Capítulo 4 Crise

Elara entrou na sala de repente, escondendo rapidamente a pintura com um olhar afiado para Thorne.

Thorne ficou mais abalado com a reação de Elara do que com a noite que passou na delegacia.

"Papai, você poderia, por favor, verificar as pinturas no ambiente controlado do estúdio da próxima vez?" Elara disparou.

Thorne finalmente respondeu, apontando para si mesmo e depois para Elara. "Acabei de sair da cadeia e, em vez de perguntar como eu estou, você corre para salvar aquela pintura velha..."

Ele parou, percebendo que estava errado. Olhou para Sylvia, que observava a cena se desenrolar.

Como um pai que valorizava artefatos mais do que a própria vida, ele sabia que Elara sentia o mesmo.

Se ele perguntasse a ela, ela poderia dizer que os artefatos eram mais importantes, e onde isso o deixaria diante dos outros?

"Então, o que exatamente aconteceu na noite passada?" Elara perguntou.

Thorne ficou momentaneamente confuso, então se lembrou. "Eu estava mergulhado na pintura, e meu assistente sugeriu que eu fizesse uma pausa. Eu disse não, esta pintura é um tesouro raro - as cores, as linhas, a composição, uma obra-prima de séculos atrás. Se não a preservarmos corretamente, seria uma grande perda..."

"Vá direto ao ponto, Sr. Voss. Ficamos preocupados a noite toda. Elara não pregou o olho!" Sylvia interrompeu.

Ela tinha sido amiga de infância de Elara e era praticamente como uma filha para Thorne, então falava sem formalidades.

"O ponto? Eu estava tomando café quando a polícia chegou e me levou embora sem explicação. Não me deixaram fazer uma ligação ou olhar a pintura..." Thorne explicou.

"Foi só isso?" Elara perguntou, achando que fazia sentido.

Thorne era obstinado, quase a ponto de ser alheio. Ele era tão focado que nada podia desviá-lo.

Ela se perguntava como sua mãe havia se apaixonado por ele.

Pensando em sua mãe, Elara sentiu uma pontada de tristeza.

"Sim, sou inocente. A justiça prevaleceu, e não tinha nada a ver comigo. Veja, estou de volta são e salvo!" Thorne disse confiante.

"Tudo bem, contanto que você esteja bem." Elara conhecia bem Thorne. Sua mente focada não pensaria em muito mais. Contanto que ele estivesse seguro, isso era o suficiente. Falar demais poderia distraí-lo.

Sua mãe havia falecido há mais de uma década, e Thorne estava envelhecendo. Uma velhice tranquila e segura era uma bênção; ela não queria assustá-lo ainda mais.

Enquanto Elara pensava nisso, Sylvia tinha uma perspectiva diferente.

Ignorando as tentativas de Elara de detê-la, ela se sentou ao lado de Thorne e rapidamente contou os eventos da noite passada até aquela tarde.

Sylvia olhou para Thorne esperançosa, esperando ver alguma preocupação por Elara em seu rosto.

Thorne tomou um gole de água, olhando pela janela com uma expressão complexa.

"Papai?" Elara chamou suavemente.

Thorne assentiu. "Querida, você mencionou um tipo de tinta que tem boas propriedades antioxidantes. Qual era o nome do produto químico? Não consigo me lembrar."

Elara sentiu uma onda de alívio. Todo esse incidente não abalou Thorne nem um pouco, o que era uma coisa boa.

Ela havia prometido à mãe que cuidaria bem de Thorne, e do ponto de vista de Thorne, esse assunto já estava resolvido.

Depois de se certificar de que tudo estava resolvido, Elara puxou a atordoada Sylvia para longe.

"Não acredito que seu pai seja tão irresponsável. Meu pai está sempre ocupado com negócios, mas ele me liga regularmente", reclamou Sylvia enquanto caminhavam.

Elara apenas riu, conhecendo Thorne muito bem. Contanto que ele não fosse afetado por esse incidente, não era o pior resultado.

"Por que você assume tudo para si?" perguntou Sylvia.

"Eu posso lidar com isso", respondeu Elara, sem levantar os olhos enquanto rolava pelo celular.

Sua velocidade de rolagem aumentou enquanto falava. Elara respirou fundo, fechou os olhos, se acalmou e perguntou: "Se alguém está espalhando falsos rumores para nos difamar, qual é a melhor maneira de responder?"

Sylvia, que trabalhava como jornalista independente e entrevistadora profissional em Vossshire, era a pessoa perfeita para perguntar.

"Do ponto de vista de relações públicas, a melhor abordagem é o silêncio até que os fatos estejam claros. Quanto mais você fala, mais erros comete. O que está acontecendo?" perguntou Sylvia.

"Sylvia, precisamos voltar para o estúdio! Agora!" instou Elara.

Sylvia viu a expressão preocupada de Elara e não perguntou mais nada, pisando no acelerador e correndo para o Story Revival Atelier.

Do lado de fora do Story Revival Atelier, uma multidão de repórteres havia se reunido.

Ao ver Elara chegar, eles se aglomeraram em sua direção.

"Sra. Voss, o que você sabe sobre seu pai supostamente destruindo uma pintura antiga?"

"Como chefe do estúdio de restauração de pinturas antigas, você tem algo a dizer?"

"O Story Revival Atelier será capaz de continuar operando após este incidente?"

Perguntas afiadas surgiram como uma tempestade.

Pouco depois de sair de casa, o telefone de Elara havia enviado notificações sobre Thorne, um renomado restaurador de artefatos, supostamente rasgando uma pintura preciosa no Blackwood Convergence.

Informações falsas se espalharam como fogo, com várias teorias.

Alguns diziam que Thorne havia trocado secretamente o artefato, rasgando um falso preparado enquanto escondia o verdadeiro.

Outros afirmavam que Thorne tinha problemas mentais e não conseguia datar a pintura com precisão, levando a um surto emocional que a destruiu.

Alguns até diziam que Thorne e Elara eram apenas autopromotores sem habilidade real, citando recentes escândalos em casas de leilões como prova.

Com muitas pessoas alimentando os rumores, a situação rapidamente escalou.

O que parecia um problema resolvido havia explodido, afetando a reputação de Elara, Thorne e do Story Revival Atelier.

"Essas alegações são falsas. O Story Revival Atelier é renomado por sua expertise. Vamos esclarecer a situação e fornecer uma explicação", Elara e Sylvia se dirigiram apressadamente aos repórteres, empurrando-os para fora do estúdio.

Uma vez dentro, Sylvia começou a contatar conexões locais para rastrear a origem dos rumores.

Elara imediatamente ligou para Kieran.

"Mesmo que eu prometa estar disponível o tempo todo e não trabalhar com outras instituições, isso não significa que você pode destruir o Story Revival Atelier. Este é o meu sonho!"

"Não fui eu, mas posso..."

"Não precisa! Obrigada!" Elara o interrompeu, sua voz firme.

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