Sr. Park

Na noite anterior, Jason Park voltou para casa e encontrou a casa vazia, como de costume. Jinhee, sua esposa, ainda não havia chegado, uma ocorrência comum que o deixava jantando sozinho mais uma vez.

"Chego em casa e, como de costume, Jinhee ainda não chegou. Realmente não entendo como ela fica fora até tão tarde. Mais uma vez janto sozinho porque, se eu esperar Jinhee chegar, simplesmente não janto."

"Gostaria de mais vinho, Sr. Park?" perguntou a Sra. Amelia, a empregada da casa.

"Não, é melhor eu não beber muito porque quero ver a que horas minha esposa vai chegar," respondeu Jason, com um tom de resignação.

"Sim, Sr. Park," reconheceu a Sra. Amelia em voz baixa.

"A que horas ela saiu?" Jason insistiu, sua preocupação evidente.

"Foi logo depois do almoço, Sr. Park," admitiu a Sra. Amelia, seus olhos traindo um senso de pena.

"Todo dia ela sai mais cedo e volta mais tarde," lamentou Jason, seu turbilhão interno evidente.

"Sinto muito, Sr. Park. O senhor pretende jantar em casa amanhã?" perguntou a Sra. Amelia, tentando mudar de assunto.

"Não, por quê?" respondeu Jason, tentando engajar-se em uma conversa casual para se distrair de sua solidão.

"Minha sobrinha chegou do Brasil hoje, e a Sra. Park disse que eu poderia usar o horário do jantar para buscá-la na faculdade, já que ela ainda não conhece o lugar," explicou a Sra. Amelia.

"Sem problema. Ela teve uma boa viagem?" perguntou Jason, tentando manter a fachada de normalidade.

"Sim, teve, mas estava muito cansada," respondeu a Sra. Amelia, sua preocupação com a sobrinha evidente. "Amanhã ela começa a trabalhar e estudar, então precisa descansar."

"É verdade. O que ela vai estudar?" Jason perguntou, tentando manter a conversa fluindo.

"Artes. Ela ganhou uma bolsa em uma das melhores universidades da Coreia só pelos desenhos dela," revelou a Sra. Amelia, orgulhosa.

"Que ótimo... Qual é o nome dela mesmo?" Jason perguntou, genuinamente interessado na recém-chegada.

"Jane. Ela é uma garota muito trabalhadora, e como ficou sozinha no Brasil depois que minha mãe morreu, fiquei muito feliz que ela pôde vir para cá," explicou a Sra. Amelia, calorosamente.

"Quantos anos ela tem?" Jason perguntou, seus pensamentos vagando para seu próprio passado e a simplicidade da juventude.

"Ela tem vinte, mas vai fazer vinte e um em breve," respondeu a Sra. Amelia.

"Tão jovem," Jason refletiu, sua mente se detendo na passagem do tempo e nas complexidades da vida adulta.

Quando a chegada de Jinhee interrompeu a conversa, Jason tentou engajá-la em um diálogo, ansiando por companhia e compreensão. No entanto, a troca apenas serviu para destacar o crescente abismo entre eles.

"Jiji, podemos ser um casal normal pelo menos por uma noite?" Jason implorou, sua desesperação palpável.

"O que você quer de mim, Jason?" retrucou Jinhee, sua frustração evidente.

"Eu quero você!" declarou Jason apaixonadamente, suas emoções à flor da pele.

"Você me tem," respondeu Jinhee de forma indiferente, sua indiferença cortante.

"Apenas no papel," lamentou Jason, sua dor evidente.

"O que está acontecendo? É sobre sexo? Nós transamos na semana passada."

"Jiji, não é só sobre sexo, eu quero sua companhia, quero jantar com você, quero saber como foi seu dia. Há tanto que poderíamos fazer juntos. Juro que tento te entender, mas não consigo."

Ela deu de ombros e olhou ao redor da sala para todos, menos para mim.

"Jason, no acordo que nossos pais fizeram, prometemos ficar casados pelo bem da empresa, mas em nenhum momento prometemos nos amar."

"Mas prometemos na igreja, diante de Deus. E eu cumpri, Jiji. Deus sabe que eu cumpri. Por dois anos tenho tentado te conquistar, e fiz tudo o que pude para isso, mas você parece não querer nos dar uma chance."

"Caramba! Sempre essas malditas exigências, sempre discussões."

"Jiji, eu não estou discutindo... Só quero saber o que mais posso fazer para te fazer feliz?"

"Eu não sei! Que tal me deixar em paz? Isso seria um bom começo!"

Ela saiu pisando forte, e eu apenas fiquei ali, observando-a se afastar de mim como sempre fazia. Nesse ponto, perdi o apetite e fui para o meu escritório, servi-me de um copo de uísque e olhei para a enorme casa que tínhamos, tão cheia de móveis e tão vazia de amor. Até quando eu ia aguentar isso? Até quando eu poderia continuar me sentindo sozinho e ignorando isso para permanecer ao lado da mulher que amo?

Depois de beber três doses de uísque, decido ir para o quarto e, ao entrar, vejo que Jinhee já está deitada, provavelmente fingindo dormir. Deito-me ao lado dela, puxando seu corpo para o meu e beijando suas costas. Afasto seu cabelo, beijando seu pescoço enquanto a abraço com força e sinto seu corpo enrijecer. Ela se mexe um pouco e respira fundo.

"Estou com dor de cabeça, Jason."

Eu estava acostumado a ouvir essa frase toda vez que tentava tocá-la. Afastei-me dela, joguei-me na cama e respirei fundo.

"Sempre, Jiji... Talvez eu devesse te levar a um médico."

Ela fica quieta e, algum tempo depois, diz:

"Olha, amanhã, quando você voltar da academia antes de ir para o trabalho, prometo que teremos um encontro, ok?"

"Sério?"

"Sim... Agora vamos dormir."

Ela se vira para deitar no meu peito e, por mais patético que pareça, só esse simples contato me faz feliz. Coloco minha mão gentilmente em seu queixo, puxando seus lábios para os meus e selando-os, e só de olhar em seus olhos eu me derreto.

"Eu te amo!" disse com toda a certeza do meu coração e ouvi ela suspirar.

"Eu sei!"

Ela se aconchegou em mim e continuei acariciando seu cabelo até que ela adormecesse. Ela nunca havia dito que me amava e eu sabia o porquê, mas nunca perdi a esperança de um dia ouvir essas palavras dela. Depois de um tempo, adormeci e, quando acordei, corri para a academia, animado para voltar logo e poder segurar a mulher que amo em meus braços. Quando cheguei em casa e entrei no meu quarto, quase não acreditei no que vi. Uma mulher que eu sabia que não era a Lisa estava limpando debaixo da cama no meu quarto, usando um uniforme extremamente curto que mostrava seu traseiro, sua calcinha fio-dental não escondia muito, e me sinto culpado por dizer que passei alguns minutos observando-a assim antes de tossir para chamar sua atenção.

Não podia negar que ela tinha um traseiro grande e suculento, do jeito que eu gostava. Só pelo tamanho do traseiro, eu sabia que não era Jiji, pois ela era muito magra. Quando ela me viu, se assustou e bateu a cabeça na cama enquanto xingava. Não pude evitar e comecei a rir da reação dela. Quando consegui ver seu rosto, percebi o quão jovem e bonita ela era. Quando ela passou o olhar pelo meu corpo, pude ver que ela corou, e não pude deixar de sorrir ao perceber que ela era tão transparente.

"Oi! Eu não te conheço."

Digo, e ela abre a boca, mas nenhum som sai. Aproximei-me e percebi que ela estava totalmente colada ao meu corpo, fazia muito tempo que uma mulher não me olhava assim, e acabei me sentindo culpado por gostar disso.

"O que foi, senhorita? O gato comeu sua língua?"

Sorri ao perceber que ela estava totalmente hipnotizada por mim. Minha autoestima não estava tão alta há muito tempo, ela estava ajoelhada na minha frente em uma posição totalmente submissa e não pude evitar pensar besteiras por alguns momentos.

"Bem, já que você não vai falar, eu falo. Meu nome é Jason Park e acho que o seu é Jane, não é?"

Ela me encara por um tempo até engolir em seco e responder sem tirar os olhos dos meus.

"Sim, Sr. Park, meu nome é Jane."

"Ah, você fala, pensei que fosse muda."

Brinco, e ela coloca uma mecha de seu lindo cabelo preto atrás da orelha.

"Desculpe, eu só me assustei."

"Está tudo bem! Onde está a Sra. Park?"

"Ela saiu, disse que tinha um lugar para ir."

Meu sorriso desmoronou, e fiquei furioso. Claro, ela tinha saído. Ela saiu para não ter que cumprir a promessa que me fez ontem. Me senti tão mal pensando nisso que senti minhas pernas tremerem, então me sentei na cama. Logo vi Jane se levantando, parecendo preocupada.

"Sr. Park, o senhor está bem? De repente ficou pálido."

Meus olhos começaram a arder, e eu não podia acreditar que isso me afetou tanto. A última coisa que eu queria era uma plateia para o que eu estava sentindo, então engoli em seco, tentando desfazer o nó na garganta e, quando finalmente consegui falar, minha voz saiu baixa.

"Saia daqui, por favor..."

"Han?" A jovem me olhou confusa e, para não chorar na frente dela, eu simplesmente explodi.

"EU MANDEI VOCÊ SAIR DAQUI!"

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