Capítulo 5

Acordei na manhã do domingo seguinte me sentindo extremamente doente e superaquecida. Gotas de suor escorriam pela minha testa, e eu me sentia como se estivesse envolta em um cobertor pesado, mesmo não estando coberta por nada. Eu nem queria sair da cama. Lutando para me sentar, olhei para o pequeno relógio na mesa ao lado da minha cama. Droga! Já eram 10:00 da manhã! Por que o Daniel não tinha me acordado como de costume?

A luz do sol filtrava pelas cortinas, lançando padrões de luz no chão, mas até isso parecia ofuscante. Tentei sair da cama, mas assim que fiquei de pé, quase caí. Minhas pernas estavam dormentes, e eu podia sentir o calor subindo dos meus pés, se espalhando por todo o meu corpo em ondas, como fogo serpenteando pelas minhas veias. "Meu Deus," murmurei, sentindo um calor insuportável. Agarrei a mesa para me equilibrar e olhei para a foto da minha mãe, seus olhos parecendo me olhar com preocupação. "Me dê forças," sussurrei, minha voz trêmula. "O que está acontecendo comigo?"

A sensação era muito familiar, espelhando o ardor que eu sentira no meu sonho. Queria gritar, mas minha garganta estava seca, e nenhum som saía. Olhei novamente para a foto da minha mãe, e como se sua imagem tivesse desencadeado algo, memórias dela me dizendo para sair de casa, me abandonando para um homem que eu mal conhecia, voltaram à tona, cada uma mais nítida e dolorosa que a anterior. A raiva cresceu dentro de mim, mais feroz do que eu jamais havia sentido, e as lágrimas começaram a embaçar minha visão. O ar ao meu redor parecia mais denso, mais pesado.

Fechei os olhos e soltei o grito mais alto que consegui, sentindo o calor intenso subir para o meu rosto. Minhas lágrimas queimavam como água fervente enquanto escorriam pelas minhas bochechas, cada gota deixando uma cicatriz invisível. O que estava errado comigo? A realidade bateu como um tapa na cara—eu estava realmente morrendo, e ninguém podia me salvar.

Quando abri os olhos, Daniel estava lá, me sacudindo, sua voz frenética. "Prisca, pare! Por favor, volte a si!" Parei de gritar, mas não conseguia parar de tremer ou chorar. Mesmo com a dor ainda percorrendo meu corpo, consegui olhar para ele. Ele segurava um grande jarro, embora estivesse claro que não havia água nele, apenas ar.

"Priscilla, o que está acontecendo com você? O que diabos você acha que está fazendo?" Seu tom era de pânico, e ele olhava ao redor do quarto como se esperasse que algo terrível acontecesse.

Do que ele estava falando? Ele não podia ver que eu estava em agonia? Lutei para falar, as palavras presas na minha garganta seca, mas eu estava furiosa com ele por sequer fazer tal pergunta. "O que você quer dizer?" Finalmente consegui dizer, minha respiração ofegante. Vi confusão e raiva girando em seus olhos, como uma tempestade prestes a explodir.

"Por que você queimou a foto da sua mãe, Prisca?"

Meus olhos se arregalaram com suas palavras, e eu me virei para onde a foto estava. Tudo o que restava era uma pilha de cinzas, ainda fumegando, com leves fios de fumaça subindo delas. Até a pequena mesa de madeira tinha queimado até virar cinzas, suas bordas chamuscadas de preto. Eu estava sem palavras. Como isso era possível? O quarto cheirava levemente a madeira queimada e algo mais—algo que eu não conseguia identificar, mas que me causava um arrepio na espinha.

"Eu... eu não... eu não fiz isso. Juro que não fiz," gaguejei, mas Daniel simplesmente se levantou, me encarando, seu olhar penetrante. No entanto, tão rápido quanto sua raiva veio, ela se suavizou, e ele se ajoelhou ao lado da minha cama. Seus olhos mudaram de ferozes para gentis, e por um momento, me perguntei se ele estava lutando com emoções que eu não conseguia começar a entender.

"Está tudo bem... Está tudo bem," ele disse, sua voz agora suave, quase terna. "Eu sei que você não está se sentindo bem agora. Por que você não toma um banho frio? Eu vou voltar com algo para baixar sua febre." Ele colocou a palma da mão na minha testa, seu toque mais frio do que eu esperava, verificando minha temperatura. Parecia que eu estava em chamas por dentro. Talvez eu estivesse pegando algo terrível, algo que não tinha nome.

Eu apenas assenti, ainda atordoada. Não conseguia entender por que ele não estava perguntando como eu tinha conseguido queimar a foto sem incendiar o quarto inteiro. Observei-o sair, seus passos desaparecendo enquanto ele fechava a porta atrás de si. Levantei-me novamente, surpresa por realmente conseguir sentir minhas pernas desta vez, embora ainda tremessem.

Olhei ao redor do quarto, procurando por fósforos ou um isqueiro, alguma evidência de que eu mesma tinha feito isso, mas não havia nada. Tudo o que eu lembrava era de olhar para a foto com raiva, e então... nada. Eu precisava falar com alguém que pudesse entender, alguém que não me descartasse. "Bryan!" disse para mim mesma. Ele sempre tinha uma maneira de ouvir, de ver coisas que os outros não viam. Peguei meu telefone e rapidamente mandei uma mensagem para ele vir URGENTE. Minhas mãos tremiam enquanto eu digitava, e eu ainda podia sentir um leve calor irradiando da minha pele.

Daniel

Lá embaixo, peguei meu telefone apressadamente. Precisava ligar para minha mãe, Elizabeth, antes que as coisas saíssem ainda mais do controle. Esforcei-me para ouvir se Prisca realmente tinha ligado o chuveiro. Era um dos meus muitos dons—meu sentido auditivo aguçado. Disquei o número da minha mãe, e como se ela estivesse esperando, ela atendeu instantaneamente.

"Alô, Daniel. Ela já recebeu o presente?"

Como ela sempre sabia? Eu não queria fazer muitas perguntas; agora não era o momento. "Quando você vai enviar o protetor dela, mãe? Prisca precisa do guia dela imediatamente. Ela tem que aprender a controlar o presente antes que seja tarde demais. Você sabe que tudo deve ser revelado em breve, e os Ocultos precisam do protetor o mais rápido possível." Tentei manter a urgência sem deixar minha voz falhar.

Minha mãe suspirou suavemente, e eu quase podia imaginá-la fechando os olhos. "Ele já está aí, Daniel. Não se preocupe. Ela tem toda a ajuda que precisa."

"Quem é, mãe?" perguntei, mais bruscamente do que pretendia. Era típico dela guardar segredos, até mesmo do próprio filho.

"Você descobrirá em breve," ela respondeu, e antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, a linha ficou muda.

Olhei para o telefone, a frustração fervendo. Eu tinha o direito de saber quem deveria proteger minha filha. Quem era a pessoa em quem ela estava confiando uma tarefa tão crucial? "Droga, mãe..." murmurei, sentindo o peso do mundo se acomodar pesadamente sobre meus ombros.

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