As provações da Alorea

A porta da prisão rangeu ao se abrir. Um guarda entrou, lanterna na mão. A escuridão da masmorra era mais opressiva do que a ausência de luz do sol.

"Malditas celas escuras!" Ele resmungou.

"E onde está a rainha das algemas desta vez?" Ele andava de um lado para o outro, lançando a luz da lanterna em todas as direções. De um canto sombrio, Alorea o observava enquanto ele a procurava, chamando-a de rainha das algemas. Ele não estava errado; algemas eram suas companheiras constantes. Elas se prendiam aos seus pulsos e tornozelos, ficavam sob seus pés e se enrolavam ao redor de seu corpo. Ela dormia e acordava com elas. Elas definiam sua existência.

Tudo começou quando ela se apaixonou por Nathan, seu companheiro. Um homem com quem seu destino estava entrelaçado, sua vida ligada. Apesar de seus destinos estarem entrelaçados pelo destino, não era uma bênção, mas uma maldição para Alorea.

Seus pais a enviaram alegremente com ele, contentes que ela se tornaria a rainha dos lobisomens. Afinal, Nathan era o rei, o alfa. Eles acreditavam que ele a colocaria em um trono ao lado do dele, elevando-a acima de todos os outros. As mulheres invejavam sua sorte e desejavam ser sua companheira.

A própria Alorea estava radiante de felicidade. Ele incorporava tudo o que ela havia sonhado. Poderoso, forte, bonito e feroz, ele era o alfa que toda mulher desejava.

Mas todos estavam enganados. Nathan não era quem aparentava ser.

Três anos se passaram, e ele a mantinha confinada nesta masmorra, sujeita aos abusos e maus-tratos de seus guardas e homens comuns.

A masmorra era tão escura que até os guardas precisavam de uma lanterna para navegar por ela. Tão escura que eles tinham que gritar por ela todas as noites quando vinham buscá-la.

Sim, todas as noites ela tinha a chance de sair. Suas algemas eram removidas, suas correntes soltas. Então ela era levada para a cama de Nathan, onde aguardava sua chegada.

Quando ele chegava, usava seu corpo para seu prazer, alheio à dor infligida pelas algemas do dia e pelas torturas da noite.

Pela manhã, ela era devolvida à sua masmorra, reduzida a uma mera escrava, esquecida até a próxima noite, quando seus desejos se inflamavam novamente.

Essa era a rotina todas as noites, e ele nunca parecia se cansar dela. Era sua obsessão, tanto que ele abominava a presença de qualquer outra pessoa nesses momentos. Ele a queria só para si.

"Aí está você, sua vadia miserável!" Um chute furioso atingiu o estômago de Alorea enquanto ela estava sentada, perdida em pensamentos. A dor foi intensa, e ela sufocou um grito. "Você não me ouviu chamando?"

O guarda se abaixou e sorriu. Ele colocou um dedo em seu queixo, levantando seu olhar para encontrar o dele. "Da próxima vez que eu chamar, rainha, é melhor você responder rápido. Ou eu posso não ser tão misericordioso. Entendeu?"

O rosto de Alorea estava inexpressivo, e ela permaneceu em silêncio. Mas ele tomou isso como um sim.

"Bom," ele disse, levantando-a. "Agora, você vem comigo como de costume."

Enquanto saíam da masmorra, um rosnado ecoou dentro dela. Era sua loba, igualmente cansada dessa servidão e, acima de tudo, da falta de respeito.

Mas essa não era uma experiência nova; elas suportavam esse tormento há três anos. Quando isso iria acabar?

Logo, ela estava deitada sozinha na cama do maior quarto, aguardando Nathan. Este quarto, separado e distante do resto do vasto império, era reservado apenas para Nathan. Era onde ele sempre a levava.

Pensamentos perturbadores inundavam sua mente, pensamentos mortais e terríveis. Enquanto esses pensamentos giravam em sua cabeça, sua loba continuava interrompendo, tentando persuadi-la a mudar de ideia.

"Não faça isso, por favor. Deve haver uma maneira melhor," parecia implorar.

"Não," murmurou Alorea, sua decisão tomada. "Não há outra maneira. Eu preciso fazer isso, ou permaneceremos escravas para sempre."

"Onde ela está?!" Uma voz ecoou à distância. Era uma voz que Alorea conhecia muito bem. Antes, tinha sido música para seus ouvidos, mas agora, só instilava terror em seu coração.

Nathan havia retornado, e parecia que ele havia cruzado com o guarda que a escoltou.

Alorea desejava desesperadamente que o tempo parasse, que ele não entrasse no quarto. Ele era seu inimigo, sua ruína, seu flagelo ardente, mas também seu companheiro. Um fato que ela estava gradualmente esquecendo, obscurecido pela opressiva escuridão das masmorras da prisão.

"Saíam! Ninguém deve se aproximar!"

Sua voz trovejava mais perto enquanto ele dava a ordem. Ela podia dizer que ele estava se aproximando da porta. Apertando os lençóis macios da grande cama com força, ela se encolheu em uma bola, preparando seu coração para o tormento que ele infligiria.

"Alorea!"

Ele pronunciou seu nome e seu coração estremeceu. Ele estava bem do lado de fora da porta. Ela sabia o que aconteceria a seguir; ela estava muito familiarizada com isso.

Alorea aguardava em agonia gélida. Ela sabia que ele logo estaria lá com ela. Ele logo se ergueria sobre ela, pressionando-a sob sua força masculina de lobo, prendendo-a nas profundezas dos lençóis enquanto se banqueteava com sua essência feminina. Era o mesmo todas as noites. Ela conhecia isso muito bem.

Era tudo o que ele a via, tudo o que ele a reconhecia. Não sua companheira destinada, ligada pelo destino, mas seu brinquedo sexual, seu passatempo, que tinha lugar apenas em sua cama à noite, nunca em seu coração.

Todas as noites ele a usava dessa maneira e, durante o dia, ela se tornava uma estranha para ele mais uma vez. Ela se tornava sua cativa, sujeita a tormentos incessantes até que ele se cansasse disso.

Qualquer luna poderia ter acreditado que ser a companheira de Nathan era a maior honra do mundo, estando como rainha ao lado do renomado conquistador de alcateias.

Nathan era temido em todas as terras, por lobisomens e vampiros igualmente. Adorado por donzelas que disputavam sua atenção e desejavam que ele fosse seu companheiro.

Mas Alorea era sua companheira. Ela era a sortuda.

No entanto, para ela, ele não era nada além de uma maldição. Além de se acasalar com ela à noite, ele não fazia nada para reconhecer sua posição na alcateia ou em sua vida. Ele era obcecado apenas em possuí-la, e naquela noite ele havia vindo para fazer exatamente isso.

A porta se abriu com um estrondo, e por trás dela, Nathan emergiu das sombras. Ele estava bêbado novamente, e parecia ansioso para colocar as mãos em Alorea.

"Esta noite, eu vou gerar um filho com você." Ele avançou em direção à cama enquanto o quarto tremia com sua voz potente. "É isso que a alcateia deseja, não pense demais."

Alorea já esperava essa declaração; era o que ele sempre dizia antes de fazer amor com ela. Mas naquela noite, ela não estava preparada para satisfazê-lo.

Segurando a adaga escondida perto de seu coração, ela permaneceu imóvel na cama. O toque gelado da adaga penetrava profundamente em sua pele. Ela a havia roubado do guarda que a trouxe mais cedo, aquele que se aproximou para avisá-la na masmorra.

E ela tinha a adaga por um único propósito - ela havia tomado sua decisão... Matar ele.

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