CAPÍTULO SEIS: Maldito

ALLISON.

"Você ouviu isso—"

Daniel rapidamente me segurou, sua mão quente cobrindo minha boca enquanto nós dois nos agachávamos sob um arbusto. "Shh. Fique quieta," ele sussurrou para mim. Parecia que eu estava olhando para uma pessoa completamente diferente. Eu assenti, com os olhos arregalados.

O que diabos está acontecendo?

O farfalhar ficou mais alto, e eu mal conseguia respirar, meus sentidos em alerta máximo. Olhei para Daniel, cuja expressão estava focada, a testa franzida em profunda concentração.

"Fique parada," ele instruiu suavemente, seus olhos nunca deixando a fonte do barulho.

Suores frios escorriam na minha testa enquanto a tensão aumentava no ar. Seja lá o que estivesse se aproximando, estava perto—e nós não fazíamos ideia do que era.

O farfalhar nos arbustos ficou mais frenético, e justo quando me preparei para algo aterrorizante pular, um pequeno coelho branco saiu correndo. Ele parou momentaneamente, olhando para mim com olhos curiosos antes de saltar para longe, me deixando tanto atordoada quanto um pouco envergonhada.

Um coelho?

Não pude deixar de rir, o medo que eu estava sentindo se derretendo. "Meu Deus, era só um coelho, afinal!" exclamei e me afastei do aperto de Daniel. Me senti boba por ter me assustado com um animal fofo que quase parecia meu brinquedo de pelúcia de infância.

Eu ri e me levantei para me aproximar do coelhinho fofo. Seu rabo branco e fofo balançava enquanto ele saltava, e eu não pude deixar de sorrir diante de sua inocência.

"Viu? Não é grande coisa," eu disse, olhando para Daniel com um sorriso provocador. "Você realmente não precisava cobrir minha boca desse jeito. Quero dizer, é só um coelho!"

Talvez eu devesse pegar o coelho e mantê-lo como meu animal de estimação.

Quando dei um passo mais perto do coelho, a expressão de Daniel mudou. Ele levantou a mão e apontou para algo. "Espere, Não!"

Eu mal registrei seu aviso antes que o ar se partisse com um assobio. Meu coração despencou quando vi uma flecha prateada cortando o ar, direcionada diretamente para mim.

Oh, merda...

Daniel se lançou para frente, me empurrando de lado e levando o golpe ele mesmo. Eu ofeguei em horror quando vi a flecha perfurando seu braço. "Daniel!" gritei, minha voz trêmula enquanto corria para o lado dele. "Droga. Droga!" exclamei ao ver seu braço sangrando.

Ele cambaleou ligeiramente, segurando o braço ensanguentado antes de cair no chão como se sua força estivesse lentamente falhando.

Flecha prateada. A própria visão dela fez meu estômago revirar. Flechas e balas de prata eram letais para lobisomens como nós. Um tiro e estamos acabados. Qualquer lobisomem comum já teria desmaiado com isso. Mas Daniel, sendo um Alfa, conseguiu permanecer consciente, embora o esforço claramente o esgotasse. Eu podia ver a dor evidente gravada em seu rosto.

"Você está bem?" perguntei, o pânico rasgando minha garganta. "Droga. Essa foi uma pergunta estúpida. Você claramente não está bem."

"Estou bem," ele disse, tentando oferecer um sorriso fraco, mas eu podia ver que estava levando toda sua energia apenas para permanecer consciente agora.

Eu olhei freneticamente ao redor, procurando o atirador. "Quem fez isso? Onde estão?" Meu coração disparou. Tinha que haver uma pista, um sinal de onde veio a ameaça. Eu queria caçar e matar o atirador com minhas próprias mãos. Este lugar era perto do nosso território e ter um atirador à solta por aqui era péssimo para nossa matilha.

A respiração de Daniel estava ofegante enquanto ele balançava a cabeça. "É tarde demais. O atirador provavelmente fugiu."

Daniel estava certo. A natureza de repente voltou ao seu ritmo natural, como se a pessoa que perturbou sua paz há pouco tivesse escapado. Isso não é bom!

"Sinto muito," murmurei enquanto segurava Daniel em meus braços. "Tudo isso é culpa minha! Fui arrogante demais e ignorei completamente a possibilidade de perigo."

"Bom, estou feliz que você não se machucou."

"Você poderia ter morrido me salvando. Deveria ter me deixado lidar com isso."

"De jeito nenhum. Já passei por piores. Ser atingido por uma flecha de prata? Não é a primeira vez," ele brincou.

"Ei, isso não é algo para se levar na brincadeira! Você sabe que uma arma de prata é mortal para o nosso tipo. Não deveria ser tão casual a respeito." Mordi o lábio, sentindo a culpa borbulhar no peito. "Vamos te levar para a minha cabana e te cuidar. Quanto mais tempo essa flecha ficar no seu braço, pior vai ser para você."

Ele assentiu, e eu o guiei até a cabana abandonada que eu costumava visitar quando precisava escapar. Era um lugar pequeno e rústico, o tipo de refúgio onde eu podia pensar ou tirar uma soneca em paz. Como já frequentava esse lugar há anos, tinha algumas coisas minhas ali. Peguei o kit de primeiros socorros que tinha guardado e me virei para ele. "Eu tenho que tirar a flecha primeiro. É a única maneira de impedir que a prata se espalhe pelo seu sistema. Mas você vai ter que aguentar porque vai ficar sangrento. Mas bem, perder sangue é melhor do que morrer lentamente por esse tiro fatal."

"Certo. Pode começar."

"Na contagem de três, ok? Um... dois... três!" Puxei a flecha, e ele fez uma careta, mas não emitiu nenhum som. Uau. Eu o admiro por isso!

O sangue escorria da ferida, e eu rapidamente peguei um pano limpo, aplicando pressão para estancar o sangramento. "Ugh. Isso não parece bom," gemi.

"Não se preocupe com isso. Já tive ferimentos piores em batalha," ele disse, sorrindo.

"Isso não melhora nada. Você precisa se cuidar. Ferimentos de prata cicatrizam lentamente para todos os lobisomens. É um milagre você ainda estar consciente depois de ser atingido!"

"Você está preocupada comigo?" ele provocou.

"Claro! Você acabou de levar uma flechada por mim!" retruquei. Suspirei enquanto pegava uma bandagem e começava a enrolar seu braço. "A propósito, sou Allison. Acho que deveria ter me apresentado antes."

"Hmm. Isso parece o preço por salvar sua vida. Finalmente sei seu nome," ele riu.

"É, bem, eu te devo muito mais do que isso. Você pulou na minha frente, e agora olha para você."

"Olha para mim? Estou perfeitamente bem," ele disse.

Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir de volta. "Você está perdendo sangue e coberto de um ferimento de flecha de prata. Isso não é exatamente 'perfeitamente bem'. Mas, ah, estaria mentindo se dissesse que não estou agradecida. Foi um salto e tanto."

"E eu faria de novo sem hesitação," ele respondeu com firme convicção.

Mordi os lábios para esconder meu sorriso. "Você é louco," disse suavemente.

Daniel riu enquanto observava silenciosamente eu enfaixar seu braço. Não sou uma enfermeira, mas sou o melhor que ele tem agora. Embora, ele não estivesse exatamente reclamando. Na verdade, ele parecia incrivelmente calmo para alguém que acabou de ser atingido por uma flecha letal.

Quando estava terminando de enrolar a bandagem, um som de folhas se mexendo veio dos arbustos lá fora. Meu coração saltou para a garganta. "O que agora?" ofeguei, levantando-me abruptamente.

"Relaxa," Daniel disse suavemente, mas pude ver a tensão em sua postura. "Pode não ser nada."

"É, claro. Não vou ser enganada por um coelho de novo," retruquei, olhando para a porta. Meus instintos estavam em alerta máximo. Não podia cometer outro erro que colocasse nossas vidas em risco.

Então, uma figura emergiu da vegetação.

"Quem é você?!" rugi.

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