Capítulo 2

O ar frio da sala de aula fez minha pele arrepiar. Entrei, meus olhos varrendo o ambiente, e por um momento, não consegui afastar a sensação de que algo estava errado. Não era apenas o frio, mas uma sensação rastejante, como se olhos invisíveis estivessem sobre mim, observando cada movimento meu. As paredes pareciam se fechar, sombras escuras se estendendo pelo chão, os cantos da sala envoltos em luz fraca. Pisquei, tentando afastar a sensação, convencendo-me de que era apenas nervosismo.

Bryan me cutucou gentilmente. "Você está bem?"

"Sim," sussurrei, forçando um sorriso, embora meu interior estivesse revirado de inquietação. "Só... o ar frio."

Bryan olhou ao redor da sala e deu de ombros. "É, esse lugar tem uma vibe estranha às vezes. Está sempre gelado aqui. Você vai se acostumar." Ele sorriu calorosamente e fez um gesto para que eu o seguisse até um par de cadeiras vazias no fundo.

Sentei na cadeira ao lado dele, colocando minha mochila no chão, ainda hiperconsciente do ambiente. A sala de aula não era particularmente grande—fileiras de mesas e cadeiras de madeira escura dispostas em linhas ordenadas, todas voltadas para um quadro-negro que já viu dias melhores. As janelas eram altas, e o céu cinzento lá fora não oferecia muita luz. As lâmpadas fluorescentes acima piscavam levemente, lançando tudo em um brilho pálido e doentio.

Nossa professora de biologia, Sra. Harper, entrou na sala, e eu tentei me concentrar nela, mas o ar parecia denso de tensão. Ela era uma mulher alta, de pele pálida, cabelo escuro preso firmemente em um coque, e olhos que pareciam perfurar os alunos, escaneando a sala com uma intensidade que me deixava desconfortável.

"Bom dia, turma," ela disse com uma voz que era suave demais para sua aparência severa.

A turma murmurou uma resposta, mas não pude deixar de notar o quão quietos todos estavam. Sem conversas ociosas, sem risadinhas do fundo da sala. Apenas silêncio, como se a sala inteira estivesse prendendo a respiração. Olhei para Bryan, que estava ocupado rabiscando algo em seu caderno. Ele parecia impassível, como se fosse apenas mais um dia comum.

Para mim, estava longe de ser comum.

Enquanto a Sra. Harper começava a dar aula sobre a estrutura das células, tentei prestar atenção, mas minha mente vagava. Algo estava me incomodando no fundo do cérebro. O frio, a escuridão da sala, o jeito estranho como as sombras se moviam quando eu não olhava diretamente para elas. Tudo parecia errado. Estremeci, esfregando os braços enquanto a sensação rastejava sobre mim novamente—a sensação de que eu estava sendo observada.

Olhei ao redor da sala, tentando encontrar a fonte do meu desconforto, mas todos pareciam focados na aula. No entanto, a inquietação não me deixava. Meus dedos se mexiam, e eu batia o pé nervosamente debaixo da mesa.

Então, pelo canto do olho, eu vi.

Uma sombra, mais escura que as outras, se movendo. Lentamente, deliberadamente, como se tivesse uma mente própria. Ela deslizou pelo chão, serpenteando em direção ao canto da sala onde nenhuma luz alcançava. Minha respiração parou, e eu pisquei forte, convencida de que era minha imaginação.

Quando olhei de novo, ela havia sumido.

Balancei a cabeça, tentando controlar minha respiração. Você está só sendo paranoica. É apenas uma sala escura, e você é nova. Tudo parece estranho quando você é nova.

Mas mesmo enquanto tentava me acalmar, a sensação não me deixava.

A aula se arrastava, cada segundo parecendo mais longo que o anterior. Quando o sinal finalmente tocou, quase pulei da cadeira, meu coração batendo forte no peito. Os outros alunos começaram a sair, movendo-se como sombras, quase sem fazer barulho. Enfiei meus livros na mochila rapidamente, ansiosa para escapar da atmosfera sufocante da sala de aula.

"Prisca, você está bem?" A voz de Bryan interrompeu meus pensamentos.

Olhei para ele, sentindo meu rosto corar. "Sim... estou bem. Só... preciso de um pouco de ar."

Ele sorriu com simpatia. "É muita coisa, né? Primeiro dia, escola estranha, tudo parece esquisito. Não se preocupe, vai melhorar. Vamos, vamos sair daqui."

O sinal ecoou pelo corredor enquanto os alunos saíam das salas de aula. Senti a presença reconfortante de Bryan ao meu lado, sua conversa casual proporcionando uma distração bem-vinda da experiência perturbadora na sala de aula. Mas, enquanto nos aproximávamos dos armários, algo chamou minha atenção.

Lá, no final do corredor, estava uma figura que parecia cortar a multidão sem esforço—um cara alto, de cabelo escuro, com um ar de intensidade silenciosa. Seu olhar era firme, sua expressão quase fria, mas havia algo magnético nele que me atraía, fazendo todo o resto desaparecer.

Não conseguia desviar o olhar. Meu coração acelerou à medida que ele se aproximava.

Não entendia por que ou como, mas algo profundo dentro de mim se agitou—uma sensação que parecia tanto estranha quanto estranhamente familiar. Seu olhar piscou na minha direção, e nossos olhos se encontraram. Minha respiração parou. Um sorriso conhecedor curvou seus lábios, e por um momento, parecia que ele estava olhando diretamente através de mim, vendo algo que ninguém mais jamais viu. Abri a boca, provavelmente parecendo uma idiota congelada no lugar.

Então, sem uma palavra, ele se virou e foi embora, sua figura desaparecendo no corredor. O feitiço foi quebrado, mas senti uma pontada de perda, como se algo importante tivesse acabado de escapar do meu alcance.

"Ei, cuidado!" Um estrondo alto me trouxe de volta à realidade. A porta do meu armário chacoalhou quando um grupo de garotas se empurrou contra ela, bloqueando minha visão dele enquanto me lançavam olhares furiosos. Uma delas, uma garota alta com cabelo loiro escuro bagunçado, cruzou os braços e se inclinou perto, seu tom carregado de veneno.

"É melhor você ficar longe do Jake," ela rosnou, seus olhos se estreitando. "Se eu te pegar olhando para ele de novo, você vai se arrepender." Suas amigas assentiram, me avaliando com desdém antes de se afastarem com um riso zombeteiro.

Revirei os olhos, minha irritação mal disfarçando a confusão que girava dentro de mim. Eu nem sabia que o nome do cara era Jake até ela mencionar. E ainda assim, aquele breve momento parecia um fio puxando algo enterrado profundamente dentro de mim, algo que parecia... antigo, quase. Balancei a cabeça, me sentindo ridícula.

Você é só nova, Prisca. Você não conhece ninguém aqui ainda. É só curiosidade ou já estou com uma queda... certo?

Virei-me de volta para os armários, forçando-me a focar no cadeado da combinação. Mas, mesmo enquanto tentava ignorar, não conseguia afastar a sensação de que havia mais naquele momento. Havia algo sobre Jake, algo que fazia meu pulso acelerar e minha mente correr. Parecia que compartilhávamos algum tipo de conexão, embora a lógica me dissesse que isso era impossível. Suspirei, já estava começando a ser a nova esquisita dessa escola.

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