Capítulo 3

Três dias haviam passado tão rapidamente que eu mal podia acreditar. O ensino médio estava se revelando suportável, e morar com Daniel estava lentamente se tornando menos constrangedor. Minha amizade com Bryan também havia se fortalecido, e eu estava grata por isso. Ele era fácil de conversar, e eu encontrava conforto em sua presença. Mas todos na escola já tinham decidido que Bryan era meu namorado. Os boatos não me incomodavam, e Bryan também não parecia se importar. Na verdade, nós ríamos disso.

O clima aqui no Zimbábue geralmente era escaldante, do tipo que fazia minha pele parecer que estava assando sob os raios implacáveis do sol. Dias como hoje, quando o mundo parecia silenciado sob o peso das nuvens, eram uma bênção rara. Decidi ligar para Bryan, afinal, era um bom dia para uma pizza quente e cheia de queijo.

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A pizzaria estava lotada com a multidão habitual do horário de almoço, uma mistura de estudantes e famílias ao redor das mesas com toalhas xadrez vermelhas. Bryan e eu conseguimos uma cabine perto da janela, e eu tentei me concentrar na nossa conversa enquanto ele falava sobre suas coberturas favoritas.

"Abacaxi na pizza é literalmente um crime," eu disse, franzindo o nariz para ele. Bryan riu, balançando a cabeça.

"Você é irremediável," ele provocou, cutucando meu ombro. "Você não viveu até experimentar."

Assim que ele começou a explicar sua "filosofia culinária", avistei Jake, sentado em uma mesa do outro lado do salão com um grupo de amigos. Seu cabelo escuro caía solto sobre a testa, e seus olhos cinza-prateados estavam focados em algo que um de seus amigos dizia. Eles riam, mas Jake parecia apenas levemente divertido, com aquele leve sorriso nos lábios, como se estivesse acostumado a estar meio dentro e meio fora de cada momento. Ele olhou ao redor da sala e, por um segundo, pensei que ele me viu olhando. Rapidamente desviei o olhar para meu refrigerante, fingindo que não estava encarando.

Mas meus olhos voltaram, quase por conta própria. Ele era simplesmente tão... diferente. Havia algo na maneira como ele se movia, como se soubesse exatamente quem era e não se importasse com a opinião de ninguém. A aura de bad boy praticamente irradiava dele, uma atração perigosa que parecia me atrair, mesmo sabendo que era encrenca.

"Prisca?" A voz de Bryan me trouxe de volta ao presente. Ele seguiu meu olhar, arqueando uma sobrancelha de forma conhecedora. "Você, uh... quer ir dizer oi?" ele provocou.

"O quê? Não! Eu só... só estou olhando ao redor," murmurei, sentindo o calor subir pelo meu pescoço.

"Claro," Bryan sorriu. "Só certifique-se de piscar de vez em quando."

Empurrei seu ombro de brincadeira. "Cala a boca. Vou ao banheiro."

Bryan levantou as mãos em rendição fingida, sorrindo. Saí da cabine e me dirigi ao banheiro, lançando um último olhar por cima do ombro. Eu podia sentir o calor subindo em minhas bochechas e sabia que precisava de uma pausa da atração magnética da presença de Jake. Entrei no banheiro e joguei um pouco de água fria no rosto, olhando para mim mesma no espelho.

Controle-se, Prisca, disse a mim mesma firmemente. Apenas deixe-o em paz. Você está agindo como se nunca tivesse visto um garoto antes. Dei leves tapinhas nas bochechas, tentando fazer o rubor ridículo desaparecer. "Bad boys são encrenca," murmurei para meu reflexo, soltando um longo suspiro. "Além disso, ele provavelmente tem um milhão de garotas na fila."

Resolvida a ignorá-lo, me virei para sair, mas ao abrir a porta, me deparei com ninguém menos que o próprio Jake. Ele estava encostado casualmente na parede, com os braços cruzados, um leve sorriso nos lábios. Seus olhos cinza-prateados estavam fixos em mim, sua presença tão próxima que eu podia sentir o leve cheiro de menta em seu hálito.

Eu engasguei, congelando no lugar. Por um segundo, o ar entre nós parecia pesado, denso com algo que eu não conseguia identificar.

Ele levantou uma sobrancelha, seu sorriso se alargando. "Gostou do que viu?"

As palavras me tiraram do meu estupor. Eu limpei a garganta, olhando para ele com raiva. "Por favor. Você que gostaria."

Ele riu, um som baixo e zombeteiro que enviou um estranho arrepio pela minha espinha. "Ah, eu gostaria, é? Então por que continuo te pegando olhando?"

Minhas bochechas queimaram, e eu me mexi desconfortavelmente. "Talvez você esteja imaginando coisas."

"Claro. Ou talvez você só não seja muito boa em esconder," ele retrucou, o sorriso ainda nos lábios. Seu olhar desceu até onde meus punhos estavam cerrados ao meu lado. "Você parece pronta para bater em algo."

"Eu bateria se você se afastasse," eu disse, revirando os olhos. "Você é quem está invadindo meu espaço."

Ele inclinou a cabeça, um brilho de travessura nos olhos. "Seu espaço? Odeio te informar, mas você é quem está na frente do meu banheiro."

Eu levantei uma sobrancelha, minha confiança vacilando. "Pelo que eu saiba, este é o banheiro feminino."

O olhar de Jake subiu para a placa acima da porta, um sorriso diabólico se formando em seu rosto. "Tem certeza disso?" ele disse, a voz carregada de falsa inocência.

Eu segui seu olhar, e meu coração despencou. Bem acima de nós, em letras grandes e negritas, estava a placa: BANHEIRO MASCULINO.

Meu rosto esquentou a uma temperatura recorde. Eu mal conseguia formar palavras enquanto tentava processar a realização, cada grama de compostura que eu estava segurando se dissolvendo em um instante.

"Oh, eu—" eu gaguejei, horrorizada, tentando passar por ele o mais casualmente possível, o que, dadas as circunstâncias, não estava funcionando nada bem. Jake estava sorrindo como um gato de Cheshire, claramente aproveitando cada segundo do meu constrangimento.

Ele deu um passo para trás, permitindo que eu passasse, mas sua voz me parou. "Então... tem certeza de que não é você quem está sendo uma pervertida, rondando o banheiro masculino só para me olhar?"

Eu mal conseguia respirar com a mistura de humilhação e irritação girando dentro de mim. "Nos seus sonhos," eu zombei, forçando uma risada desdenhosa. "Você adoraria isso, não é?"

Ele deu de ombros, parecendo completamente despreocupado. "Não posso te culpar por estar curiosa," ele disse, encostando-se na parede com aquele sorriso insuportável.

Eu lhe dei um olhar fulminante e passei por ele, minhas bochechas ainda ardendo. Enquanto voltava para a mesa, eu podia sentir seu olhar me seguindo, e isso enviou um arrepio indesejado pela minha espinha.

Eu praticamente caí na cabine, tentando me recompor enquanto Bryan me olhava, com as sobrancelhas levantadas. "Você está bem?" ele perguntou, claramente percebendo que algo estava errado.

Eu dei de ombros, esperando parecer mais composta do que me sentia. "Sim. Totalmente bem."

Ele me deu um olhar curioso, mas felizmente, não insistiu. Eu olhei para meu refrigerante, evitando contato visual, sentindo como se tivesse acabado de viver o momento mais constrangedor da minha vida. Eu não podia acreditar que não só tinha olhado para Jake como uma idiota apaixonada, mas que também tinha sido pega vagando fora do banheiro masculino. Meu pulso ainda estava acelerado, e nenhuma quantidade de pizza ou conversa fiada com Bryan parecia ser suficiente para apagar a memória.

No entanto, mesmo com o constrangimento fervendo, havia algo mais—um entusiasmo que eu não conseguia negar. Não era apenas a mortificação de ser chamada atenção; era a maneira como Jake tinha olhado para mim, quão perto ele tinha estado, a sensação intensa que preenchia o espaço entre nós. Tinha sido perturbador e estranhamente emocionante ao mesmo tempo.

"Prisca?"

A voz de Bryan me trouxe de volta ao presente, e eu forcei um sorriso. "Sim?"

"Você tem certeza de que está bem?" ele perguntou, olhando para mim como se estivesse tentando ler minha mente.

Eu assenti, determinada a manter esse desastre particular para mim mesma. "Só... um dia estranho."

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