Capítulo 4

Eram quase nove da noite quando ela chegou em casa e Pandora sentia que ia morrer de exaustão. Ela entrou na casa e largou as sacolas perto da porta. Tirou os sapatos e os deixou no chão ao lado da bagagem.

Ela estava prestes a rastejar até as escadas quando ouviu uma batida na porta da frente. "Vou fingir que não ouvi isso," murmurou para si mesma e foi em direção à escada.

"Pandora!" Ela franziu a testa ao ouvir Derrik gritando do lado de fora da porta. Ele começou a bater com força, fazendo-a gemer.

"Nada importante, pelo visto. Só um lunático batendo a essa hora," disse para si mesma e foi até a porta, sabendo que Derrik não iria embora sem vê-la.

Ela mal conseguiu abrir a porta quando Derrik a empurrou e entrou. Pandora tropeçou, chocada com a força que ele usou.

"Finalmente chegou em casa, pelo visto!" ele gritou e cruzou os braços sobre o peito. "Você parece uma vagabunda com essa cor de cabelo. O quê? Está tentando ficar bonita agora? Você já está divorciada e nada pode ajudar com essa sua cara." Ele riu sarcasticamente.

"O que eu tenho feito ou como eu pareço não é mais da sua conta. Pare com a besteira e diga o que você quer."

Derrik a encarou antes de revirar os olhos. "Você recebeu o aviso de despejo que eu te mandei? Você precisa sair imediatamente; eu preciso do lugar."

Pandora pressionou os dedos na testa, esperando que a dor de cabeça diminuísse. Ela não tinha energia para brigar com ele. "Isso não vai acontecer. Esta é minha casa... o tribunal me deu. Vá chorar para outra pessoa porque eu não vou cumprir com seu aviso de despejo inválido," disse firmemente. Ela abriu a porta, precisando que ele saísse da casa dela. Se possível, da vida dela também.

"Ainda tão estúpida como sempre," Derrik cuspiu tão asperamente que Pandora teve certeza de que ele a odiava durante todos os anos em que foram casados. "Você não ostenta seu dinheiro o tempo todo? Use um pouco dele para comprar um lugar só seu. Esta é uma casa de família onde um casal que terá filhos deve morar."

Pandora coçou a testa, tentando não responder a ele como gostaria. Mas medir palavras não fazia bem para a saúde dela. Ela já tinha perdido tempo demais com esse homem.

"O médico me disse que eu poderia engravidar se tentasse. Parece que parte do problema também é com você... e que amante sua? Cuide de..." Ela parou com um olhar sombrio. "Esta é minha casa. Agora saia."

Derrik riu incrédulo. "Você está certa. Esta casa de merda e você combinam. Eu mereço um lugar muito melhor onde eu possa criar meus filhos. Que tal vendermos a casa e seguirmos nossos caminhos separados." Ele acenou entre os dois. "Nunca mais nos veremos."

"Mesmo que eu venda a casa, você não vai receber um centavo dela. Esta é minha casa. Que eu comprei com meu dinheiro. O dinheiro que eu gastei muito esforço para ganhar... claro, você não sabe o que é isso, sabe?"

Derrik bufou. "Ah, se você tivesse colocado tanto esforço no nosso casamento quanto colocou no seu trabalho e na casa... Talvez a gente tivesse durado."

Pandora revirou os olhos. "Se você realmente me amasse e não o dinheiro pelo qual está babando agora, poderíamos ter sido felizes," corrigiu rapidamente.

"Uau. Como você esperava que eu gostasse de você quando até seus pais te abandonaram? Eu não sou um santo, Pandora."

"Fora," ela sibilou entre os dentes cerrados. "Saia agora!" gritou mais alto desta vez.

"Você faria bem em entregar a casa antes que eu te arraste de volta ao tribunal. Mackenna e eu estamos tentando ter um bebê e precisamos de uma casa para criar nossa família," Derrik respondeu com raiva, sabendo que estava mexendo com os nervos dela.

'Por favor, vá embora. Por que ele não vai embora?' ela gritou internamente. Ela já estava exausta da viagem, não podia lidar com uma briga naquele momento.

"Então arrume um emprego como um homem normal e pague por uma casa," ela zombou.

"Bem, eu não posso porque tenho que cuidar da Mackenna. Precisamos de toda a ajuda para que o bebê esteja seguro." Ele parou de falar e olhou para ela de forma ameaçadora. "Ah, entendi agora, você não quer que eu tenha filhos porque seu corpo quebrado não pode ter nenhum."

Ela balançou a cabeça, já tendo o suficiente das besteiras dele. Ela o empurrou contra o peito e em direção à porta.

"Você é patético, sabia? Pode ir por aí contando sua história triste para todo mundo, mas no final do dia, eu vou ficar com esta casa. Eu te prometo," ele disse antes de sair furioso.

Pandora bateu a porta com força e a trancou. Ela se afundou no chão e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto sem sua permissão. Era estranho como um ano de sua vida poderia mudar completamente como ela se sentia sobre o homem que pensava ser sua alma gêmea.

O amor que sentia por Derrik havia lentamente se transformado em ódio. Um ódio tão profundo que as lágrimas foram curtas e lhe deram energia para se levantar do chão, subir as escadas e se trocar para dormir.

"Esta casa é minha. Eu dei a ele dez anos da minha vida e não vou deixar que ele tire mais um momento de felicidade de mim."

Com esse mantra em mente, ela fechou os olhos e sonhou. Seus sonhos foram atormentados por provocações de Derrik e Mackenna. Ela tentou afastá-los, mas acabou caindo. Ela esperou que a queda doesse, mas dois braços fortes a envolveram de forma protetora.

"Ei, estive procurando por você," disse a voz. "Por que você me deixou sem se despedir?"

Pandora se virou para olhar o rosto dele, mas não conseguia vê-lo. Ela reconheceu aqueles olhos cinza penetrantes. Ela olhou para baixo e viu um redemoinho de tatuagens nos braços dele.

"Qu-qu-who é você?" ela sussurrou.

"Você se esqueceu de mim? Sou eu, Dora... Nemo." Mesmo que ela não pudesse ver o rosto dele, podia dizer que ele estava sorrindo. "Não se preocupe. Eu vou te encontrar," ele prometeu antes de desaparecer.

Pandora acordou se sentindo descansada e mais feliz do que quando foi para a cama.

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