cederam e ela caiu para frente, o cheiro de sangue enchendo seu nariz.

Ótimo, o ferimento deve ter reaberto. Tomara que alguém bondoso me leve ao hospital.

Alexander instintivamente a segurou, seu pedido de ajuda preso na garganta. O assistente rapidamente assumiu, mas o sangue já havia manchado o terno de Alexander.

Ele estreitou os olhos, zombando, "Os truques que as pessoas usam hoje em dia."

O assistente perguntou, "E quanto a essa senhorita..."

"Leve-a ao hospital."

A caminho do hospital, Alexander recostou-se, batendo no joelho enquanto estudava a inconsciente Victoria. "Investigue aquele pai e filho. Veja se foram contratados."

O assistente hesitou. "Você acha que essa senhorita estava atuando?"

"Victoria não estava atuando!" Bianca rapidamente a defendeu.

Alexander acariciou a cabeça de Bianca e disse, "Você é muito jovem para entender."

Bianca fez beicinho e respondeu, "Eu entendo sim! Muitas pessoas tentam te conhecer através de mim, mas a Victoria é diferente!"

Alexander não disse mais nada.

No hospital, ele saiu primeiro, instruindo o assistente, "Limite as saídas da Bianca por enquanto."

O assistente respondeu, "Sim, senhor."

Alexander examinou o ferimento de Victoria. A localização correspondia ao ferimento da noite passada. Seu assistente havia apontado a perda de sangue incomum, fazendo-o suspeitar que a pessoa poderia estar ferida.

Mesmo que ele estivesse errado, as roupas ensanguentadas indicavam um ferimento sério. Uma pessoa normal vagaria com um ferimento assim?

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