Capítulo 4

Bryan assentiu. “Ok.”

Quando fui pegar a pizza, uma das garotas do grupo estendeu a mão e segurou a minha. “A lua nova aguarda,” ela disse.

Olhei para ela, confusa. “O que você quer dizer?” perguntei, quase sussurrando. Ela me encarou como se estivesse vendo direto na minha alma.

“A lua nova abrirá seus olhos, a lua nova será sua luz. Confie na nova—” Antes que ela pudesse terminar, um cara loiro segurou a mão dela, e ela saiu do transe em que estava, de repente parecendo apavorada.

“Desculpe por isso,” o cara disse, seus olhos verdes focados na garota. “A Sophie às vezes fica meio estranha e começa a dizer coisas que não fazem sentido.”

Sophie piscou algumas vezes, então forçou um sorriso nervoso. Ela parecia ainda estar com medo de me encarar. “Desculpe, não quis te assustar. Por favor, nos desculpe,” ela disse, agarrando a mão do cara enquanto se afastavam.

Eu apenas assenti, ainda tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Meus pensamentos foram interrompidos pela atendente da pizzaria. “Aqui está seu pedido, senhora.”

Peguei a pizza e voltei para a mesa. Quando cheguei lá, percebi que Bryan estava me observando com uma expressão muito curiosa. Sentei enquanto ele continuava a me encarar. “É falta de educação ficar olhando, sabia?” eu disse, sabendo que ele tinha me visto conversando com a ruiva.

Ele deu de ombros. “Então, sobre o que vocês conversaram? Parece que vocês se conhecem bem,” ele disse, abrindo a caixa de pizza e olhando para o grupo.

Suspirei. “Na verdade, eu não a conheço. Ela só fez a coisa mais estranha, e eu quase surtei.”

Os olhos de Bryan se arregalaram. “Bem, me conta tudo,” ele disse, claramente divertido e um pouco empolgado demais.

Eu expliquei com calma o que Sophie tinha dito e descrevi a expressão que ela tinha no rosto. Terminamos nossa pizza enquanto o grupo já tinha ido embora, mas percebi que Sophie continuava me olhando como se eu tivesse feito algo terrível.

“Putz, eu te disse que aquele pessoal é estranho. Eles têm sérios problemas. Isso é muito bizarro, e ela ainda sabe seu nome!”

Eu ri da resposta de Bryan. “Bryan, acho que aquele cara loiro mentiu. Tem algo acontecendo aqui, e eu vou descobrir o que é.” Eu estava determinada, e Bryan parecia empolgado, o que me fez rir um pouco.

Meu celular vibrou no bolso—era o Daniel. “Ah não, Bryan, estamos atrasados! Eu deveria estar em casa há uma hora.” Atendi a ligação e respirei fundo, sabendo que Daniel devia estar preocupado. “Alô,” eu disse suavemente.

“Onde diabos você está, Prisca? Já passou das sete, pelo amor de Deus!” Ele parecia irritado, mas também aliviado por eu estar bem.

Pelo menos ele não estava furioso. “Desculpe, estamos a caminho, Daniel. Nós só perdemos a noção do tempo, mas não se preocupe, pa—” Meu Deus, quase o chamei de pai!

Houve um silêncio, e eu poderia jurar que ele estava sorrindo. “Tudo bem, só certifique-se de voltar para casa em segurança. Se não, seu amigo Bryan vai se ver comigo.” Então ele desligou. Bryan apenas revirou os olhos como de costume.

......****...

Chegamos em casa dez minutos depois. Daniel estava sentado no sofá, comendo seu jantar. Eu me senti um pouco culpada por ele ter que preparar sua própria refeição. Respirei fundo antes de entrar na sala. “Oi…” eu disse, sentando ao lado dele. Ele me olhou de relance, depois voltou a atenção para a televisão.

Ele estava assistindo Cake Boss. “Boa noite, Prisca. Como foi o seu encontro?” ele disse sarcasticamente.

“Não foi um encontro, e desculpe por ter perdido a noção do tempo.” (Eu, em um encontro com o Bryan? Me poupe.) pensei comigo mesma. Embora, para ser justa, eu consideraria namorar ele se não fosse meu melhor amigo.

Daniel ainda parecia um pouco irritado. “Se você diz. Se estiver com fome, deixei um pouco de jantar no forno.”

Eu me senti culpada, mas já tinha comido uma pizza grande com o Bryan. “Está tudo bem, Daniel. Já comi, mas obrigada. Vou tomar um banho e dormir. Boa noite, estou realmente cansada.” Dei um beijo na bochecha dele e corri para o andar de cima.

Depois do banho, sentei-me perto da janela, admirando a bela noite. Era lua cheia, e o céu claro e azul ajudava a acalmar meus nervos. Antes que eu percebesse, tinha adormecido no sofá perto da janela.

Quando abri os olhos, estava em uma floresta escura. Me perguntei onde a lua cheia tinha ido parar. Olhei ao redor, tentando entender como tinha acabado ali. Daniel surtaria se soubesse que eu estava fora a essa hora. Comecei a andar mais rápido com minha camisola, mas parecia que não estava chegando a lugar nenhum. Eu estava assustada e desorientada, vagando sem rumo na escuridão.

De repente, ouvi uma voz—a mesma voz que ouvi no meu primeiro dia na escola. “Olá! Olá, quem está aí?” chamei, mas a voz não respondeu. Em vez disso, mais vozes se juntaram, cantando, “Prisca, a lua nova revelará a verdade. Abra seu coração, abra sua alma, e o poder dentro de você revelará seu dom. Seu dom protegerá o invisível, o oculto.”

Caí no chão, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu estava apavorada. Fechei os olhos, esperando que tudo desaparecesse, mas as vozes ficaram mais altas, mais intensas, repetindo as mesmas palavras. Quando abri os olhos, a lua cheia apareceu de repente, brilhando intensamente. A luz era tão forte que parecia que eu estava sob um holofote, e comecei a brilhar. Esse sonho parecia muito real—era assustador. Olhei para minhas mãos e pés, brilhando, e senti um calor subir dentro de mim. 'Meu Deus!' pensei, o pânico tomando conta de mim. Isso tinha que ser algum tipo de feitiçaria.

Caí para trás, meu corpo queimando como se estivesse em chamas. “Meu Deus, por favor, alguém me ajude! Daniel!” gritei, mas ninguém veio. Eu me sentia como se estivesse no inferno.

De repente, ouvi a voz de Daniel. “Prisca! Acorde, acorde!”

Abri os olhos, e lá estava ele, limpando minha testa com um pano úmido.

Sentei-me, desorientada. Eu estava de volta ao meu quarto, no sofá perto da janela. “Que diabos? Foi só um sonho,” pensei.

“Você está bem? Você está queimando,” Daniel disse, preocupado.

“Eu não sei... Eu me sinto—” pausei. Ainda me sentia quente, como se meu corpo estivesse em chamas. “Eu me sinto quente,” disse a ele.

Daniel me deu um olhar de compreensão, como se soubesse de algo que não estava pronto para compartilhar. “Você teve um pesadelo, não teve? Sobre o que era?” ele perguntou gentilmente.

“Estou muito cansada, Daniel, e assustada. Parecia tão real…” comecei, mas ele me interrompeu.

“Está tudo bem, querida. Você pode me contar amanhã. Vou ficar ao seu lado até você adormecer, tudo bem?”

Eu me senti aliviada, confortada pela presença dele. Sorri para ele. “Obrigada, pai.” Enquanto ele me cobria com um cobertor, peguei um vislumbre de seu sorriso—um sorriso genuíno, feliz. Eu tinha acabado de chamar Daniel de "pai."

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