Capítulo 5 Felicidade no passado
"Tanto faz eu estar bêbada." Ela murmurou enquanto permanecia acordada ao lado de John. Continuava se mexendo e se revirando, preocupada em acordá-lo.
"Graças a Deus ele dorme como uma pedra." Ela murmurou para si mesma enquanto deslizava para fora da cama e vestia seu robe, caminhando até a cadeira do outro lado do quarto. Precisava de um minuto para processar tudo isso.
"De alguma forma, estou aqui no nosso primeiro aniversário de casamento." Ela refletiu silenciosamente enquanto observava as sombras dançarem na parede. "Não sei como isso aconteceu." Anna lia muitos romances, sua única fuga da realidade, mas nada poderia prepará-la para o fato de que realmente havia viajado no tempo.
"Mas será que é a pior coisa?" Ela se perguntou enquanto descascava o esmalte nude de suas unhas. Muitas emoções conflitantes passavam por ela, porque embora seu casamento tivesse acabado, Anna agora tinha conhecimentos que não tinha antes. Anna estava mais velha e, de certa forma, mais sábia.
"Mais sábia?" "Não tenho certeza disso." Ela disse ao seu reflexo no espelho em frente à cadeira. "Os últimos cinco anos foram uma loteria."
"O que eu quero? O que eu posso ter?" A velha dor voltou como um amigo que você realmente tentou evitar, mas não conseguiu. "Como lido com o fato de que sei de tudo, como lido com isso?"
Anna pensou nisso enquanto observava John dormir. Cedeu à tentação e voltou para a cama, sentando-se ao lado de John. Ela sempre foi atraída por ele como um ímã, incapaz de ficar na cadeira, sempre foi assim, mesmo quando criança. Ele parecia um ponto de luz em um mundo escuro. Deitou-se cuidadosamente ao lado dele e estudou seu belo rosto na penumbra. Memórias do passado inundaram sua mente. Ela viu imagens dele desde a infância até agora e seu coração doeu.
"O que aconteceu conosco?" Ela disse suavemente. "Eu te amava tanto, como pudemos deixar qualquer coisa nos separar?" Ela afastou o cabelo escuro e longo do rosto dele, percebendo que ainda o amava, tanto que doía. Seus longos cílios faziam sombras em suas bochechas, fazendo-o parecer o garoto que ela conheceu quando eram crianças.
Eles cresceram juntos na mesma pequena cidade nos arredores de Asheville e ele mudou sua vida. "Não acredito que nos conhecemos no Jardim de Infância," ela zombou. "Claro que naquela época eu achava você nojento."
"Eu também achava você nojenta. Cooties, se bem me lembro?" Ele resmungou de volta em um sussurro, pegando-a de surpresa.
"Merda!" Ela gritou enquanto se afastava bruscamente. "Você me assustou pra caramba!"
"Bem feito, por ficar me encarando como uma pervertida." "Como você espera que eu durma com você aí murmurando sozinha?"
"Seu idiota!" Anna murmurou enquanto o acertava com o travesseiro.
"Sem mencionar o fato de que você estava me tocando enquanto eu tentava dormir." Ele riu enquanto agarrava o travesseiro e tentava tirá-lo dela. "Isso grita pervertida."
"Você queria."
"Com certeza. Sempre estou pronto para um pouco de perversão da minha esposa."
Anna ficou imóvel enquanto o ar prendia na garganta. Ele a olhou de forma inquisitiva e ela percebeu que demorou demais para responder. O comentário dele a pegou de surpresa e roubou seu fôlego.
"Você está bem?" Ele perguntou baixinho. "Achei que você estava dormindo."
"Minha mente está a mil, não consegui dormir." Ela respondeu, movendo o pescoço para aliviar um pouco da tensão.
"Tem algo que você queira conversar? Sou um ótimo ouvinte."
Anna esfregou os olhos e balançou a cabeça. Queria mais do que tudo contar a verdade para John, sua mente estava confusa e sua cabeça latejava.
"Acho que deveríamos tentar dormir então." Ele suspirou e se afastou. "Só lembre que você me deve uma. Mas é melhor assim, temos um longo dia amanhã."
Sua cabeça latejava e ela se deitou no travesseiro, arqueando a sobrancelha em confusão.
"Você sabe, temos que ajudar a Isabel a mudar o resto das coisas para o chalé."
Os olhos de Anna se arregalaram ao ouvir o nome da prima. De repente, a dor de cabeça atingiu o nível de enxaqueca. Isabel tinha tornado sua vida miserável enquanto cresciam, ela era tudo o que Anna não era: alta, loira e magra. Anna estremeceu ao lembrar de todas as vezes que Isabel se intrometeu em sua vida. Como ela deveria ajudar sem querer bater nela?
"Precisamos mesmo? Estava pensando que talvez a Isabel não devesse se mudar para cá."
"Bem, agora é tarde demais," John disse, enrolando um dos cachos ruivos dela no dedo. "É só por alguns meses, certo? Achei que você não se importava."
"Acho que não," Anna disse incerta enquanto John a puxava contra ele. "Ela só me deixa louca."
"Não se preocupe tanto com isso."
Anna desejava que desligar sua ansiedade e preocupação fosse tão fácil assim. Ela não tinha certeza do envolvimento de Isabel no fim do seu casamento, mas sabia uma coisa com certeza: precisava encontrar uma maneira de se livrar dela. Não viajou cinco anos no passado para deixar-se ser atropelada novamente.
"Como ela iria se livrar de Isabel?"






































































