Capítulo 1 Um esquema

Vossshire é o lar do maior centro de comércio de artefatos em Velesia. Os visitantes só precisam comprar um ingresso para assistir ao vivo o leilão de tesouros históricos.

Com a queda do martelo, negócios de milhões de dólares eram fechados num instante!

Durante o leilão, os visitantes ficavam empolgados, sentindo como se tivessem participado de projetos milionários.

A casa de leilões, que já não precisava da receita dos ingressos, ganhava uma influência social significativa — uma situação em que todos saíam ganhando.

Recentemente, a casa de leilões estava mais popular do que nunca, graças a uma nova influenciadora.

Ela se tornou famosa inesperadamente em um vídeo de um vlogger de viagens. Em apenas alguns segundos de filmagem, ela apareceu como um fogo de artifício fugaz, deixando uma impressão duradoura.

Sua beleza não era chamativa nem lembrava influenciadoras online. Ela tinha um visual clássico e elegante, deslumbrantemente bonita.

Da noite para o dia, ela se tornou uma sensação, ganhando o apelido de Anjo do Leilão.

Muitas pessoas vinham apenas para vê-la, mas ela permanecia extremamente discreta, recusando entrevistas e fotos com os visitantes.

Com esse tipo de fama, ela poderia facilmente criar uma conta nas redes sociais, postar alguns vídeos e ganhar uma fortuna com transmissões ao vivo!

Alguns achavam que era uma jogada de marketing de uma empresa de mídia, mas internautas curiosos logo desmentiram os boatos.

[O Anjo do Leilão é Elara Voss, dona do estúdio de arte independente 'Atelier Reviver Histórias.' Aos 23 anos, ela possui um doutorado em arqueologia pela melhor universidade de Velesia e é uma estrela em ascensão no campo de autenticação e restauração de arte. Conhecida por seus olhos de águia e mãos milagrosas, ela fez seu nome na indústria.]

[Formada pelo melhor programa de arqueologia aos 21 anos; ela é um gênio!]

[Transformada em uma elite da indústria em apenas dois anos — ela é um prodígio!]

[Não manchem minha deusa com suas táticas sujas de fama online!]

[Proponho que todos parem de obcecar pela minha esposa e deixem-na focar na carreira. Podem pular os presentes de casamento no futuro...]

[Sem vergonha.]

Os internautas continuaram a brincar e apoiar Elara, enquanto ela parecia alheia a tudo isso.

Atelier Reviver Histórias.

Silêncio, serenidade.

Na sala de restauração com controle de temperatura e umidade, a luz era suave e abundante.

O cheiro de tinta misturado com cedro preenchia o ar. O som de um pincel deslizando pela tela era suave, acompanhado pela respiração cuidadosa, como se o menor movimento de ar pudesse causar um desastre.

Na mesa de restauração de laca polida, uma fila de ferramentas estava organizada de forma impecável.

Elara estava sentada ereta, seus olhos afiados e focados em um pedaço danificado de tela sob a lâmpada.

Era uma pintura de paisagem, detalhada com flores e pássaros, suas cores vívidas. Mas o tempo havia cobrado seu preço. Após séculos de poeira e umidade, o canto inferior direito da tela estava frágil, com um buraco do tamanho de um polegar erodindo a borda de uma rocha e um pedaço de musgo. Elara vaporizava suavemente a área ao redor da pintura com água destilada, como se acariciasse o cabelo de um recém-nascido, para restaurar alguma flexibilidade à tela.

Então, com seus dedos delicados, ela pegou um pequeno pedaço de tela antiga, da cor de galhos secos, e colocou-o sob o buraco.

O mundo de Elara parecia encolher ao tamanho do buraco.

Ela ajustou a lente de alta ampliação em sua cabeça, trazendo seus belos olhos em foco com a tela.

Sua mão direita, segurando um bisturi de precisão, traçou a borda irregular do buraco com precisão cirúrgica — qualquer cirurgião em Vossshire ficaria impressionado com seu controle.

Isso era muito mais intrincado do que uma cirurgia.

Ela precisava cortar as fibras do remendo sem ir muito fundo e arriscar danificar a tela já frágil embaixo.

Isso não era apenas um trabalho; era um diálogo com a alma de um artesão de séculos passados, uma tentativa reverente de preservar um pedaço da história.

Somente nesses momentos uma suavidade rara cintilava em seus olhos geralmente calmos.

Com o passar do tempo, o suor encharcava suas têmporas.

Elara fez uma pausa, preocupada que seu suor pudesse pingar na tela. Ela enxugou o rosto com uma toalha e se alongou.

Despercebida, a noite havia caído. Olhando para a vista noturna lá fora, Elara sorriu.

Hoje foi um bom dia.

O pai de Elara, Thorne Voss, havia sido convidado pelo poderoso patrocinador da casa de leilões, o Grupo Patrimônio Blackwood, para ser o avaliador-chefe do próximo leilão "Tesouros do Mar", para autenticar uma obra-prima e confirmar seus detalhes.

Elara confiava plenamente em Thorne.

Thorne havia passado décadas no mundo da arte, conhecido por seu olhar afiado e integridade. Esta era a maior honraria da indústria. Se tudo desse certo, o 'Ateliê Renascimento de Histórias' ganharia fama nacional.

Mas hoje, ao sair, Elara, geralmente racional e calma, lembrou-o repetidamente do peso da responsabilidade.

O Grupo Patrimônio Blackwood era uma entidade poderosa, mas também uma teia complexa de riqueza e poder, algo sobre o qual Elara já tinha ouvido falar.

Mais importante ainda, o homem por trás deste gigante corporativo, Kieran Blackwood... O pensamento dele lhe causava arrepios. Na primeira vez que o viu, sua presença imperial foi avassaladora.

A casa de leilões a contatou várias vezes, querendo que ela se juntasse ao Grupo Patrimônio Blackwood, mas ela sempre recusou.

Instintivamente, ela o resistia, querendo manter-se o mais longe possível.

A noite avançava, e o tempo passava.

Era para terminar às 22h, mas agora já passava das 23h, e Thorne ainda não tinha retornado.

Não importava o quão ocupado estivesse, Thorne sempre ligava para ela depois de terminar. "Querida, acabei de terminar. O que você quer comer? Vou trazer algo para você!"

Thorne não bebia, então não estaria comemorando com amigos.

Um zumbido em sua mente deu a Elara uma sensação ruim.

Ela se sentou de volta à sua bancada de trabalho, tomou um gole de café e fechou os olhos, respirando fundo para se acalmar.

Ela pegou um cinzel e começou a praticar a escultura. Sempre que se sentia inquieta, focava nas técnicas de cinzel para firmar as mãos e acalmar a mente.

Com cada golpe, o som ecoava suavemente na oficina, suas mãos firmes, o cinzel deslizando pela pedra.

Um toque, dois toques, três toques...

Lasquinhas de pedra voavam como confete, suas mãos firmes, o cinzel dançando pela superfície, revelando a forma escondida dentro.

O telefone tocou, exibindo um número desconhecido.

"É a Elara Voss? Seu pai, Thorne Voss, foi detido por supostamente roubar e danificar um artefato de primeira classe, 'Jornada Nevada', do armazenamento do Grupo Patrimônio Blackwood. O Grupo Patrimônio Blackwood reserva todos os direitos de tomar medidas legais. Por favor, mantenha seu telefone ligado para mais investigações policiais."

De repente, o cinzel quebrou ao atingir a pedra. O mundo pareceu distorcer em um instante.

Cada palavra da ligação a atingiu como um martelo.

Pai? Roubo? Danificar um artefato de primeira classe?

Ridículo!

Quem orquestrou essa farsa?

Mas a fria realidade já estava desabando.

Mensagens começaram a chegar, perguntando o que estava acontecendo.

Então, chegou a notícia de que suas contas bancárias estavam congeladas.

Tão rápido?

Elara sorriu amargamente.

Thorne foi ao Grupo Patrimônio Blackwood para verificar algo.

Ela confiava na integridade de Thorne. Ele nunca faria tal coisa.

A arte era sua vida; ele nunca roubaria ou danificaria.

Alguém deve ter armado para ele!

As medidas estavam em vigor às 23h, claramente premeditadas!

Ela pegou o telefone e percorreu seus contatos.

Amigos, mentores e líderes que geralmente admiravam seu talento agora estavam fora de alcance.

[Esta é uma situação difícil. O Grupo Patrimônio Blackwood tem provas sólidas.]

[Elara, eu conheço o caráter do Sr. Voss, mas desta vez, a opinião pública é muito forte, e você conhece o poder do Grupo Patrimônio Blackwood... Não podemos intervir.]

A maioria não atendeu.

Depois de uma rodada de ligações, a única dica veio de um pequeno gerente de fundo de arte que sugeriu discretamente.

"O Sr. Voss está envelhecendo. A segurança do Grupo Patrimônio Blackwood é rigorosa. Roubo é impossível, e danos ainda menos. Então, a raiz deste problema provavelmente está com alguém no Grupo Patrimônio Blackwood. Você nos ajudou com uma restauração antes; considere isso um favor retribuído. Não posso dizer mais. Srta. Voss, por favor, entenda."

Kieran Blackwood.

O nome era como uma marca fria, queimando na consciência de Elara.

O homem, sempre envolto em rumores, por que ele havia mirado no Ateliê Renascimento de Histórias?

O telefone tocou novamente.

Ela estendeu a mão, seus dedos frios enquanto segurava o telefone.

"Elara Voss?"

A voz do outro lado era baixa, firme, com uma qualidade gelada que perfurava, desprovida de qualquer emoção. "Quer salvar seu pai? Amanhã de manhã às 8, no terraço do Ateliê Renascimento de Histórias, no escritório do CEO. Você tem uma chance, não se atrase."

A ligação terminou abruptamente, não dando a Elara chance de perguntar quem era.

Claro, ela não precisava perguntar.

A voz carregava uma autoridade e certeza não ditas, como um aperto de aço em sua garganta.

Elara colocou o telefone de lado, seus dedos brancos pela pressão, suas costas encharcadas de suor.

Ela percebeu que, em algum momento, todo o Ateliê Renascimento de Histórias havia caído em uma armadilha.

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