O ponto de vista de Santiago
A COMPANHEIRA ODIADA DO ALPHA
Ponto de Vista de Santiago
Não vi Adrian o dia todo e ele não retornou nenhuma das minhas ligações e mensagens de texto, o que só pode significar uma coisa: ele está em um de seus momentos e não quer que ninguém o incomode.
Ele parece estar passando por uma fase difícil ultimamente, está sempre de mau humor, o que não é novidade para Adrian, ele se irrita muito facilmente, mas isso é diferente. Eu o vi e, seja o que for que ele esteja passando, ele não sabe como resolver e não vai pedir ajuda.
Sentado aqui na cozinha com Mirabelle e Racheal, não consigo deixar de me preocupar com ele. Adrian sabe como liderar uma matilha com facilidade. Ele poderia matar alguém com as próprias mãos mais rápido do que qualquer pessoa que eu conheça e cuidar da irmãzinha e da matilha, isso ele consegue, mas gerenciar suas emoções? Não, Adrian não tem a menor ideia e o que quer que esteja incomodando ele agora é uma questão emocional e, se ele não resolver isso logo, eu vou acabar limpando muitos corpos para o meu gosto e ele...
— Tiago, por que vocês não nos buscaram hoje? — minha irmãzinha, Racheal, interrompe meus pensamentos.
— Eu sei, né? Tenho rezado por isso desde o incidente com Raquel. Ela acha que estamos bem, mas eu não posso ficar com ela. — Belle ri.
Adrian e eu temos visões diferentes sobre como proteger nossas irmãs. Eu acho eficaz deixar Racheal aprender com a experiência porque ela é teimosa, mas Adrian não deixa Mirabelle aprender nada pela experiência, ele apenas conta para ela e ela acha que ele está exagerando e se rebela contra ele, porque é o que ela faz, sem danos, sem problemas, esse é o lema deles.
Racheal faz uma pausa, colocando a colher na mesa. — Ei, onde está Adrian?
— Sim, onde ele está? Ele está agindo estranho, quero dizer, ele sempre é sério, mas hoje parece ainda mais irritado. Quem tirou os brinquedos dele? — Belle franze a testa, seu tom sugere que ela está divertida, mas ela está seriamente preocupada com ele e eu também.
— Eu não sei, Lua. — digo sinceramente. — Deixe-me ir ver o que ele está fazendo. Não estou com humor para me livrar de mais corpos do que já fiz hoje.
— Espera, corpos? Quem diabos ele matou? — Belle sussurra.
— Ninguém que não merecesse, mas a matança dele pode sair do controle, você sabe como ele fica quando está tão bravo assim. — digo, levantando-me.
O primeiro lugar onde procuro Adrian é onde ele está. Posso dizer pelos gritos penetrantes e súplicas ecoando na masmorra que ele perdeu o controle. O cheiro de sangue no lugar fica mais forte e mais forte à medida que caminho mais para dentro.
Passo pelas celas e lá está ele, sem camisa e com botas de combate nos pés, golpeando impiedosamente um dos guerreiros da matilha do Alpha Vinny. O homem apenas olhou para a irmã dele por dois minutos e agora ele o tem cativo. Tentei interceder pela sua libertação, mas Adrian e seus 'instintos' decidiram que ele tinha as piores intenções com ela e, como Alpha Vinny adora Adrian, ele deixou que ele fizesse o que quisesse, todos fazem.
— Já chega! — grito, mas minha voz não é ouvida e eu o observo, ele precisa tirar isso do sistema dele.
Ele continua a bater no homem, nem mesmo quando as súplicas param e os gritos morrem ele para de bater nele. Quando o homem cai no chão ao lado dos pés de Adrian, é quando ele para. Julgando pelo sangue em Adrian, você pensaria que ele também está ferido, mas eu o conheço bem o suficiente para saber que aquele não é o sangue dele, exceto o que está em seus nós dos dedos.
Quando ele percebe que o homem está morto, ele olha entre o corpo e eu. — O que foi isso?
— O que foi o quê? — ele rosna.
— Tudo o que ele fez foi olhar para Belle e você o trouxe para cá. Você disse que só queria assustá-lo, bem, você o matou. — digo, gesticulando para o corpo morto aos pés dele.
Ele passa a mão pelo cabelo bagunçado. — Santiago, eu...
— Não, não, o que você está é fora de controle. O que está acontecendo com você? — pergunto calmamente.
Ele pega a camisa do chão. — Nada, apenas se livre dele. — ele diz ao guarda, referindo-se ao corpo. Limpando as mãos, ele sai. Ótimo, é hora de enfrentar as consequências, não há nenhuma. Bem, pelo menos ele não se desligou, ele estava consciente de suas ações.
Dou-lhe tempo para lavar o sangue antes de segui-lo até o quarto dele. Quando chego lá, ele já terminou e trocou de roupa. — O que está acontecendo com você?
— Deixa pra lá, não está acontecendo nada. — ele rosna.
Jogo-me na cama dele, apoiando-me nos cotovelos. — Deixa pra lá? Você tem agido estranho desde a festa, já faz três semanas. E você só piora cada vez mais, e naquele dia em que fomos buscar Belle e Rae, toda a cor sumiu do seu rosto. Você parecia pálido por um momento. Eu não queria dizer nada, mas já que você não vai falar comigo sobre isso, estou aqui para perguntar.
— Ahh! — ele grita, jogando o telefone na parede. Nós dois assistimos ele cair, quebrado em pedaços. — Hunter está me deixando louco.
— O que está acontecendo com seu lobo agora? — dou uma risada.
— Ele quer sua companheira.
É só isso? Honestamente, Adrian e seu lobo são a pior combinação, eles não são exatamente iguais, e o lobo dele é forte o suficiente para dominá-lo na maioria das vezes. — Isso não é novidade, não há nada que possamos fazer. Já fomos a muitos lugares e ainda não a encontramos. Quero dizer, eu entendo por que meu lobo ficaria bravo porque eu encontrei minha companheira, mas a deixei ir embora, mas você, quero dizer, não é como se você a tivesse encontrado.
Ele não me dá uma resposta, em vez disso, passa a mão no nariz e balança a cabeça, agora evitando contato visual comigo. Finalmente me sento. — Não é como se você soubesse onde ela está, certo? Adrian, estou te fazendo uma pergunta!
Ele balança a cabeça. — Não. Eu não sei onde ela está.
— Você está mentindo para mim, Adrian.
— Eu só a conheci, tá bom! É isso que você quer ouvir? — ele admite.
Coloquei os pés no chão, minha mandíbula caindo. — Você encontrou sua companheira e não me contou? Você não se gabou, está brincando comigo?!
— Não há nada para se gabar. — ele resmunga, mal-humorado como sempre.
Sorrio para ele. — Quem é ela? — pronto para explodir de empolgação. Adrian precisa de sua companheira mais do que qualquer pessoa que eu conheça, ele e seu lobo precisam dela.
Ele se afasta, me deixando no suspense, e quando penso que ele está saindo, ele fecha a porta.
— Você se lembra da garota do outro dia? Na Academia Winter Bloom, aquela que encontramos no escritório do diretor, a garotinha assustada no corredor?
Faço uma pausa, lembrando da memória, e quando me dou conta, aceno com a cabeça. — Sim, eu disse que gostaria que Belle e Racheal fossem como ela para não termos que nos preocupar tanto, mas você está dando voltas, o que ela tem a ver com isso?
Ele range os dentes, tão forte que acho que podem rachar. — É ela. Aquela garotinha patética é a que me deixou assim.
— Você está brincando? — dou uma risada.
Ele me encara e eu sei naquele momento que ele não está brincando, ele está falando sério.
Minha mão vai à boca e balanço a cabeça, agora entendo por que ele tem estado tão irritado ultimamente. Ele nunca quis uma companheira e, se tivesse uma, esperava o oposto dela. O silêncio nos consome, eu me sento e ele também, não dizemos uma palavra um ao outro...
— Então, quando você vai trazê-la para casa? — quebro o silêncio.
— O quê?
— Quando você vai trazer nossa Luna para casa?
Ele balança a cabeça, levantando um dedo para mim. — Não, não, ela não é minha Luna.
— Mas ela é sua companheira.
— Com certeza deve haver algum engano. Que utilidade eu tenho para ela? Você a viu tremer por sabe-se lá qual garoto de escola. Eu sou um Alpha, lidero a matilha mais temida do mundo e você acha que vou tê-la como Luna?
— Você não tem escolha, ela é sua companheira.
— Cara, não diga isso de novo, eu não preciso de uma companheira, muito menos dela.
— E o vínculo de companheiro?
— Eu não acredito nessa baboseira e não sou do tipo que precisa de uma companheira, eu sou um lobo solitário, ando sozinho. Não preciso de uma Luna.
— Mas seu lobo precisa dela, você pode negar que ela é sua companheira o quanto quiser, mas a verdade não vai mudar, ela é sua companheira e você não estará em paz com seu lobo enquanto ela estiver longe. — dou de ombros. Neste ponto, não me importo o quanto ele esteja irritado, só quero que ele ouça a verdade. Vendo que ele não vai me ouvir, acho que só há uma coisa que posso fazer para persuadi-lo agora.
— Ok, faça do seu jeito, vou ligar para a mãe e dizer a ela que você, o filho dela, encontrou sua companheira e não vai trazê-la para casa. — ameacei.
— Ok, mesmo que eu quisesse trazê-la aqui, eu não poderia.
Recuso-me a aceitar um não, ele precisa de uma Luna. — Por quê?
— Cara, eu não posso tê-la como Luna, você viu aquela garotinha.
Reviro os olhos para ele, quase rindo. — Se sua companheira se machuca, você também se machuca.
— Pare de chamá-la de minha companheira! — ele resmunga. — Eu tenho o número da mãe no telefone. Devo ligar para ela agora?
Ele me encara sem expressão e eu disco o número dela, claramente ele achou que eu estava blefando. — Ouviu isso? Está chamando... — dou uma risada.
Ele arranca meu telefone e desliga a chamada. — Descubra tudo sobre aquela garota! — ele rosna.
— Se ao menos soubessem que o Alpha tem medo da mãe. — caio na risada.
— Apenas faça o que tem que fazer e me avise quando terminar. Ninguém mais deve saber, Santiago, ouviu? Ninguém. — ele avisa.
















































































































































































































































