Dispositivos de tortura
Então este é o infame Knox.
Já ouvi histórias. Finn fala dele como se fala de um lobo selvagem que aparece ocasionalmente na sua fogueira, rouba sua comida e desaparece de volta na floresta. Selvagem. Imprevisível. Talvez até um pouco desequilibrado.
Agora que penso nisso, ele realmente se parece com o Finn—mesma estrutura óssea afiada, mesma boca irritantemente perfeita. Mas enquanto Finn é sol e charme, Knox tem aquele ar de quem foi arrancado de uma revista chique sobre mafiosos elegantes.
“Como eu sei que você não é um sequestrador?” pergunto, erguendo o queixo. “Você vai ter que provar que é quem diz ser.”
“Tipo um RG?”
“Isso serviria.”
“Não tenho nenhum.”
“Tá vendo? Vibes de sequestrador,” digo.
“Por que você não liga para o Finn e confirma?”
Cruzo os braços. “Ele não está atendendo. Por que você acha que estou aqui parada há uma hora feito um cachorro abandonado?” Olho para o carro. “E você aparecer em um carro musculoso que grita ‘chefe da máfia’ não está exatamente ajudando no seu caso.”
“Vai entrar ou não? Tenho lugares para ir, mocinha.”
“Mocinha? Você realmente acabou de me menosprezar?”
Knox suspira, um som de sofrimento prolongado que sugere que estou testando o pouco de paciência que ele tem. “Entra logo, Sloane.”
Olho para ele, séria. Depois suspiro, porque claramente, não tenho instintos de autopreservação. Já concordei em ajudar o Finn a estragar o casamento da ex dele. Entrar no carro com o irmão potencialmente assassino dele nem é a pior decisão que tomei este mês.
“Abre o porta-malas,” digo.
Knox abre o porta-malas de dentro, e eu jogo minha bolsa lá, resmungando para mim mesma pensando que é exatamente assim que mulheres viram caso de podcast de crime.
Quando entro no banco do passageiro, Knox não se move.
“Por que você não está dirigindo?” pergunto, olhando de lado para ele.
“Seu cinto de segurança.”
Ah.
Um sequestrador potencial preocupado com a segurança. Isso é... no mínimo curioso.
Coloco o cinto com um clique, e ele liga o motor, saindo da zona de embarque do aeroporto e entrando na rodovia com uma aceleração suave que me empurra de volta no assento.
No momento em que pegamos a estrada aberta, ele acelera, o Shelby Mustang rugindo sob nós como uma fera solta.
“Ei, devagar!” Minhas mãos instintivamente agarram a borda do assento.
“Quer sair?” pergunta ele.
“Não. Mas você está indo rápido demais. Nem consigo ver a cidade.”
“Asheville? Não há nada para ver.”
“Fácil para você dizer. Provavelmente viveu aqui a vida toda e viajou pelo mundo. Eu mal saio de Nova York. Quando saio, gosto de... encher a alma de imagens.”
Parece poético quando digo em voz alta, quase embaraçoso. Mas é verdade. Coleciono momentos, imagens, sensações. Guardo-os para as noites solitárias quando meu apartamento parece muito vazio e meus pensamentos muito altos.
“Você acha que eu moro em Asheville?” pergunta ele.
Viro-me para ele. “Você não mora?”
“Não. Nova York.”
Espera um minuto.
“Você esteve em Nova York o tempo todo,” digo.
“Você parece surpresa.”
“É só que... Finn nunca mencionou isso. Nunca. Como vocês dois vivem na mesma cidade e nunca se cruzam?”
“Finn e eu temos um... relacionamento complexo.”
Do jeito que ele fala, não me sobra escolha a não ser mudar de assunto.
Dirigimos em silêncio tenso por um tempo, até que Knox de repente desvia da estrada principal sem aviso, o carro fazendo uma curva acentuada que me faz agarrar a maçaneta da porta.
Ele estaciona em frente a um prédio mal iluminado com letras vermelhas em neon que dizem:
DELEITES SENSUAIS.
“Hum... Esta é a casa dos seus pais?” pergunto, sabendo muito bem que não é.
Knox sorri. “Deleites Sensuais? Sério? Isso parece uma casa para você?”
O lugar é exatamente o que se espera de uma loja de produtos adultos. Janelas escuras. Beco sombrio.
“Uma sex shop?” pergunto.
“Bingo.”
Minha cabeça dá um nó. “Por que estamos em uma sex shop?”
“Preciso pegar um presente de casamento.”
“Para quem?”
“Meu amigo e sua noiva.”
Hesito, engolindo em seco enquanto as peças se encaixam na minha mente. “Espera... seu amigo é o Hunter? O noivo?”
“Isso mesmo.”
“O noivo da Delilah?”
Knox sorri maliciosamente. “Isso mesmo.”
Ah, pelo amor de Deus.
O irmão do Finn é amigo do noivo da Delilah?
Por que o Finn nunca mencionou nada disso? Parece que eu não sei nada sobre meu próprio melhor amigo.
Isso é só uma bomba-relógio prestes a explodir.
“Você quer esperar aqui ou entrar?” pergunta Knox.
Olho para o prédio, depois de volta para o rosto dele.
Que se dane.
Desfaço o cinto de segurança e saio do carro, ajustando meus óculos de forma desajeitada e alisando rugas imaginárias na minha blusa.
“Vamos comprar alguns dispositivos de tortura em nome da Delilah,” eu digo, sem a menor intenção de brincar.
Knox ri. “Certo, senhorita. Mas devo avisar que algumas garotas gostam de ser torturadas.”
Vamos ver sobre isso. Vou comprar algo com voltagem suficiente para tirar a bunda falsa e traidora da Delilah da face da Terra para que ela não possa mais arruinar o Finn.
