Já ouviu falar de bater à porta?


~~KNOX~~


Eu devo dizer, eu não esperava que a melhor amiga do Finn fosse tão encantadora.

O Finn sempre a descreveu como uma nerd toda atrapalhada.

Mas isso?

Essa mulher de língua afiada, vestida de preto, parada no meio da loja de artigos eróticos, discutindo casualmente eletrocussão e equipamentos de BDSM com a vendedora, não é o que eu esperava.

E ainda assim... eu não consigo desviar o olhar.

A calça de couro dela parece costurada direto na pele.

As botas escuras fazem barulho contra o chão polido.

A blusa gruda nela como uma segunda pele, e aquela franja reta e os óculos? Me lembram das dominatrixes no meu clube. Tudo que falta é um chicote e uma ordem severa naqueles lábios cheios.

Eu observo enquanto ela levanta uma varinha violeta, um dispositivo usado para fornecer sensações elétricas, como choques.

"Quão perigoso é isso?" ela pergunta à vendedora.

"Em que sentido?"

"Tipo... a voltagem mais alta seria suficiente para causar, sei lá... eletrocussão? Só o bastante pra arrancar a alma de alguém do corpo, sabe?"

Eu quase engasgo tentando segurar o riso.

"Esses dispositivos são feitos para serem completamente seguros," a vendedora diz. "Eles são projetados para brincadeiras sensoriais, não... para causar dano real."

Sloane suspira, colocando a varinha de volta na prateleira.

"Que pena," diz ela.

Ela se vira para a vendedora com a expressão mais impassível que eu já vi.

"Tem certeza de que não há nada mais mortal por aqui?"

Os olhos da vendedora se arregalam. "Tecnicamente... se você pensar bem," gagueja ela, "tudo é potencialmente perigoso, certo? Quero dizer... pessoas já morreram espirrando muito forte."

"Então a resposta é não?"

Eu não aguento mais. A pobre garota parece que vai chamar a segurança ou desmaiar. Eu dou um passo à frente, deslizando suavemente para a conversa.

"Desculpa aí pela minha esposa," digo, pousando a mão na base das costas da Sloane. Sinto ela se enrijecer. "Ela fica... intensa às vezes. Vamos cuidar disso daqui."

A vendedora praticamente foge.

Sloane está me encarando estranhamente. Provavelmente tem a ver com eu ter mencionado a palavra 'esposa'.

"Sabe," digo, inclinando-me perto o suficiente para sentir o perfume dela, "se você realmente quer Delilah morta, poderia simplesmente contratar um assassino."

"Seria muito óbvio. Eles rastreariam até mim."

Eu sorrio. "Certo. Mas se fizer direito, não vão."

"Você tem um contato?"

Eu balanço a cabeça. "Não tenho."

"Então você é tipo um mafioso de fachada?"

"Quem disse que eu sou um gângster?"

Ela olha para as tatuagens aparecendo pela minha camisa. "Você não é?"

Eu dou uma risada.

Isso vai ser divertido.

"Vou te contar uma coisa," digo. "Te aviso assim que encontrar um assassino."

"Eu apreciaria muito."

Eu a solto e começo a olhar as prateleiras, pegando casualmente um par de algemas, uma palmatória de couro e uma venda de seda.

Ouço Sloane me seguindo.

"Você parece bem familiarizado com tudo isso," diz ela. "É como se soubesse exatamente o que está comprando."

"É a minha linha de trabalho."

Ela para. "Você vende brinquedos sexuais?"

"Mais como... eu os produzo. E sou dono de um clube de sexo," eu digo, virando-me para encará-la, me preparando para a reação dela. A maioria das pessoas fica desconfortavelmente excitada ou visivelmente repulsada. Ambas reações são tediosas.

Ela apenas me encara, com o rosto inexpressivo.

"Você deve ser rico," diz ela.

Isso eu não esperava. "Bem..."

"Bem o quê, Knox?"

"Eu não saberia dizer."

Ela franze a testa. "O fato de você não ter certeza se é rico significa que você realmente é. Pessoas pobres não têm dúvidas de que são pobres."

"É mesmo?"

"Definitivamente, você tá no time dos endinheirados."

Eu sorrio. "Ok, Sloane. O que você disser."

Não consigo me lembrar da última vez que gostei tanto de conversar com alguém. Ela é... diferente. A maioria das pessoas fica toda estranha quando menciono minha linha de trabalho, inclusive minha família. Mas ela parece normal com isso. Como se fosse apenas mais um trabalho — o que é, embora um lucrativo.

O que provavelmente é o motivo pelo qual não consigo parar de perguntar o que está na minha mente há um tempo. "Então... você e o Finn. Vocês dois... estão juntos?"

O rosto dela fica rígido.

"Não."

"Vocês dormem juntos?" pergunto.

"De jeito nenhum."

"Certo."

Ela parece pronta para me matar.

Nós passamos os itens no caixa, pedindo para embrulhá-los para presente.

Enquanto esperamos sentados, Sloane cruza os braços.

"Como você fica confortável com seu amigo casando com a ex do seu irmão?" ela pergunta.

Hmm. Ela foi direto ao ponto. "Bem," digo. "Delilah é uma interesseira. Hunter tem o dinheiro."

"Ah. Clássico."

"Hunter é meu amigo. Eu posso não gostar das escolhas dele, mas como amigo, eu as respeito."

"Você realmente é um amigo se não consegue colocar algum juízo nele?"

"Isso só me tornaria o inimigo. Ninguém sai vitorioso brigando contra o amor, Sloane."

Ela me encara. "Eu definitivamente posso tentar."

Eu sorrio, incapaz de me controlar. Sua ingenuidade é ao mesmo tempo cativante e trágica.

"Há quanto tempo você está tentando com o Finn?" pergunto. "Onde isso te levou?"

O corpo dela inteiro se enrijece. Acabei de tocar em um ponto sensível.

Deveria parar. Não deveria provocá-la.

Mas há algo nela.

Algo em ver alguém tão puro e inocente que te faz querer quebrá-los. Despedaçá-los.

"O universo sempre dá um jeito de juntar quem tem que ficar junto," digo, sem tirar os olhos dela. "Sejam boas ou más. Se faz sentido ou não. O melhor que você pode fazer é deixar as pessoas viverem suas vidas, Sloane."

Os olhos dela estão em chamas.

"Você é péssimo como amigo, Knox," dispara ela.

"Porque eu digo a verdade para mim mesmo?"

"Não. Porque você é egoísta."

Eu dou um sorriso de canto. "Ah, é? E onde o altruísmo te levou? Você teve um encontro decente nos últimos meses? Está saindo com alguém agora? Ou sua vida inteira gira em torno do Finn Hartley e sua obsessão patética por uma mulher que não dá a mínima para ele?"

Os olhos dela escurecem com algo violento.

E por um momento, penso que ela vai me dar um tapa.

Deus, eu quase queria que ela desse.

Mas, em vez disso, ela se levanta, seus olhos queimando buracos na minha alma.

"Vai se foder," cospe ela, virando nos calcanhares e marchando em direção à saída.

Eu me recosto no balcão, observando-a se afastar.

Seus quadris balançam um pouco demais naquela calça de couro apertada. E o jeito que seu cabelo curto balança sobre os ombros enquanto ela empurra a porta e desaparece na noite?

Perfeição.

Vou ter dificuldade em me segurar para não provocar a Sloane durante este casamento.

Também vou ter dificuldade em manter meus olhos—e minhas mãos—longe dela.

Ela é problema.

O tipo de problema que eu quero arrastar para minha cama e arruinar.

~~~

Sloane olha pela janela durante toda a nossa viagem de volta para casa.

De braços cruzados, queixo travado, sem soltar uma palavra.

É honestamente impressionante o quanto ela está comprometida em me ignorar. Nem um único olhar na minha direção, nem mesmo quando eu acelero o motor deliberadamente só para ver se ela reage.

Admito, sinto falta da Sloane falante.

Quando estaciono na casa dos meus pais, a cabeça dela se ergue.

Posso ver ela olhando para a mansão com surpresa, com tantas perguntas escritas no rosto. Mas o que quer que ela queira dizer, ela engole de volta.

Ela solta o cinto, sai do carro e pega sua bolsa no porta-malas.

"Deixe-me ajudar com isso," digo.

"Não. Eu tenho mãos. Muito obrigada."

O-kay.

Deixo ela ter essa, caminhando ao lado dela enquanto ela marcha em direção à entrada.

Abro a porta da frente para ela, e quando ela entra, seus olhos varrem o grande hall de entrada.

"Há algo que eu deva saber sobre seus pais?" diz ela, finalmente falando comigo.

"Como o quê?" pergunto, embora saiba exatamente o que ela quer dizer. Já vi essa reação antes.

"Tipo, eles são de família rica ou algo assim?"

"Pergunta para o seu melhor amigo, ele está lá em cima."

Ela revira os olhos, voltando sua atenção para a enorme escadaria que se estende até o segundo andar. Sei o que está passando pela cabeça dela. Ela está se perguntando como vai arrastar aquela bolsa até lá em cima.

"Deixe a bolsa aí, Sloane," digo, divertido. "Alguém vai levar."

Ela não discute. Ela larga.

"Onde estão seus pais?" pergunta ela.

"Fora do país. Devem voltar amanhã ou depois."

"Ótimo," murmura ela. "Então temos a casa só para nós?"

"Umm... excluindo os empregados, acho que sim."

"Maravilha." Ela me dá um olhar. "Por favor, me leve até o quarto do Finn."

Pressiono uma mão no peito, de forma zombeteira. "Claro, senhora."

A levo escada acima. Caminhamos pelo longo corredor antes de parar em frente ao quarto do Finn. Nem me dou ao trabalho de bater, apenas empurro a porta.

"Irmãozinho," anuncio. "Sua melhor amiga está aqui."

E então vemos.

Finn e Delilah se afastando apressadamente um do outro.

Eles estavam se beijando.

Finn fica completamente imóvel.

Delilah, por outro lado, mal reage. Ela apenas passa a mão pelo cabelo.

"Já ouviu falar em bater?" pergunta ela.

Olho para Sloane. O rosto dela se transformou em pedra.

"Quão estúpido você é, Finn?" pergunta ela.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo