Capítulo 6

Pandora gemeu, ainda se sentindo cansada depois de dez horas de sono. Ao se sentar, sentiu uma onda de tontura. Antes que pudesse deitar novamente, seu estômago revirou. Ela pulou da cama e correu para o banheiro, rezando para não vomitar no chão.

Ela se curvou sobre o vaso sanitário e vomitou. Nada realmente saiu. Ela não tinha tempo para ficar doente. E tentou fazer seu corpo parar sem muito sucesso. Quando os engulhos finalmente pararam, ela se arrastou até a pia para se limpar. Ainda assim, seu estômago estava desconfortável.

Conforme o dia passava, ela se sentia pior. Nada parecia ajudar com a náusea que estava sentindo. Tentou forçar o almoço para baixo antes de descansar a cabeça na mesa, esperando que um cochilo curto a fizesse se sentir melhor.

Dormir fazia tudo ficar melhor, certo?

“Eles te pagam para dormir no trabalho?” ela ouviu Derrik dizer. Ela pulou com o som da voz dele, mas foi seu estômago que piorou. Ela cobriu a boca e olhou para ele.

“O quê?” ele disse irritado, encarando-a.

“Quero vomitar só de olhar para a sua cara,” Pandora disse sem rodeios.

“Não fique insolente comigo só porque você está tendo um dia terrível.” O sorriso presunçoso de Derrik a fez se sentir péssima. “Aqui,” ele disse, jogando uma pilha de papéis na mesa dela.

Ela os folheou com raiva quando percebeu que ele estava tentando forçá-la a vender a casa. “O que é isso? Derrik, você não entende? Você não vai ficar com a minha casa e eu não vou te dar o dinheiro também!”

As próximas palavras de Derrik foram altas o suficiente para todos no escritório ouvirem. “Você é um pedaço de merda egoísta. Sentada aqui, toda altiva, mas você está feia e toda enrugada. Você me dá nojo. O que diabos eu vi em você?” Ele fez uma pausa por um segundo antes de continuar. “Agora que você está exatamente como era quando estávamos casados, você está toda feia de novo. As extensões falsas até te faziam parecer um pouco melhor. Por que eu quis uma mulher inútil e feia como você?”

“Saia,” Pandora disse entre dentes. Ela sentiu seus colegas olhando para ela.

“Por sua causa, minha garota perdeu outro bebê,” Derrik disse, desta vez com a voz em um sussurro. Ela podia ouvir a dor na voz dele, mas não dava a mínima para o que Derrik sentia.

“Isso não é problema meu.” Ela pegou os papéis e os jogou no lixo. “Saia agora. E se eu te vir aqui de novo, vou conseguir uma ordem de restrição contra você. Fui clara?” ela desafiou.

Derrik estreitou os olhos, mas não se moveu, desafiando-a.

Pandora pegou o telefone e discou para o chefe de segurança. “Tire esse pedaço de merda do meu escritório. Certifique-se de avisar aos outros seguranças que ele não é mais bem-vindo aqui.”

“Não terminamos aqui, Pandora!” Derrik sibilou enquanto era puxado para fora do escritório pela segurança.

Pandora teve que cobrir a boca e lentamente se sentou na cadeira. Ela fez o melhor para respirar pelo nariz, tentando afastar a náusea.


Pandora caminhou sonolenta até a porta da frente, sabendo que Keira disse que a levaria para o trabalho. Fazia três semanas desde que ela acordou se sentindo mal e não estava melhorando. Na verdade, ela se sentia pior do que antes. Quase sofreu um acidente na noite anterior porque se sentiu tonta enquanto dirigia.

Abrindo a porta, Pandora permitiu que Keira entrasse antes de se mover para o sofá e deitar-se nele.

“Já faz três semanas. Acho que é hora de você ir ao médico,” Keira disse enquanto sentia sua testa.

“É só um vírus,” Pandora murmurou fracamente e então apertou os lábios quando viu sua amiga franzindo a testa para ela.

“O que a clínica disse sobre seus exames?” Pandora piscou porque não tinha ideia do que a outra estava falando. “No mês passado você fez exames para DSTs, lembra?”

Pandora se sentou lentamente. “Nunca recebi retorno deles. Droga, devo ter perdido as ligações. Você acha que ele me passou alguma coisa?” ela gritou enquanto seu coração começava a acelerar.

Keira parecia preocupada, mas colocou um sorriso falso no rosto. “Vamos ao consultório médico e fazer um check-up, ok?”

“Não posso. Preciso ir trabalhar,” ela disse, sabendo que se não pegasse a estrada, chegaria atrasada ao trabalho... de novo.

Keira balançou a cabeça. “Vou ligar para o seu chefe e te levar ao médico.”

Pandora gemeu, decidindo que era melhor não lutar em sua condição. Ela se encolheu e fechou os olhos. Seus olhos se fecharam enquanto ouvia Keira falando com alguém ao telefone.

“Ei,” ela disse, afastando o cabelo de Pandora. “Você precisa se levantar e se vestir. Sua consulta é em uma hora.”

Pandora assentiu e se sentou lentamente. Seus olhos se voltaram para o relógio e ela viu que já eram quase duas da tarde. “Oh não!” ela murmurou.

“Está tudo bem. Eu liguei para você. Agora se vista.”

Pandora tremia ao pensar que não havia tirado um dia de doença em todos os anos que estava trabalhando. Ela foi para o quarto e pegou algumas roupas largas. Keira a ajudou a entrar no carro e dirigiu devagar até o consultório médico, certificando-se de que ela não se sentisse mal novamente. Pandora estava agradecida por não precisar esperar com outros pacientes e foi levada diretamente ao consultório.

“Verifiquei seus resultados e os testes deram negativos. Você acha que pode estar grávida?” a enfermeira perguntou. “Vi que você não fez o acompanhamento.”

Pandora balançou a cabeça para a enfermeira. “Isso não é possível. Tenho um histórico.”

“Vamos fazer o teste, só para ter certeza.”

“Coisas estranhas já aconteceram,” Keira disse e a enfermeira apenas murmurou.

“Me dê uma amostra de urina e podemos começar a partir daí?” a enfermeira sugeriu.

E Pandora fez exatamente isso. Depois de alguns minutos de espera, Pandora franziu a testa enquanto a enfermeira olhava para o teste de gravidez com um sorriso. “Exatamente como eu pensei. Você está grávida.”

A enfermeira colocou o teste na mesa ao lado dela para que pudesse ver. Os olhos de Pandora caíram sobre o sinal positivo. “Não pode ser,” ela disse, sua voz mal passando de um sussurro. Seus olhos alternavam entre sua amiga e a enfermeira, que ambas pareciam eufóricas.

Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. Lembrou-se de uma história em que uma mulher teve um teste de gravidez falso positivo e acabou tendo câncer.

“Deve ser câncer,” ela soluçou. Ela olhou para a enfermeira que balançava a cabeça.

“Senhora. Não é câncer,” ela respondeu. “As histórias que você ouve online são sobre um homem que teve câncer e fez um teste de gravidez. Não é a mesma coisa.”

“Keira, você sabe que eu não posso ter um bebê. Derrik e eu tentamos por anos!”

“Pandora, apenas faça um ultrassom e você saberá o que está acontecendo, certo?”

“O médico não está aqui hoje, mas eu sou uma técnica licenciada. Posso te inscrever e fazer o ultrassom para você.” Ela fez uma pausa. “Quero que você se acalme para que possamos dar uma olhada e ver o que está acontecendo. Ok?”

Pandora suspirou antes de assentir. Logo, ela estava tirando as calças e sentando na mesa. A enfermeira a preparou e explicou o que esperar. Pandora segurou a cama enquanto o ultrassom prosseguia.

A enfermeira fez alguns sons de aprovação antes de parar de se mover. “Aqui está,” ela murmurou e virou a tela para Pandora ver. “Você vê isso?” ela perguntou apontando para a tela.

“Sim,” Pandora disse, assentindo. Ela franziu a testa enquanto olhava para a massa em forma de feijão. “O que é isso? É o câncer?” ela perguntou.

A enfermeira franziu a testa. “Esse é o seu bebê,” ela corrigiu.

Pandora olhou para ela e depois de volta para a tela, sentindo um soluço sair de sua boca.

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