Capítulo 6
Bryan chegou na minha casa cerca de uma hora depois que eu o chamei. Expliquei tudo para ele em um fluxo apressado e ofegante de palavras. Ele se sentou na beirada da minha cama, me encarando com uma expressão vazia. Será que ele realmente achava que eu estava louca? "Por favor, Bryan, volta pra Terra! Diz alguma coisa, pelo menos," eu disse, acenando os dedos na frente do rosto dele, esperando tirá-lo daquele transe.
"Eu... eu não sei o que dizer," ele finalmente murmurou, passando a mão pelo cabelo. "Isso tudo parece tão louco e irreal. Você está me dizendo que queimou aquela mesa sem nem tocar nela, sem um fósforo ou um isqueiro?" Ele balançou a cabeça, tentando processar tudo, então se levantou e começou a andar de um lado para o outro no quarto.
"Eu sei que parece loucura, Bryan! Mas você realmente acha que eu queimaria minha própria mesa—e a foto da minha mãe—de propósito? Arriscando incendiar a casa inteira? Vamos lá, eu não sou louca, tá!" respondi, minha voz subindo de frustração enquanto eu lutava para manter minhas emoções sob controle. Exausta, me sentei pesadamente, sentindo o peso dos acontecimentos da manhã me pressionar como uma tonelada de tijolos.
"Tá bom, tá bom, eu sei," ele disse, parando na minha frente e se ajoelhando para ficarmos olho no olho. "Eu te conheço, Prisca. Você não seria burra o suficiente para ter um desejo de morte assim. Mas agora, precisamos descobrir o que diabos está acontecendo com você, e precisamos fazer isso rápido antes que as coisas saiam do controle." O tom dele era sério, e a gravidade da situação se refletia nos seus olhos. Ele se sentou ao meu lado na cama, nossos ombros se tocando, e por um momento, a tensão entre nós diminuiu.
Trocamos um olhar e não pudemos deixar de sorrir, apesar de tudo. Era como se ambos soubéssemos—lá no fundo—que isso era apenas o começo de uma missão, uma jornada que teríamos que enfrentar juntos, não importando o quão absurda ou aterrorizante parecesse. "Você sabe que isso significa que vamos mergulhar em coisas bem estranhas, né?" perguntei, levantando uma sobrancelha.
Bryan riu. "Desde quando não mergulhamos?"
DANIEL
De quem sua mãe estava falando? No mínimo, ela poderia ter dito quem era esse protetor. Daniel olhou para o telefone, revirando os olhos de exasperação. Era bem típico da sua mãe ser tão enigmática—afinal, ela tinha fingido a própria morte e guardado inúmeros segredos ao longo dos anos. Mas isso? Isso parecia demais para lidar sem algum tipo de pista. Agora ele deveria proteger sua filha sem nem saber quem iria ajudá-lo?
Sair de casa foi uma decisão difícil, mas ele confiava em Bryan, o filho do seu melhor amigo. Bryan não fazia ideia do quão extraordinário ele era, ainda não. Seu pai, Michael, tinha sido um lendário caçador de demônios, e eles tinham passado por inúmeras batalhas juntos. Bryan estava destinado a assumir o papel do pai um dia, embora suas tatuagens—os símbolos do seu destino—ainda não tivessem aparecido. Talvez Michael já tivesse ensinado a ele como controlá-las, como mantê-las escondidas até que chegasse a hora certa.
Enquanto Daniel subia os degraus da casa de Michael, respirou fundo, se preparando para o que estava por vir. Bateu firmemente na porta, e em poucos momentos, ela se abriu. Michael estava lá, com uma expressão séria. "Entre, Daniel. Precisamos conversar," ele disse sem rodeios, dando espaço para ele entrar. A urgência na sua voz era inconfundível.
Eles seguiram para a grande sala de reuniões, onde cerca de quinze outras pessoas já estavam reunidas. A maioria eram rostos familiares—velhos amigos e aliados que Daniel não via há anos. Eles acenaram em reconhecimento quando ele entrou, uma mistura de respeito e cautela em seus olhos.
"Então, estamos todos aqui para discutir um assunto muito sério," disse Jena, a líder do Coven Vermelho, levantando-se de seu assento. Sua voz comandava atenção, e a sala ficou em silêncio. Jena tinha longos cabelos dourados que desciam pelas costas como uma cachoeira. Apesar de ter quase cento e trinta e dois anos, ela parecia ter pouco mais de vinte, sua beleza atemporal e etérea. Ela era uma das bruxas mais poderosas vivas e havia sido escolhida pelo Coven Oculto—o coven mais influente existente—para representá-los e liderar o mundo sobrenatural, mantendo o equilíbrio e a harmonia entre seu reino e o humano. Era uma tarefa de imensa importância, pois até o menor desequilíbrio poderia mergulhar ambos os mundos no caos.
"Como eu estava dizendo, meus queridos amigos," Jena continuou, sua voz ecoando pela sala, "há uma situação grave que requer nossa atenção imediata. O Rei Demônio de alguma forma descobriu que o Coven Oculto ainda existe. Isso é extremamente perigoso, e devemos fazer tudo ao nosso alcance para protegê-los." Seus olhos varreram todos, seu olhar intenso e inabalável. "O Rei Demônio não vai parar por nada até caçar cada última bruxa e criatura do sol. Mas, felizmente para nós, também somos criaturas da noite. A Deusa da Lua nos vigia, e ela nos protegerá nesses tempos sombrios."
Daniel sentiu seu sangue gelar ao ouvir a menção do Rei Demônio. Ele sempre soubera que essa ameaça estava à espreita, mas ouvir que agora era uma realidade era aterrorizante. Seu coração começou a bater forte, e seus dedos se fecharam em punhos ao seu lado. "Qual é o nosso próximo passo?" ele perguntou, sua voz firme apesar do tumulto dentro dele.
"Daniel," Jena disse, seu tom suavizando, "você é um híbrido e o líder dos Bruxos Sombrios. É seu dever, junto com Michael, proteger a Princesa do Coven. Ela deve permanecer inconsciente de sua verdadeira identidade até que tenhamos elaborado um plano. Não podemos permitir que ela saiba, ainda não."
Michael colocou uma mão no ombro de Daniel, e por um momento, Daniel sentiu uma sensação de calma tomar conta dele. "Nós a manteremos segura," prometeu Michael. "Faremos o que for necessário."
Daniel assentiu, embora sua mente estivesse cheia de mil perguntas. Ele poderia realmente manter sua filha segura quando ela não tinha ideia do perigo em que estava? "E quanto aos protetores?" ele perguntou, olhando para Jena. "Minha mãe mencionou que eles já estão aqui, mas ela não me disse quem são."
Jena sorriu levemente, um brilho misterioso em seus olhos. "Os protetores se revelarão quando for a hora certa, Daniel. Tenha fé. O universo tem uma maneira de juntar as coisas quando elas são mais necessárias."
Daniel suspirou, sentindo um peso se instalar sobre ele. Isso não era apenas sobre ele ou sua filha; era sobre o destino de seu mundo. Enquanto olhava ao redor da sala, para todos os rostos cheios de determinação e esperança, sentiu uma centelha de resolução acender dentro dele. Eles lutariam, e protegeriam ela—não importava o que fosse necessário.


















































































































































































































































































