Capítulo Três
PONTO DE VISTA DE HAYLEE
"Socorro!" Eu croak, fraca, outra onda de dor subindo pelo meu estômago. Minhas pernas cedem debaixo de mim e eu caio no chão, com os braços em volta do meu estômago. "Por favor, não meu bebê."
Eu tremo e luto para pegar meu telefone, precisando ligar para alguém — qualquer um — que possa me ajudar. Mas quem? O médico da alcateia se comunica diretamente com Aiden. Minha dama de companhia está nua na minha cama com meu marido agora. Não tenho aliados aqui.
Há uma batida na porta que me assusta. "Luna Haylee? Quer dizer... Senhorita Haylee? Estou aqui para garantir que você está fazendo as malas."
Eu sei de quem é essa voz — Mia, uma das mais jovens da alcateia que às vezes trabalha na casa. Ingênua, doce e completamente leal ao Alfa.
"Estou bem," eu grito, minha voz mais firme do que eu estou. "Diga ao Alfa Aiden que eu estarei fora em uma hora, como ordenado."
"Tem certeza que está bem? Você parece—"
"Eu disse que estou bem!" Eu rosno, desejando não ser tão rude. "Por favor, apenas vá."
Silêncio, e então o som de passos se afastando. Eu solto um suspiro de alívio quando outra cólica me ataca. Desta vez, eu mordo minha própria mão para abafar o grito.
Eu preciso sair daqui. Não apenas para preservar meu orgulho, mas para salvar a vida do meu bebê.
Eu digito o número de Scarlett no meu telefone com dedos trêmulos. Ela atende no primeiro toque.
"Luna! Eu estava prestes a ligar para você. O conselho estará ansioso para ver seu retorno, e—"
“Scarlett.” Minha voz é suave, quase um sussurro. "Eu preciso de ajuda. Estou sangrando."
O suspiro repentino dela me faz saber que ela juntou as peças. "Onde você está? Está segura?"
"No meu escritório na Alcateia Shadow, por enquanto. Aiden me expulsou. Ele pretende anular nosso vínculo de companheiros ao pôr do sol.” Outra cólica vem, e eu não consigo reprimir um pequeno gemido.
“Aquele desgraçado,” Scarlett sibila. "Escute-me com atenção. Vou enviar um carro para a fronteira da terra da Alcateia Shadow. Você consegue chegar lá?"
Eu olho para as roupas manchadas com meu sangue e a poça se formando entre minhas pernas. "Eu tenho que conseguir."
"O nome do motorista é Marcus. Ele é leal — trabalha na guarda pessoal do seu pai. Ele chegará à fronteira leste em meia hora."
“Eu vou,” eu asseguro a ela, mesmo que eu não tenha certeza de como.
“Haylee,” Scarlett suaviza a voz. "Seu pai tinha um ditado — 'Um lobo não mancará com três pernas.'"
Eu não consigo evitar, e ainda sorrio. “Expor fraqueza é o caminho clássico para se tornar comida.”
"Exatamente. Você é filha do Alfa Ragnar Wolf. Todas as lendas têm sangue nas mãos. Este não é o fim do seu livro."
As palavras dela acendem um fogo dentro de mim, e estou disposta a ultrapassar os limites da dor. Meu nome é Haylee Wolf, Luna da Matilha Ragnar, que possui a linhagem de lobos mais forte de toda a história. Recuso-me a cair aqui, no berço do meu traidor.
"Cuide-se, nos vemos em breve," digo, desligando o telefone.
Levanto-me do chão lentamente, rangendo os dentes. Sinto dor a cada movimento brusco, mas me forço a me concentrar. Tiro roupas limpas da minha bolsa, trocando rapidamente e enterrando as ensanguentadas sob outras roupas espalhadas pelo chão.
Gemo sob o peso da minha bolsa e meu corpo protesta, mas o calo. Preciso chegar à fronteira leste sem ser descoberta. Não é uma tarefa simples quando cada passo é como andar sobre brasas.
Quando me certifico de que o corredor está vazio, deslizo para fora do meu escritório. Vazio. Bom. A maioria da matilha estará em treinamento ou trabalhando. Talvez eu consiga chegar à garagem sem ser vista. Mas parece que hoje não tenho sorte.
"Indo a algum lugar, Haylee?"
Meu corpo congela ao som da voz de Arielle. Ela está no final do corredor, completamente vestida, com os braços cruzados sobre o peito.
"Acho que tenho uma hora com seu Alfa," digo a ele, falando com firmeza na voz que eu sentiria melhor se a dor gritante não estivesse me consumindo. "Eu tenho mais meia hora em mim."
Ela caminha na minha direção, sorrindo de orelha a orelha. "Só queria me despedir pessoalmente. Como estivemos tão próximas nesses últimos anos."
A traição dói novamente. Minha confidente, minha dama de companhia—ela esteve tramando contra mim o tempo todo.
"Alguma coisa foi real?" digo sem conseguir me conter. "Sua lealdade? Sua amizade?"
Arielle ri, e isso soa como vidro quebrado nos meus nervos.
"Oh, Haylee. Você realmente é ingênua. Estou apaixonada por Aiden desde que éramos filhotes. Eu estava destinada a ser a Luna dele até você chegar aqui com seu rosto bonito e passado enigmático."
"Então os últimos três anos foram, o quê? Um elaborado plano de vingança?"
"Mais como esperando minha vez." Ela dá de ombros, inspecionando as unhas impecáveis de suas mãos perfeitamente manicuradas. "Aiden e eu sempre fomos destinados um ao outro. Você foi apenas... um quase, eu diria."
Outra cãibra vem e eu rangendo os dentes, não querendo deixar ela saber que estava me causando dor.
Nós fazemos isso com ele Crianças Eu acabei de perceber, quando ele faz essa coisa ruim comigo Eu digo, mas Você sabe que ele vai fazer isso com você também, certo Eu quero dizer ele vai te prender, assim como Fazer Essa Coisa Ruim com você E, ah, Ele vai fazer o mesmo com você, você sabe Eu digo minha voz baixa. "Quando seu papel acabar. Quando alguém mais novo / e mais jovem chamar a atenção dele."
Seu olhar vacila por um segundo, vejo brevemente a dúvida em seus olhos, mas sua expressão determinada a ofusca. "Isso não vai acontecer. Nós temos história. História de verdade, não essa farsa que vocês dois chamavam de casamento."
‘Nada é novo debaixo do sol, Arielle. Apenas lembre-se disso quando estiver no meu lugar.’
Seus olhos se estreitam. "Saia daqui, Haylee. E pode esquecer de voltar. A Matilha da Sombra—e o Aiden—agora pertencem a mim."
Passo por ela, mantendo a cabeça erguida, mesmo que a dor me faça querer cair de joelhos. "Aproveite sua vitória enquanto pode."
Meus pés, felizmente, chegam à garagem sem problemas. Mas é um alívio de curta duração quando descubro que minhas chaves do carro não estão penduradas no gancho designado na parede.
"Procurando por essas?"
Dou uma segunda olhada para ver Beta Marcus, que é o segundo em comando de Aiden, balançando minhas chaves ao redor dos dedos. Meu coração afunda. Ele sempre me ressentiu, agora sei disso, porque eu tinha a atenção de Aiden, porque eu – mesmo silenciosamente – influenciava as decisões da matilha de maneiras que ele sempre sentiu que deveriam ser só dele.
"Alpha Aiden ordenou que eu apreendesse seu carro," ele me informa, sem nem tentar esconder seu ar de satisfação. "Propriedade da matilha, veja."
Claro. Aiden me despojaria por sair, e literalmente me mandaria embora com apenas a roupa do corpo.
"Está bem," digo, reunindo o pouco de orgulho que me resta. "Vou a pé."
Marcus ergue uma sobrancelha. "Para onde, exatamente? Você não tem matilha, nem companheiro, nem casa. O que acontece com uma Luna rejeitada?"
É uma pergunta feita para causar dor, uma tentativa de me lembrar que eu caí. Ele conhece desejo, conhece anseio quando vê, mas não faz ideia de que eu tenho uma matilha, a mais forte do mundo, que está esperando meu retorno.
"Você não precisa mais se preocupar com isso," digo friamente.
"Muito bem, agora eu preciso ir, ainda tenho um longo caminho pela frente."
Empurro meu caminho passando por ele, meu estômago queimando com a dor que tento ignorar. É excruciante a cada passo, mas me forço a continuar, determinada a não deixar nenhuma fraqueza aparecer.
Sigo para o nordeste, me afastando cada vez mais da casa da matilha até chegar à fronteira. É mais longo do que a estrada principal, mas não é tão movimentado. Não vale a pena, não posso correr o risco de encontrar mais membros da matilha que possam correr de volta para Aiden.
O sangramento está diminuindo, mas não as cólicas — que estão piorando. Ando por alguns minutos periodicamente, agarrando-me às árvores para me equilibrar, murmurando orações desesperadas à Deusa da Lua para poupar meu filho.
"Por favor," eu choro, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Aquilo que você deseja, deste filho." Não meu último laço com o amor que pensei ser real."
A floresta parece interminável, cada passo uma luta contra meu corpo deteriorado. Minha visão embaça, as bordas escurecem, mas continuo. Tenho que chegar à fronteira. Tenho que encontrar Marcus. Tenho que salvar meu bebê.
Meu celular vibra. Mensagem de Scarlett: "Marcus está na fronteira. Onde você está?"
Tento digitar uma resposta, mas meus dedos estão dormentes de frio e não consigo acertar as teclas direito. Só consigo escrever uma palavra: "Indo."
Só mais um pouco. Um pequeno riacho marca a linha da fronteira, que divide o território da Matilha das Sombras e uma área neutra. Depois que eu pular, estarei fora da linha de visão de Aiden. Acho que ouço água corrente, ganho um novo fôlego. Continuo, mas não sinto a dor, o cansaço ou o medo.
E então eu vejo — o riacho, brilhando na luz do sol da tarde. E além dele, um SUV preto com vidros escuros. Liberdade. Segurança. Esperança.
"Luna Haylee!" Um homem, alto e de ombros largos, sai do carro e vejo seus olhos se arregalarem quando ele olha para mim. Este é Marcus — meu Marcus, não o Beta de Aiden.
Tento gritar seu nome, mas nem mesmo o som do ar sai dos meus pulmões. Por fim, minhas pernas cedem, e eu caio no chão da floresta, a poucos metros da borda.
A última coisa que ouço antes de ser tomada pela escuridão total são passos correndo e uma voz apavorada gritando por mim. Então, o esquecimento misericordioso.
Enquanto estou deitada na escuridão do sono sem corpo, sonho com a presença do meu pai — forte, sábio, o melhor Alfa que a comunidade dos lobos já viu.
"Levante-se, lobinha," ele diz, e sua voz faz sentido, é exatamente como eu me lembro. "Sua matilha precisa de você. Seu filho precisa de você."
Tento responder, mas não consigo mover meus lábios.
"Você está esquecendo quem você é," ele continua. "Haylee Wolf, você é filha do Alfa Ragnar e da Luna Serena. Sangue de reis corre em suas veias."
Tento agarrá-lo, mas ele está se desvanecendo, sua voz ficando fraca.
"Acorde, Haylee. Sua história está apenas começando."
Eu me desperto com um suspiro, meus olhos se abrindo para um quarto desconhecido, sons de bip-bip das máquinas ao redor. Estou conectada a um soro que goteja um líquido claro no meu braço, e as bandagens ao redor do meu abdômen me lembram que tudo isso é muito real.
A cadeira ao lado da minha cama se move e uma figura se inclina para frente — uma mulher com cabelos ruivos flamejantes e olhos verdes intensos. Scarlett.
"Bem-vinda de volta," ela diz, sua voz tingida de tanto alívio. "Você nos deu um bom susto."
"Meu bebê?" É a única pergunta que importa.
O rosto de Scarlett muda e meu coração quase para. "Haylee, eu preciso te contar..."
