Capítulo 3: Renee
O céu estava escurecendo quando minha última aula terminou, e eu caminhei até minha moradia no campus no frio. Meus dedos estavam dormentes e formigando, mesmo que nossa casa ficasse a menos de dois quarteirões do maior auditório do campus. Era apenas outono, mas em Denver, o outono era frio. Tipo, congelante.
As luzes da varanda da nossa linda casa no campus com três quartos estavam acesas quando cheguei em casa, e eu sabia que pelo menos uma das minhas colegas de quarto já estava lá. Eu morava com outras duas meninas; minha boa amiga Jami, uma mulher que conheci através de aulas online no ano passado e me tornei amiga imediatamente, e uma segunda mulher, Carly. Carly é nova tanto para Jami quanto para mim, mas ela parecia bem. Um pouco selvagem, talvez, mas bem. Enquanto pendurava minha mochila perto da porta e tirava os sapatos, o delicioso cheiro de sopa caseira vinha da cozinha.
"Espero que tenha guardado um pouco para mim," eu chamei com um sorriso, indo em direção à cozinha.
"Claro, né," Jami disse, empurrando seus óculos de leitura para cima do nariz quando entrei. Ela estava vestida para a escola, com uma camisa branca de botões e jeggings. Seu cabelo castanho estava preso no topo da cabeça de maneira profissional, e o lápis apontado que ela mantinha atrás da orelha estava cuidadosamente guardado. Ela era adorável, minha amiga, uma mulher sábia além de seus anos. Ela era a razão pela qual abandonei a escola online e me mudei para a moradia no campus. "Pode se servir."
"Você é incrível." Peguei um prato no armário, e Jami colocou um pouco de sopa de galinha com macarrão, me entregando com uma fatia de pão caseiro. "Onde você encontra tempo para isso, especialmente hoje?" perguntei, sentando à mesa. "Seu primeiro dia não foi agitado? Como foi sua aula de Política de Bem-Estar Social?"
"Sim, foi tranquilo, mas terminei meu dever de casa cedo," Jami disse dando de ombros. Minha melhor amiga estava se formando em serviço social, uma carreira que certamente a realizaria de todas as maneiras necessárias. Era assim que ela era.
Eu ri, temperando minha sopa. Jami era uma super realizadora. Tudo sempre estava pronto, cedo ou no prazo, e sempre era um trabalho fantástico. Uma aluna de honra, provavelmente a melhor aluna da turma. "Você sempre faz isso."
"Calma lá." Jami se sentou à mesa ao meu lado, alcançando uma garrafa de vinho aberta. Ela se serviu, e depois me serviu. Batemos os copos, e dei um longo gole. "Eu gosto da escola, tá? Fazer lição de casa é, bem, divertido para mim."
"Eu acho que é isso que te faz tão fabulosa." Dei uma garfada na minha sopa, saboreando a mistura perfeitamente temperada. Ela aqueceu minha garganta, depois meu estômago. Fechei os olhos, de repente cansada. Ainda tinha toneladas de lição de casa para fazer, mas nem conseguia pensar muito sobre isso.
"Como foi sua rotação clínica?" Jami perguntou enquanto comíamos. "Você teve algum trauma?"
"Um motorista bêbado atingiu uma mãe e seu filho," eu disse a ela com um suspiro. "Ele matou a filha dela e colocou o menininho na UTI."
"Jesus," Jami disse balançando a cabeça. "Não sei como você consegue fazer isso."
Porque alguém fez por mim, eu queria dizer, mas mordi a língua antes que as palavras escapassem. Como eu disse para a mãe do Daniel... você não podia mudar o passado. Não importava, de verdade.
Enquanto eu alcançava a manteiga para passar no meu pão, a porta da frente se abriu novamente, e alguém riu, entrando cambaleando. Olhei para Jami, que revirou os olhos.
"Carly," dissemos juntas. Nossa terceira colega de quarto, Carly Madison, entrou na cozinha, largando o casaco no chão atrás dela e chutando os sapatos sobre o tapete da sala. Ela estava rindo, bêbada, provavelmente.
"Oooh, comida," Carly gemeu, passando por nós para pegar um prato no armário. Olhei para Jami, cuja expressão estava irritada, mas eu sabia que ela não diria nada. Ela era muito passiva. Uma pessoa muito doce.
"Você teve um bom dia, Carly?" perguntei, observando-a lutar com a faca de pão. Ela se virou para mim, fazendo com que seu cabelo médio cor-de-rosa caísse em seus olhos.
"Sim, foi excelente," ela disse.
"Você já está bêbada?" Jami perguntou, e Carly gemeu.
"Não bêbada o suficiente, na verdade. Só passei para perguntar se vocês duas querem ir ao bar."
"Tão tarde assim?" Jami disse, olhando para o relógio. Eu olhei para o meu. Mal eram oito horas.
"É o primeiro dia do semestre, e todo mundo estará lá," Carly insistiu, apoiando-se no balcão enquanto sorvia sua sopa. "Vamos, meninas, aproveitem um pouco. Além disso," ela piscou para mim. "Você parece que precisa de uma diversão, Renee. Aquela emergência está afetando seu senso de humor."
Olhei para Jami, que franzia os lábios como uma mãe irritada. Enquanto esperava ela responder, me virei para Carly e sorri.
"Estou dentro."
"É disso que estou falando." Carly piscou, então se virou e enxaguou seu prato na pia. Depois se virou para Jami. "O que acha? Quer sair desse casulo maldito?"
"Ah, tudo bem." Jami suspirou pesadamente, parecendo tudo menos satisfeita. "Deixe-me só me trocar."
Terminei minha sopa, animada para sair para uma noite na cidade com minhas novas colegas de quarto. Isso seria divertido, e nada impediria a diversão que eu estava prestes a ter.
Nada mesmo.


























































































